Na estratosfera
Veja a lista dos filmes brasileiros mais caros ainda em produção:
R$ 26.440.767,03: Amazônia Planeta Verde
R$ 19.429.497,27: Vermelho Brasil
R$ 16.008.817,84: Circo Místico
R$ 14.277.049,01: Cidade Maravilhosa
R$ 13.998.533,39: O Tempo e o Vento
R$ 13.060.561,32: Nó na Garganta
R$ 12.500.000,00: O Peregrino A Melhor História de Paulo Coelho
R$ 12.348.483,80: Malês
R$ 12.043.289,80: Sequestrados
Fonte: Agência Estado
Interatividade
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A carestia chegou ao cinema brasileiro. Nunca antes na história desse país foi tão caro fazer um filme. Ficou nostálgico aquele período da retomada em que se faziam filmes com o chamado BO (Baixo Orçamento, quantias até R$ 1 milhão). Filmes médios nacionais têm hoje um custo de produção em torno de R$ 5 milhões.
E a aceleração de preços é evidente e assombrosa. O longa-metragem de direção coletiva Rio, Eu Te Amo, da Conspiração Filmes, custaria R$ 10 milhões em 2011, segundo informação na época do então presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão. Mas chega a 2013 estimando custar quase o dobro: R$ 19 milhões. É uma produção ambiciosa, 10 histórias filmadas por diretores distintos, nos moldes da franquia iniciada com Paris, Te Amo, seguida por Nova York, Eu Te amo.
Música
Já Flores Raras, de Bruno Barreto, custou R$ 13 milhões. Tem atrizes estrangeiras no elenco (a australiana Miranda Otto e a norte-americana Tracy Middendorf, além da brasileira Glória Pires). Segundo a produtora do filme, Lucy Barreto, que acalenta o projeto desde os anos 1990, as despesas de produção subiram "absurdamente", e há diversas explicações. Uma delas seria a incompreensão em relação ao papel do cinema como disseminador de cultura.
"Eu quero colocar música no filme, mas você não tem ideia dos preços. Querem fortunas para ceder uma música, e ainda apresentam os preços em dólar. Poderiam facilitar essas cessões, porque é assim no mundo todo. Os norte-americanos, por exemplo, sabem que o cinema vende o país deles pelo mundo, e toda a cultura deles, por extensão. Os nossos orçamentos estão quase o dobro dos (filmes) argentinos e dos chilenos e mais caros do que os dos espanhóis. Daqui a pouco vai ficar mais barato pegar a equipe em Buenos Aires do que aqui. Fica quase impossível", lamenta Lucy.
Realidade
Segundo Manoel Rangel, presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), a elevação de custos está em consonância com a realidade geral do país, na qual os salários cresceram e há uma escassez de mão de obra especializada. Também há projetos mais sofisticados que entraram em produção no Brasil recentemente.
"Mas o orçamento médio ainda gira em torno de R$ 4 milhões, R$ 5 milhões", analisa Manoel Rangel. "Não diria que há uma tendência, mas é fato que os orçamentos estão mais caros", diz o dirigente, explicando que o Estado brasileiro nunca põe mais de R$ 7 milhões num filme é o teto estabelecido pela lei. Ainda assim, é possível que o filme consiga mais recursos públicos, em editais. Há também mais coproduções internacionais.
Recordista
O mais caro dos filmes em produção, Amazônia Planeta Verde, chegou ao histórico patamar de R$ 26 milhões (mas, desse total, R$ 22 milhões são de outras fontes que não o Estado brasileiro). Trata-se de uma coprodução em 3D, filmada na Amazônia, em parceria com a França, capitaneada por Fabiano Gullane, da Gullane Filmes, e por Stéphane Millière, da produtora francesa Gédéon. Terá apenas personagens animais e o protagonista será um macaco-prego, único sobrevivente de um acidente aéreo na Amazônia.
Outra coprodução milionária com a França é Vermelho Brasil (Rouge Brésil), segundo da lista dos mais caros a caminho, com R$ 19 milhões. Trata-se de um longa que também será minissérie de cinco capítulos para ser exibida na Rede Globo e numa emissora francesa. O projeto envolve a Conspiração Filmes, Globo Filmes e Riofilme, além da produtora francesa Pampa Films. Inspira-se no romance homônimo e trata da incursão do francês Villegaignon pelo Brasil.
Primeiro sucesso
Produções que tiveram grandes bilheterias estão querendo surfar na onda do primeiro sucesso, como é o caso do filme espírita Nosso Lar 2, cuja produção, da Cinética Filmes e Produções, está estimada em quase R$ 17 milhões. Mas também há produções de resultados modestos que procuram financiamento para uma sequência, como é o caso de Onde Está a Felicidade 2, da produtora Coração da Selva, que busca financiamento de cerca de R$ 10 milhões.
"De modo geral, filmes custam caro e mobilizam muitos recursos. É muito importante para a cinematografia de um país ter filmes de alta relevância cultural e invenção estética e filmes de alta comunicação com o público. Os filmes de invenção estética muitas vezes têm um alto valor de produção", explica Manoel Rangel. "É preciso equilíbrio nas perspectivas orçamentárias, mas também é necessária a compreensão de que uma cinematografia não é feita só com um tipo de filme."
Rangel concorda que há muitos filmes de custo elevado que não são uma coisa nem outra não têm grande apelo de massa nem são produtos de artesanato artístico. "A política pública não aposta nesses filmes, mas também não age com predeterminação. A indústria do audiovisual tem mesmo esse grau de incerteza."
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