O espetáculo "Formas Breves" tem sessão neste domingo (21) no Teatro Positivo| Foto: Divulgação/Página 1
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A montagem Formas Breves (confira o serviço) foi recebida com constrangimento pelo pouco público presente no Teatro Positivo, na noite de sábado (20). O auditório de 2400 lugares estava "vazio" - preenchido por cerca de um quinto de pessoas. Além disso, o frio desnecessário proporcionado pelo ar condicionado contribuiu com o resultado final da peça.

Formas Breves desagradou ao sugerir que morrer fosse melhor que viver na cena de um paciente no hospital. Nu, um ator aparecia com diversas cordas pelo corpo como se estivesse entubado. Ao mesmo tempo, palavras projetadas em um telão explicavam a situação vivida pelo personagem: ele ficaria em uma cama de hospital com 10 pessoas mexendo em seu corpo, com tubos pela garganta provocando ânsia de vômito e outro nas partes íntimas, que faria com que sua urina saísse em uma cor hemorrágica. "Você sobreviveu. Agradeça seu Deus", mostrava a projeção. A reação foi imediata: "Ai, credo. Que horror", disse uma senhora sentada ao meu lado que num ímpeto deixou o teatro.

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Em outra cena, um ator lia uma carta que relatava um caso de amor enquanto uma atriz de calcinha e sutiã o observava no canto do palco. Nas falas: frases explícitas de atos sexuais que eu prefiro não reproduzir aqui...

Não deu outra: mais pessoas saindo do teatro. Tinha quem permanecia sentado, mas bocejos e ensaios de uma soneca. Dava para ver a cabeça inclinada para um dos ombros e o corpo escorregando na cadeira estofada.

Eu estava atento. Tentei assimilar toda a aquela informação de forma positiva – eu juro. Foi quando me perguntei: Não seria melhor morrer a viver para ver algumas coisas que acontecem nos palcos da vida?

O que eu posso afirmar é que um teatro do porte do Positivo tenha sido uma escolha equivocada para receber "Formas Breves". Os assentos vazios e cobertos por um tecido preto já denunciavam a baixa procura do espetáculo. Até o toque de um celular no meio da plateia chamou mais atenção e provocou gargalhadas fracas dos poucos presentes.

Mesmo assim, Formas Breves tem sim seus pontos altos. O cenário é um deles. A iluminação não focava o rosto do elenco. Já o figurino, com um tom monocromático também ajudaram para criar um clima solene. Aliado a isso está a direção de Bia Lessa, que guiou um elenco uniforme composto por atores não profissionais.

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Em cerca de uma hora e vinte minutos de palco, o que se pode notar foi que o público só se mostrou realmente presente quando frases de sexo foram ditas, ou quando as pessoas apareciam peladas. No agradecimento dos atores, até o aplauso (de despedida) foi ameno. Nada menos curitibano.