Frank Jorge atendeu a ligação da Gazeta do Povo no intervalo entre a primeira e a segunda aula. Desde 2006, o compositor gaúcho é o professor titular no curso de Tecnólogo de Produção Fonográfica, responsável por cadeiras como História do Rock e Projeto Demo. Nelas os alunos conhecem o processo de produção metendo a mão na massa de seus próprios discos na Unisinos, universidade em São Leopoldo, na região da grande Porto Alegre.
Jorge vai tocar em Curitiba nesta sexta-feira (8), no Trip Bar, acompanhado pela Gripe Forte, a seleção de músicos de bandas importantes da cidade como Fábio Elias (Relespública), Oneide Fiedricho (Pelebroi Não Sei?), Giovanni Caruso (Escambau) e Ivan Rodrigues (filho do músico Ivo Rodrigues, do Blindagem, e baterista em várias bandas da cidade).
Guru estético
No palco, a promessa é a união do repertório de Jorge com o das bandas da Gripe Forte e de rasgação de seda recíproca. “Eu sou fã de todas as bandas desses caras. Vai ser muito legal tocar com eles”, afirma Jorge.
Frank Jorge e Gripe Forte
Trip Bar
Mateus Leme 754 , Centro Cívico
23H, Entrada R$ 20
Do outro lado, todos na Gripe Forte falam de Jorge como um grande ídolo, espécie de guru estético. “Para mim ele é um herói. Vai ser demais tocar músicas que eu amo desde criança”, diz Ivan Rodrigues.
Jorge é uma das figuras de proa daquilo que ficou conhecido como “rock gaúcho”. Um rótulo eclético que abarca toda a efervescência da década de 1980 no Rio Grande do Sul, quando bandas como Cascavelettes, Graforreia Xilarmônica (duas em que Frank Jorge tomou parte), De Falla e Replicantes ganharam dimensão nacional, criando um gênero geográfico, ainda que os sons fossem diferentes entre si.
“O pessoal pensa no imaginário desta época de Porto Alegre, que só foi possível porque existiam bandas de rock aqui desde os anos 1960. Foram muitas camadas anteriores que possibilitaram que a gente pudesse aparecer”, explica Jorge, com a segurança dos historiadores.
No show desta sexta não faltarão pérolas do extenso repertório de Jorge como “Amigo Punk”, “Meus Dois Amigos”, “Nega Bom Bom” e outras canções que o credenciam como um dos mais importantes compositores do rock nacional, com letras nonsense e melodias que ecoam a música tradicional gaúcha.
“Nunca penso em mim como um cara importante do rock. Pode soar besta falar isso, mas eu me vejo como um cara simples, um professor de faculdade”, afirma, com humildade.
“Este show me empolga, pois eu reconheço nestes caras que vão tocar comigo a mesma paixão desbragada pela música.”
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