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A Copa do Mundo e o domingo do Dia dos Pais seriam os fatores que determinaram a queda de público na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). A oitava edição do evento, encerrado ontem, atraiu cerca de 15 mil pessoas à cidade histórica fluminense. Em 2009, foram 20 mil pessoas.

O número menor não preocupa os organizadores. Na verdade, eles até alegam gostar porque, quanto maior o público, mais complicado é atendê-lo. "Talvez mudemos a Flip para o fim de junho, se tiver muita gente em julho", disse ontem Mauro Munhoz, diretor-geral da Casa Azul, associação que promove a Flip como parte de um projeto – com o governo federal –, que quer fazer de Paraty uma referência em turismo cultural.

A Casa Azul trabalha neste ano com um orçamento de R$ 6,3 milhões em 143 ações ligadas à Pa­­raty, dos quais R$ 5,1 milhões fo­­ram gastos com a 8.ª Flip. O balanço feito pelo diretor de programação Flávio Moura foi positivo. No início, havia o temor de que as mesas relacionadas ao homenageado do ano, o sociólogo Gilberto Freyre, fossem e difíceis para o público. "Superou todas as expectativas porque a densidade das discussões foi elevada e a resposta do público foi boa", disse.

Pela dificuldade de abordar a obra de Freyre, a Flip procurou criar contrapontos e construir um roteiro bastante variado. Assim trouxe a escritora chilena Isabel Allende e o cartunista americano Robert Crumb.

Sem o músico Lou Reed, que cancelou sua participação, Crumb foi a estrela da festa. O cartunista Gilbert Shelton, camarada de Crumb, fez parte da mesma mesa, mediada pelo jornalista Sérgio Dávila. "Eu não sei porque insistiram tanto para me trazer aqui. Mas eu sou chato e não tenho nada para dizer", tascou Crumb.

No fim, a discussão foi uma conversa de camaradas. Crumb e Shelton lembraram episódios dos mais de 40 anos de amizade. Crumb aproveitou para fazer críticas violentas aos Estados Unidos e depois pediu que ninguém as publicasse no jornal porque ele não quer ver a CIA (a inteligência americana) no seu pé.

Ontem, as mesas trataram de Freyre, diários e da percepção da literatura brasileira no exterior. Como de costume, a Flip terminou com os livros de cabeceira, reunião em que vários leem e comentam trechos de obras que consideram importantes.

Leia mais sobre a 8ª Flip no Caderno G.

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