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Ele atendeu ao telefone de bate-pronto. "Ei, você", pronunciou, agora devagar. Antes de começar a conversa teve ainda de pedir desculpas pelos gritos do filho menor, que insistia em subir em seu colo. Ambos estavam na sala de estar na casa em que moram, no Havaí, arquipélago dos Estados Unidos e ambiente mais que propício para o surfista e músico norte-americano Donavon Frankenreiter, de 36 anos, principal atração do Lupaluna no dia 20 de novembro.
Parceiro de ondas e de palcos de Jack Johnson os dois são amigos há 16 anos , o californiano conseguiu em parte se distanciar musicalmente de seu "brother" com o lançamento de Pass it Around (2008), disco com mais suíngues rítmicos do que levadas ensolaradas ao violão apesar de seu maior hit, "Move By Yourself" estar presente no disco homônimo, de 2006. Mas estar na sombra de Jack Johnson não é algo negativo.
"Ele foi e é muito importante na minha vida. Fizemos muitas coisas juntos e eu adoro tocar com ele. Não nos encontramos muito agora, mas nos esbarramos por aí", diz o músico, voz constante e serena. "Como somos muito amigos, temos as mesmas influências e gostamos das mesmas coisas, nosso trabalho soa parecido. Mas não me incomodo com isso porque Jack é muito bom artista. É legal ser comparado a ele", diz.
"Frank" começou na prancha antes de mergulhar no rock e deve aos mares também sua amizade com Jack. Teve aulas de surfe quando era adolescente e, com bons resultados, chegou até a assinar com um patrocinador, participando de campeonatos de classes juvenis. Em uma das etapas, alugou uma casa no Havaí e os locatários eram os pais de Jack Johnson. "Ainda surfo com ele (Jack Johnson) de tempos em tempos. Eu moro no Havaí, é difícil fugir disso. Parte dos meus fãs surfa também e entende meu lance. É normal e positiva essa identificação", comenta.
Em 1996, uma primeira tentativa musical surgiu com a banda Sunchild. Frankenreiter tocava guitarra naquele grupo que fazia um rock setentista. Chegaram a gravar um álbum, mas não durou muito. "Gostava muito das nossas performances, mas era uma época diferente. Eu tinha outra cabeça, não me via como um artista completo. Era meio estranho", relembra Frank, cheio de estilo. Seu bigode a lá Jason Lee (protagonista do seriado My Name is Earl), suas roupas coloridas, algo extravagante, e seus grandes chapéus fazem de Donavon Frankenreiter uma figura comentada também no mundo fashion.
"Gosto do meu good-looking", defende-se o músico. "Isso também está dentro da minha vida e reflete o que faço. É só o meu jeito, não é nada forçado."
Brasil e Lupaluna
O Brasil é território conhecido para o norte-americano. Quase na mesma quantidade, praias e palcos foram visitados pelo músico. A última vez foi em novembro de 2007, quando fez parte da mostra Alma Surf Festival, evento que reuniu uma série de bandas. "Surfei por todo o país. Bahia, Rio de Janeiro, Recife. Conheci as ondas daí", diz Frankenreiter, que se apresentou por aqui também ao lado de Ben Harper. "É lindo e incrível. As pessoas são maravilhosas", conclui.
Ao lado de Jason Mraz, que se apresenta no dia seguinte, o músico-surfista será a principal atração do Lupaluna 2009 (o primeiro lote de ingressos esgotou; está à venda o segundo lote). O evento ele não conhece, mas, quando informado de que o Lupaluna contempla diversas vertentes da música do sertanejo ao eletrônico, do indie ao pop rock , Frankenreiter animou-se e até aumentou o tom de voz.
"Isso é muito bom mesmo. É ótimo ver pessoas que normalmente não vão aos meus shows ouvirem minha música. Quanto mais bandas e mais pessoas felizes, melhor. Esse é o espírito", diz o californiano, que não soube citar artistas brasileiros de que gosta, mas se confessou fã e ouvinte da música feita por aqui.
Como mensagem final, a pedido da reportagem, algo para tentar definir como será o show que fará em Curitiba daqui a duas semanas. "Vai ser arrasador. Uma viagem. Espero que todo mundo entre no clima porque eu vou estar mesmo me divertindo".
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