Rio de Janeiro (RJ) Os filmes mais aguardados do Festival do Rio 2007, de diretores cultuados ou premiados nos principais festivais internacionais deste ano, estão programados para estrear apenas neste fim de semana. Alguns deles já estão com ingressos esgotados, como Império dos Sonhos, novo e intricado quebra-cabeças de David Lynch, e Im Not There, de Todd Haynes (Longe do Paraíso), uma biografia original e inusitada de Bob Dylan, cantor interpretado por seis atores diferentes, incluindo Cate Blanchett, Heath Ledger e Richard Gere. Outros, como Lust, Caution, de Ang Lee (filme vencedor do Festival de Veneza), e Paranoid Park, mais recente experimentação de Gus Van Sant, ainda nem tiveram ingressos postos à venda.
Com poucos filmes estrangeiros atrativos e sem grandes estrelas como convidados, o foco do evento carioca em sua primeira semana tem sido a Première Brasil, que em 2007 bateu recorde de participantes com 60 filmes de longa e curta-metragem, divididos em diversas mostras. A mais importante é a competição de longas, que nas duas edições anteriores do festival lançou trabalhos que foram sucesso de público e crítica, como Cinema, Aspirinas e Urubus, Cidade Baixa, O Céu de Suely, O Cheiro do Ralo e O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias.
Dos nove selecionados na categoria, as grandes apostas no início do festival recaíram sobre duas produções comandadas por diretoras, ambas selecionadas para o Festival de Cannes. Mutum, primeiro longa de ficção de Sandra Kogut (do bom documentário Um Passaporte Húngaro), confirmou as expectativas com uma calorosa recepção na sessão para convidados na terça-feira, no Cine Palácio. Baseado no livro Campo Geral, de Guimarães Rosa, mais especificamente na história do personagem Miguilim, o ótimo filme apresenta a tocante trajetória do menino Thiago, que vive numa fazenda do interior mineiro e tem uma conturbada relação com o violento pai (vivido por João Miguel).
A fita tem pontos de convergência com Cinema, Aspirinas e Urubus e O Céu de Suely em seu formato, investindo nos silêncios e nos sentimentos que ficam nas entrelinhas do que está sendo dito no texto da trama. Em outro incrível trabalho de ator não-profissional no cinema brasileiro, o destaque de Mutum é o jovem Thiago da Silva Mariz, que interpreta o protagonista, uma criança que sequer tinha entrado em uma sala cinema até ver a produção ser apresentada no festival.
Também muito aguardado, A Via Láctea, de Lina Chamie (Tônica Dominante), tem sessão especial hoje à noite. A diretora paulista fala da angústia e da solidão de se viver em uma grande metrópole por meio de textos poéticos e filosóficos. O irregular trabalho (que tem como co-roteirista o paranaense Aleksei Abib) apresenta uma trilha sonora por vezes irritante, com sinfonias tocadas em altos tons. A trama destaca um casal de personagens (interpretados por Marco Ricca e Alice Braga) que passa um dia inteiro tentando se encontrar em meio ao caos da vida na capital paulista.
A primeira surpresa da Première Brasil foi o paulista A Casa de Alice, longa de estréia de Chico Teixeira, muito bem recebido na sessão para convidados realizada no sábado. O filme mostra a degradação de uma família paulista capitaneada pela manicure Alice (Carla Ribas). Com ela, vivem o marido (relapso taxista que tem várias amantes), os três jovens filhos homens (um deles é michê, outro ladrão), além da mãe (vivida pela veterana Berta Zemel), que acompanha de perto todos os pecados dos moradores da casa. A produção tem um texto marcante, seco e direto, utilizando-se de pouca de trilha incidental, e contando com belas atuações de Carla e Berta.
Um filme que passou a ser badalado poucos dias antes de sua estréia foi Estômago, do curitibano Marcos Jorge, que teria sessão para convidados ontem à noite, após o fechamento desta edição. A boa produção paranaense fala de um cozinheiro nordestino que tenta ganhar a vida em Curitiba, mas acaba sendo preso. O roteiro é dividido em duas trama paralelas, que acontecem no presente e no passado recente do protagonista, defendido por João Miguel. A fita tem um ritmo um pouco lento em seu início, mas vai crescendo aos poucos, baseando-se em atuações muito inspiradas de Miguel e Babu Santana (que vive o preso Bujiú), além de um final surpreendente.
Outro filme bem comentado é Maré, Nossa História de Amor, novo filme de Lúcia Murat (Quase Dois Irmãos), que estréia amanhã no festival. A respeitada diretora traz para os morros cariocas a tradicional história de Romeu e Julieta, de Shakespeare os jovens amantes são de famílias inimigas do tráfico de drogas.
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