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Festival Internacional de Londrina (Filo). Vários espaços. Até sábado. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Veja a programação em www.gazetadopovo.com.br/guia.
Se você ainda acha que nada funciona no Brasil, preste atenção nessa parceria que deu certo. Inscrito há cerca de dez anos no conjunto de oito eventos nacionais que compõem o Núcleo de Festivais Internacionais do país, o Festival Internacional de Londrina (Filo) traz nesta noite o grupo espanhol Tristura.
Seu espetáculo, "Materia Prima", foi saudado em Brasília no Festival Cena Contemporânea como um sopro de novidade de dramaturgia e encenação.
Os custos da vinda do grupo foram pagos em conjunto pelos dois eventos uma mostra singela de logística que possibilita ao público brasileiro conhecer um pouco da vanguarda europeia e compensar os cortes orçamentários enfrentados pelos festivais neste ano.
O crítico Valmir Santos, que acompanhou o festival de Brasília, escreveu em seu site (teatrojornal.com.br) que esta é a primeira vez em que o Brasil vê crianças em cena sozinhas e tão à vontade, com "extraordinárias intencionalidades gestual e vocal".
No palco, quatro pré-adolescentes de 12 anos (eles tinham 9 quando a peça estreou) vivem alteregos dos cocriadores da peça, que não entram em cena. Sua dramaturgia, que mescla biografia e investigação sobre o futuro, tem a dramaticidade ampliada por ganhar porta-vozes tão novos, que normalmente estariam em peças infantilizadas."A peça foi bem recebida em Brasília e hoje temos muita expectativa de que cause um impacto forte no público de Londrina", contou à Gazeta do Povo o coordenador do Filo, Paulo Braz.
Na reta final do evento, que termina neste sábado com apresentações esperadas do francês François Kahn ("Viagem a Izu") e do londrinense Mário Bortolotto ("Mulheres"), a equipe já exausta da produção comemora salas lotadas. Momentos tocantes incluíram apresentações em shoppings (símbolo maior de que a arte arranca seu espaço numa sociedade materialista) e espetáculos delicados como "São Manuel Bueno, Mártir", de São Paulo, que usa pequenos bonecos de madeira como personagens.
De Curitiba, participaram os grupos CiaSenhas, com "Circo Negro", e Figurino e Cena, com "De Volta ao Começo".Bolívia aqui
Na noite de terça-feira, quando a Gazeta do Povo chegou ao festival, o público foi caloroso com os atores bolivianos do grupo Altoteatro, que trouxe "Solo con Esto". No início, a expectativa fez todos prenderem a respiração enquanto os cinco atores teciam suas esquetes críticas da política e culturas de seu país com atuação exagerada. Aos poucos, percebeu-se ser esse estilo um grande trunfo nas mãos de bons profissionais. As gargalhadas surgiram e, ao final, o grupo foi aplaudido de pé e o diretor Freddy Chipana discursou. "Nós na Bolívia não fazemos teatro para sermos artistas, e sim para sermos pessoas melhores.""Gostei. Fui professora de espanhol e procuro praticar a língua", contou a aposentada Benedita Araújo. "Frequento sempre o Filo. É um passo cultural para Londrina, que tem tão pouca coisa."Também com casa lotada, o barracão da Casa de Cultura recebeu a dança-teatro carioca "Capivara na Luz Trava". A linguagem difícil, que mistura movimentos simbólicos à atuação sem palavras, enquanto 70 melões são lançados e destroçados ao redor do palco de folhas secas, não impediu o público de aplaudir em pé.GrafitagemNesta quarta (04), às 15 horas, o festival investe numa ação urbana de conscientização pela arte: painéis de madeira leve serão instalados diante do que restou do Teatro Ouro Verde, destruído num incêndio no ano passado e com previsão de reconstrução para entrega em 2015. Ali, grafiteiros pintarão imagens de cartazes e fotos de edições passadas do evento, e o resultado poderá ser exposto depois em local a definir.
Nesta quinta-feira, o alvo da arte urbana, que também procura mostrar seu valor em detrimento do vandalismo da pichação, será o prédio abandonado da Secretaria Municipal de Cultural assim como o Ouro Verde, a edificação é obra do arquiteto curitibano modernista João Batista Vilanova Artigas.
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