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Figura facilmente identificada pelo público da telinha e do teatro, o curitibano Ary Fontoura teve poucas experiências até hoje no cinema nacional. "Culpa" da tevê (principalmente da Globo) que, segundo ele, o requisitou sem parar nos últimos 41 anos para viver personagens inesquecíveis como Arturo da Tapitanga da novela Tieta ou Florindo Abelha de Roque Santeiro.

O consagrado ator (55 anos de carreira) chega hoje a Curitiba para o lançamento do curta-metragem Terra Incógnita, de Gil Baroni e Beto Carminatti, uma de suas raras experiências na tela grande – ele também está em cartaz nos cinemas na comédia de sucesso Se Eu Fosse Você (3 milhões de espectadores), de Daniel Filho, em que faz uma participação especial.

O filme dos diretores paranaenses rendeu a Fontoura o prêmio de melhor ator no 12.º Vitória Cine Vídeo, realizado no final do ano passado. Ele vive o protagonista da história, um homem de idade que tem sua vida transformada depois da morte da mulher. A produção foi inteiramente rodada na cidade de Guarapuava. "O convite para fazer um filme no Paraná foi muito gratificante. Resolvi colaborar e quando cheguei fiquei surpreso pela organização da produção, pelo profissionalismo de todos, coisas que estou acostumado na minha carreira de anos de trabalho na Globo. É uma das melhores coisas que já fiz em termos de cinema", lembra o ator, que também destaca a participação do povo da cidade da região Centro-Sul do estado, para quem o curta será apresentado amanhã, às 18 horas, no Cine XV.

Ary conta que até teve oportunidade de participar de vários filmes, mas que recusou várias propostas por estar envolvido com a realização de diversas novelas. "O meu comprometimento com a televisão poderia ter acontecido em espaços menores. Mas o cinema no Brasil foi retomado nos últimos anos e quem sabe, daqui para frente, surjam novas oportunidades", deseja ele, que este ano deve participar menos da televisão e se dedicar mais a outras áreas. "Isso vai ser extremamente importante para eu poder fazer uma nova incursão no teatro, abrindo também a possibilidade de aceitar algum projeto em cinema que me venha a ser oferecido", continua. No teatro, o plano é montar um espetáculo diferente de tudo que já fez nos palcos. "Uma coisa nova, multimídia. Vamos ver o que acontece, o entusiasmo é muito grande".

Ainda em relação à tevê, o ator diz que hoje se está muito distante da época das grandes novelas, dos quais foi sempre participante, como nos folhetins de Dias Gomes. "Com o tempo, os textos foram se deteriorando por causa de uma coisa chamada ibope. Hoje em dia, é muito mais importante ultrapassar a concorrência do que fazer uma obra que seja de mérito", avalia. Ele vê apenas como exceção as minisséries, que são realizadas com mais cuidado e tempo de produção. "É por aí que eu gostaria de ir. Vamos ver se no futuro pinta algo para mim na área", conclui.

Serviço: Lançamento do curta-metragem Terra Incógnita, de Gil Baroni e Beto Carminatti. Cine Novo Batel (Shopping Novo Batel – R. Cel. Dulcídio, 517), (41) 3222-4484. Hoje às 20 horas. Entrada franca.

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