Entrevista com Lars von Trier, cineasta.
Nova York - Calmo, sorridente e bem-humorado, o diretor Lars von Trier, de 53 anos, apareceu na tela via satélite para a coletiva de imprensa do filme Anticristo. O evento, do qual participou a Gazeta do Povo, ocorreu no Walter Read Theatre, durante o último Festival de Cinema de Nova York. Leia a seguir os principais trechos da conversa.
De onde veio a ideia e em que contexto o filme foi feito?
Sinceramente não sei dizer de onde veio a idéia. Quando fiz o filme eu estava saindo de uma depressão. Mas agora estou extremamente feliz de estar conversando com vocês em Nova York. Como dizem sobre essa cidade "se você se dá bem nela, se dá bem em qualquer lugar".
Anticristo é um filme de terror?
Meus filmes às vezes despertam paixão e ódio e sei que Anticristo tem cenas intensas e se presta à polarização. De todos os filmes que fiz, talvez seja o que está mais próximo de ser um filme de terror. Ele veio numa fase de minha vida em que estava me sentindo realmente muito mal. E a gente sabe que a inspiração vem de nossas emoções, de nossos receios, é assim que as coisas acontecem.
William Dafoe está muito bem. Foi sua primeira escolha para o papel?
Sim. Eu havia conhecido o Dafoe na França e já gostava muito da forma de ele atuar. Eu o convidei para o papel, felizmente ele aceitou e acho que fez um excelente trabalho.
Por que o sentimento de culpa é só da personagem da Charlotte Gainsbourg e não inclui o marido também?
Não sei bem responder a essa pergunta. Quando escrevi o roteiro, talvez eu estivesse pensando como minha mãe sofreria numa situação dessas: ela era uma militante feminista. Além disso, eu me identifiquei muito com a Charlotte quando estava compondo o personagem. O filme tem muitos elementos da obra de David Lynch. Foi intencional?
Não foi intencional, mas até admito que ele possa ter influenciado em muitas cenas e sequências do filme porque sou um grande fã do Lynch e o admiro há bastante tempo.
Por que o filme é dedicado ao cineasta russo Andrei Tarkovsky?
Porque ele exerceu e exerce muita influência no meu trabalho. Acho que ele é um diretor genial e até reconheço que copio muita coisa dele. O que você pensa hoje do Dogma (movimento criado por Von Trier que pregava a realização de filmes sem artifícios como trilha sonora e edição de som)?Para mim, o dogma faz parte do passado. Já fiz o que desejava fazer com ele câmera fixa, ausência de trilha sonora e tudo o mais que fez parte daquele movimento mas agora estou em outra fase.
Você se coloca no lugar da audiência quando escreve seus filmes?
Não, eu não trabalho dessa forma. Quando realizo o filme estou fazendo a minha parte. Depois, o filme é da crítica e dos espectadores.
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