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Aos 46 anos, ex-Titã diz se sentir inseguro e com vontade de compor todos os dias | Fábio Bitão
Aos 46 anos, ex-Titã diz se sentir inseguro e com vontade de compor todos os dias| Foto: Fábio Bitão

Mais do mesmo com algum peso diferente

Cristiano Castilho, repórter do Caderno G

A hierarquia na ordem "Nando Reis e Os Infernais" poderia se inverter em Drês: o que mais se destaca no disco são os instrumentistas, principalmente o guitarrista Carlos Pontual. Bons exemplos são os longos solos e as distorções que dialogam com gritos guturais do cantor na faixa-título. Drês seria um álbum de rock dos anos 1970, mas logo volta ao habitual pop dos anos 1990 quando rompem a voz acolchoada do ruivo e o comportamento habitual da banda.

A liberdade concedida – ou conquistada? – pelo grupo levou os shows do paulista para os estúdios. Há energia em "Hi, Dri", a baladona "Livre como um Deus" sintetiza o entrosamento dos músicos; e a acústica "Pra Você Guardei Meu Amor" faz Ana Cañas virar Cássia Eller. Nas outras faixas, harmonias baseadas de teclados e melodias ao violão continuam a mostrar o já conhecido caminho.

A banda e seu frontman vivem bom momento nesse casamento. Mas suas composições, quando mais do mesmo, passam despercebidas ou tornam-se agradavelmente repetitivas. GG1/2

Ele tem medo de se repetir. Por isso, para gravar Drês (Universal), seu quinto álbum-solo de estúdio, Nando Reis diz ter trabalhado metodicamente e ensaiado as faixas do disco com maior afinco. "Queria ter bastante tempo para buscar a intimidade com as músicas na hora de gravar", explica o músico, que não acredita na primeira impressão das coisas – principalmente as relacionadas ao seu trabalho.

"Drês" é a junção das palavras "três" e "Dri", apelido da ex-namorada Adriana Lotaif. O novo disco encerra uma trilogia que ainda tem A Letra A (2003) e Sim e Não (2006). "Esse nome é enigmático e parece uma palavra em francês, inglês, português...".

Desde que deixou o baixo dos Titãs, em 2002, Nando flutua entre a MPB e o pop rock, cantando sobre amor, amizade e relacionamentos. Todos esses temas estão de volta em Drês – gravado novamente com a banda Os Infernais –, que já em sua capa diz a que vem. No encarte, um coração estilizado é transpassado por quatro grandes pregos.

"Sim, é um disco que fala de relações amorosas e o fato de ter sido escrito para uma pessoa confirma isso. O amor é o fio condutor do álbum", explica. Entenda-se amor por "Dri". Mas também por Sophia – filha de Nando, também VJ da MTV –, na faixa "Só pra So", e pela mãe do cantor, falecida há cinco anos, relembrada com ternura em "Conta".

Todas as músicas já estavam prontas há cerca de um ano. Foram gravadas – com calma – em dois meses no estúdio Cia. dos Técnicos, no Rio de Janeiro. Compondo e gravando, Nando Reis, aos 36 anos, ameniza sua insegurança.

"Por mim, fazia músicas todo dia. Eu tenho necessidade de me certificar musicalmente. Sou inseguro, sim. Sei que tenho talento e experiência, mas sou inseguro", confessa o paulistano.

Como novidade, o álbum traz a parceria entre Nando Reis e Carlos Pontual – também guitarrista d’Os Infernais – em sua produção. Os pitacos de Pontual deram um novo colorido às formas musicais de Nando, que assina seus trabalhos com a banda desde o álbum MTV ao Vivo (2004).

"Esse dado é muito significativo. E por isso o disco é mais rock. Tem mais guitarras e não é tão centrado no violão. Acho que isso reflete a sonoridade da nossa banda hoje", conta o músico.

Algumas composições ainda serviram para ressuscitar o chamado "mago do pop" Lincoln Olivetti, que assina os arranjos de cordas e sopros. Nas décadas de 1970 e 1980, Olivetti foi arranjador de grandes nomes da MPB como Gilberto Gil, Tim Maia, Jorge Ben, Roberto Carlos e Caetano Veloso. Apesar do sucesso, foi criticado por supostamente pasteurizar o gênero. Outras participações especiais são da cantora Ana Cañas, na acústica "Pra Você Guardei o Amor" e da percussionista Lan Lan em três faixas.

O show de Drês deve passar por Curitiba ainda neste ano. A cidade foi a primeira a receber Nando em um show-solo, quando do lançamento do disco 12 de Janeiro (2000), no extinto Coração Melão.

"É uma cidade peculiar. Se disser que me inspira, vai soar demagogo. Mas é gostoso estar aí", explica o músico, que enfatiza e comemora. "Se tem algo que eu posso dizer com segurança é que meu público cresceu."

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