| Foto: Divulgação

Em 2001, ele era somente o ex-baterista do Nirvana. Onze anos depois, consagrado, ele era Dave Grohl, o líder de uma das maiores bandas de rock do mundo, atrás talvez de U2 e Rolling Stones quando o assunto é a lotação de arenas. A partir desta quarta-feira, 21, o Foo Fighters começa a colocar à prova a popularidade da banda em território nacional por meio da primeira turnê solo do grupo, com quatro apresentações, diferentemente das vezes anteriores, quando a banda tocou nos festivais Rock in Rio e Lollapalooza. Tudo terá início em Porto Alegre, no estacionamento da FIERGS, a partir das 21h15. Na sequência, o grupo passa por São Paulo (na sexta, 23, no Estádio do Morumbi), Rio de Janeiro (no domingo, 25, no Maracanã) - com transmissão ao vivo do canal Multishow - e Belo Horizonte (na quarta-feira, 28, na Esplanada do Mineirão).Dave Grohl e companhia terão a chance de experimentar o novíssimo disco deles, Sonic Highways, lançado em novembro de 2014 e não tão bem-recebido quanto o trabalho anterior, Wasting Light, vencedor de quatro gramofones do Grammy. Mesmo com 190 mil cópias vendidas na primeira semana, somente nos Estados Unidos, o álbum parece perder em quantidade de hits radiofônicos e de canções mais pesadas que o antecessor.

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A quantidade de discos vendidos logo na semana de lançamento pode ser explicada pelo intenso trabalho de divulgação feito pela banda, que contou com uma residência musical no The Late Show, talk show de David Letterman, assim como com o documentário exibido pela HBO e dirigido por Grohl, no qual todo o processo de gravação do disco foi registrado diante das câmeras. As 190 mil cópias, principalmente, devem-se a outro motivo muito mais simples: estamos falando do Foo Fighters e de Dave Grohl, oras.

Não existe, atualmente, figura mais sorridente no rock and roll. O antigo baterista do Nirvana conseguiu, inclusive, deixar a alcunha de ser antigo companheiro de Kurt Cobain para se transformar em uma marca própria, com tino incomparável para criar músicas poderosíssimas em arenas. É quase como um porta-bandeira da música com guitarra entre tanta obviedade pop atual.

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Grohl é, acima de tudo, um perfeccionista e um apaixonado pelo que faz. Talvez essa seja a razão por trás desse turbilhão que se forma em tudo o que ele faz, seja em um projeto musical, como o supergrupo Them Crooked Vultures, montado ao lado de Josh Homme (Queens of the Stone Age) e John Paul Jones (Led Zeppelin), como em empreitadas diferentes como a de diretor, com documentário Sound City (2013) e a mais recente série de TV, Sonic Highways, no Brasil exibida pelo canal Bis.

A série e o disco homônimo caminham juntos e mostram a necessidade de novidade por parte de Grohl. No final de 2012, depois da passagem pelo Brasil, ele anunciou que o Foo Fighters ficaria em estado de inanição por um período de tempo indefinido. Não era o fim da banda, mas, sim, o início do projeto de passar por oito cidades dos Estados Unidos, conhecidas por gêneros específicos de música, promover estudos de caso sobre as particularidade de cada uma delas e gravar uma canção composta e criada ali, em um período de uma semana, como uma esponja absorvendo a musicalidade que pairava em cada ambiente.

Com Sonic Highways, Grohl, Pat Smear (guitarra), Chris Shiflett (guitarra), Nate Mendel (baixo) e Taylor Hawkins (bateria) visitaram Austin, Chicago, Joshua Tree, Nashville, Nova Orleans, Nova York, Seattle e Washington, D.C. De lá vieram algumas das faixas que deverão ser ouvidas na turnê pelo País, como Something From Nothing, Congregation e Outside, executadas no Estádio Ciudad de La Plata, na Argentina, na última segunda-feira.

A apresentação, a última antes da turnê brasileira, durou três horas e mostrou um pouco do que os fãs poderão esperar por aqui, como a presença dos hits indispensáveis - caso de The Pretender, My Hero, Monkey Wrench, Times Like These, All My Life, Best of You e Everlong - e de alguns covers que mais parecem estar ali para a diversão pessoal de Grohl e da banda do que de qualquer outra pessoa na plateia, caso de Under the Pressure (Queen e David Bowie), e Detroit Rock City (Kiss).

Bem-sucedido em tudo o que faz, Grohl transforma a ideia de se gravar uma música com Paul McCartney como algo possível (basta ouvir Cut Me Some Slack). No palco, a presença dele é marcante por si só. Showman como poucos, ele sabe mimar o público extremamente bem. Sempre com um sorriso enorme nos lábios. Mas, convenhamos, quem não estaria?

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