Para Haruo Ohara (1909-1998), o cultivo de café, frutas e flores, no norte do Paraná, sempre esteve aliado à fotografia. O lavrador japonês imigrou para o Brasil aos 17 anos. Paralelamente à sua relação com a terra, fez registros documentais, abstratos e humanistas de sua família e do trabalho no campo, no município de Londrina.
A exposição Haruo Ohara Fotografias (confira o serviço completo da exposição), que abre hoje no Museu Oscar Niemeyer, reúne um conjunto de 150 imagens em preto e branco, produzidas pelo "lavrador de imagens" entre os anos 1940 e 1970.
Todas as obras da exposição e mais 20 mil negativos do fotógrafo foram doados pela família Ohara ao Instituto Moreira Salles, em 2008. Além de preservar o acervo, o curador da mostra, Sérgio Burgi, afirma que a intenção do IMS é disseminar as obras por meio de exposições.
"Essa mostra revisita uma série de imagens emblemáticas que não esgota sua obra, mas nos faz ampliar a compreensão do contexto de um imigrante lavrador que usou a fotografia como expressão pessoal de linguagem."
A obra de Ohara alinha-se com a fotografia moderna, que critica a reprodução de modelos da pintura clássica. Em suas fotografias, Ohara explorou três campos: o afetivo, ao contemplar, essencialmente, as crianças de sua família (casou-se em 1934 e teve nove filhos); o documental, que retratou o dia a dia produtivo da lavoura; e, posteriormente, o abstrato, ao experimentar recortes de texturas, superfícies e planos que dialogam com o universo das artes plásticas.
Burgi diz que Ohara perseguiu a construção de representações muito definidas, e utilizou a intuição a favor de suas composições do início ao final do processo fotográfico.
"Ohara produziu, ampliou, e finalizou todas as suas obras com um alto grau de elaboração." Ao citar o processo de revelação, Burgi diz: "Assim como Edward Weston e Ansel Adams, Ohara ampliou todos os seus negativos diretamente no papel, e procurava, artesanalmente, adequar a luz à revelação" .
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