No último dia da 22° edição do Festival de Teatro de Curitiba, a plateia vibrou aos movimentos e sons do "Fritz". O espetáculo encenado por apenas um ator, foi apresentado três vezes durante o evento, e na tarde deste domingo encantou cerca de 200 pessoas no Memorial de Curitiba, localizado no Largo da Ordem, após ser transferido da rua devido instabilidades no tempo. A atração durou 1 hora e fez rir pessoas de todas as idades.
A peça que leva o nome do personagem Fritz, é encenada por Alessandro Mueller, natural de Curitiba, mas residente em Gramado/RS. O espetáculo é composto de movimentos e sons engraçados produzidos pelo personagem, como um monólogo. "A proposta é trabalhar com a energia do público. O Fritz é ingênuo e carinhoso, mas ao mesmo tempo agressivo, mesclando com os sentimentos das pessoas", destacou o ator. Ele é uma mistura de mímica, a arte que explora a linguagem corporal, a pantomima, que são gestos ilustrativos desenhados no espaço, e atitudes de palhaço. Algumas cenas são criações próprias de Alessandro e outras adaptadas de palhaços conhecidos por ele.
Há 18 anos na "estrada", "Fritz" é inspirado em uma criança. "Esse trabalho surge durante minha adolescência, quando trabalhava com crianças com câncer em um hospital e conheci um menino de 6 ou 7 anos, chamado Eduardo Fritz. Fiz um trabalho com ele por um tempo, só que posteriormente ele faleceu, e isso me chocou". Alessandro disse que até o nariz preto de palhaço que faz parte do figurino, é feito do mesmo material da borracha do conta-gotas que ele usava para brincar com o menino no hospital.
O espetáculo fez a plateia rir muito aos sons e movimentos produzidos em um cenário composto de um banquinho, uma mala velha e uma pequena caixa fechada, com um chapéu dentro. O ator interagiu com o público constantemente, colocando até alguns para contracenar com ele. O resultado foi ótimo, fazendo todos aplaudirem e se prenderem ainda mais a cada cena. Ele ainda distribuiu bexigas em forma de bichos, pessoas e objetos.Alessandro Mueller costuma cumprir um ritual: "Chego 1h e 30min antes da apresentação, pra me preparar naquele local onde eu vou atuar. A preparação vai criando toda uma energia no espaço. Acho que se eu não fizesse isso seria muito diferente, porque nesse momento não sou eu na cena, somos nós". Ele se automaquia utilizando alguns produtos caseiros, veste a roupa do personagem em frente ao público e ali mesmo faz a preparação física, já interagindo com as pessoas que estão no local.
Com os jargões "Que que é isso?" e "Meu Deus do céu" a todo o instante ditos com uma voz estridente, o personagem Fritz animou a todos. "Esta é a terceira vez que assisto "Fritz" no Festival de Teatro de Curitiba, e super recomendo", declarou Hélio Muniz, que estava na plateia. Em um espetáculo de rua "o importante não é o espaço, mas o que o ator tem para desenvolver naquele espaço", ressaltou Luana Michel, produtora executiva.
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