Três meses depois do fim da exposição Cow Parade, na capipal paranaense, ainda não foi acertado o destino final das obras. A idéia inicial da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e da Toptrends, empresa autorizada a representar o evento no país, era leiloar as peças logo após o fim da exposição, em prol da Pastoral da Criança e da Fundação de Ação Social da Prefeitura de Curitiba. Mas não foi o que aconteceu.
A Cow Parade terminou no dia 31 de janeiro, mas não houve o leilão e nem deve haver. A proposta recém-apresentada pela Toptrends para dar um destino às vacas curitibanas é leiloá-las no Rio de Janeiro, cidade que receberá a Cow Parade este ano, após os Jogos Pan-Americanos. Com a nova solução, as obras paranaenses serão vendidas juntamente às cariocas, na tentativa de arrecadar mais recursos do que o cenário local promete.
O aspecto financeiro é o responsável pela demora em decidir o destino das peças. "O leilão é um evento caro, na faixa dos R$ 40 mil, que só se viabilizaria com patrocínio. Como tivemos dificuldades em negociar cotas para a própria exposição em Curitiba, devemos ter uma reunião no dia 10 de maio com a Toptrens para definir qual será o programa de encerramento da Cow Parade e há grandes chances desse leilão acontecer no Rio de Janeiro", afirma Marcelo Cattani, diretor de marketing da Fundação Cultural.
De acordo com Ester Kivkin, a coordenadora da Toptrends, o leilão carioca já é decisão tomada. Ela justifica: "Tivemos muito prejuízo em Curitiba. As previsões apontavam para não conseguirmos arrecadar nada para as instituições na cidade. Não tinha sinal de pessoas interessadas no leilão". O valor mínimo para aquisição de cada vaca é R$ 5 mil, uma quantia que a cidade não parece disposta a pagar. "Isso é fato inédito no mundo. É uma característica do mercado curitibano que a gente não conseguiu entender ainda", desabafa a coordenadora. A rejeição, segundo ela, veio "não só do empresariado, mas da própria população" manifestada nos roubos e danos às obras que aconteceram durante o período de exposição.
Marcelo Cattani atribui a surpresa negativa no campo comercial à retração do mercado curitibano. "Todas as estruturas de cultura, exceto o Museu Oscar Niemeyer, sejam do estado, município ou privadas, sofrem muito com o problema da captação de patrocínio. Existe certa timidez, desconhecimento e a atrofia do mercado curitibano. As grandes companhias não tomam mais decisões aqui", lamenta.
Nem a possibilidade de descontar o patrocínio do Imposto de Renda, propiciada pela Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, animou os empresários curitibanos a investir na Cow Parade. Se Curitiba bateu o recorde de artistas inscritos (mais de 700), por outro lado, o desânimo empresarial fez com que apenas 30 vacas ganhassem as ruas da cidade, grande parte financiadas pela própria organização. Em comparação, havia 150 vacas na Cow Parade em São Paulo e 51 em Belo Horizonte.
As perspectivas para o evento no Rio de Janeiro são positivas, com o patrocinador-master já definido. Além de dividir o leilão com as criações dos artistas cariocas, as vacas curitibanas também devem ser expostas por lá durante os dois meses da Cow Parade. Apenas as peças roubadas e danificadas não participará, por falta de recursos para recuperá-las.
Enquanto o destino não se define, as obras estão guardadas no no estacionamento da Fundação Cultural de Curitiba.
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