Ver uma partida de futebol de costas para o campo não é algo comum. Ignorar o que acontece dentro das quatro linhas e saber o placar do jogo pela reação e expressão das torcidas, tampouco. Mas foi essa a experiência que sete fotógrafos tiveram pelos estádios do Brasil ao tomar como referência para seus cliques o torcedor e suas emoções, e não o jogo em si. O resultado está em Torcedor (7 Letras), livro que traz 135 fotos em preto-e-branco, acompanhadas de textos de Luis Fernando Verissimo e Carola Saavedra.
"Tivemos oportunidade de conhecer um outro lado dos estádios porque você trabalha com a emoção o tempo inteiro e sente a força do coletivo", disse a fotógrafa Mirian Fichtner, que percorreu estádios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro por oito meses, com o foco sempre no torcedor. "Não acompanhamos o jogador que se destacava na partida, por exemplo, mas sim o sentimento de quem está ganhando ou perdendo, que é muito visível", disse a gaúcha, que carrega a máquina a tiracolo a 22 anos. Foram fotografados cerca de 30 torcedores por jogo. Todos genuínos. "Não queríamos o torcedor profissional. Dentro de campo existem vários tipos de torcida e queríamos aquele exemplar anônimo, que não faz parte de uma massa", explicou.
Ao lado das fotos, textos de Luis Fernando Verissimo amante declarado do futebol e de Carola Saavedra, pouco íntima do jogo, mas que, como Mirian, utilizou de sensibilidade para comunicar o que acontecia dentro de campo e, principalmente, fora dele. "Nunca trabalhei com futebol especificamente. Meu trabalho em fotografia é completamente diferente e isso foi muito interessante também", comentou Mirian, que clicou aproximadamente três mil vezes.
Ver o futebol pelos olhos dos torcedores foi o maior desafio para Alaor Filho, Egberto Nogueira, Evandro Teixeira, Kitty Paranaguá, Rogério Reis e Walter Firmo, companheiros de Mirian na empreitada que buscou traçar o comportamento do torcedor de futebol em diferentes partes do Brasil. "Vimos o jogo pelos olhos de quem o vivia. Eu sabia quando saia gol, porque isso estava refletido na cara deles", disse a gaúcha.
Além de presenciar gols e sustos por meio de olhos alheios, Mirian viu de perto também o ocorrido do dia 24 de fevereiro deste ano. No estádio Heriberto Hülse, em Criciúma, o time local venceu por um a zero o Avaí pelo campeonato catarinense. Nesse jogo, um torcedor do Criciúma teve a mão decepada por uma bomba caseira.
O livro Torcedor traz o torcedor individual, apaixonado e emocional, ao contrário da massa não identificada que lota os maiores estádios do país. Em Curitiba, um exemplo concreto do trabalho pode ser visto na foto ao lado, feita por Rogério Reis, na Arena da Baixada.
Serviço
Torcedor. Editora 7Letras, 204 páginas, R$ 70.
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