
O último concerto da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), realizado no Guairão, no domingo passado, encerrou a temporada 2013 e também um capítulo na história de 28 anos do grupo.
Após três anos à frente da orquestra, o maestro Osvaldo Ferreira comunicou publicamente sua saída dos cargos de regente titular e diretor artístico.
O regente português não teve seu contrato renovado pelo Teatro Guaíra. "A troca de maestros é uma coisa normal", explica a diretora-presidente, Monica Rischbieter. "Ele fez um trabalho muito bom, mas a orquestra tem uma outra proposta para o ano que vem, e houve discordâncias quanto aos caminhos artísticos", explica. Procurado pela reportagem, Ferreira não quis comentar o assunto. A direção artística da orquestra será feita por uma comissão em 2014.
Programação
A temporada 2013 foi orientada pelos "pilares" que marcaram a direção artística de Ferreira à frente do grupo o convite a solistas e regentes de outras orquestras, como o maestro alemão Michael Zilm (em junho) e o violinista ucraniano-israelense Vadim Gluzman (no início de dezembro), e a execução de obras de compositores brasileiros contemporâneos, como Marlos Nobre (abril) e os participantes do concurso de composição da Bienal Música Hoje (agosto), em equilíbrio com obras do repertório mais tradicional, como Verdi e Wagner (cujos bicentenários foram lembrados no concerto de abertura da temporada). A série de concertos para crianças foi mantida, mas não repetiu o sucesso de 2012.
Problemas
Embora tenha trabalhado com um cronograma definido já no início do ano planejamento apontado como um dos principais êxitos da direção de Osvaldo Ferreira , a orquestra chegou a cancelar concertos devido a cortes no já baixo orçamento. Com cerca de R$ 1 milhão para a programação artística, incluindo gastos com contratações de instrumentistas que faltam no atual quadro de músicos, houve poucas viagens ao interior e a montagem de óperas, por exemplo, foi impossibilitada. A escassez de recursos foi novamente a principal limitação em 2013, e está no centro do quadro que levou à saída do regente titular.
"Ele entrou com projeto de mudança, de reestruturação da OSP para ser orquestra de ponta, e teve um grande empenho pessoal nessa direção. Mas, de alguma forma, não teve interesse das instâncias maiores do governo", opina o regente assistente da OSP, Márcio Steuernagel.
"Vejo que o episódio como uma crise, no sentido de que não foi uma transição planejada. Entendendo a crise como oportunidade, este é o momento para Curitiba e o Paraná se perguntarem o quão relevante é um projeto artístico consistente para a sua orquestra", defende.




