Felicia Moye, Rebecca McFaul, Anne Francis e Brant Bayless: troca de olhares agudos durante um concerto repleto de técnica e destreza| Foto: Luiz Sequinel/Divulgação

Programação

Confira as atrações de hoje na 30ª Oficina de Música de Curitiba.

Recital de Professores Música de Câmara

Capela Santa Maria, às 19h. No programa, o "Choro Nº2" e "Bachianas Nº 6", de Villa-Lobos, "Duets", de Francis Poulenc (1899 – 1963), e "Concertino para Trompete e Trombone", de Jacques Castérède. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Orquestra Sinfônica do Paraná

Teatro Guaíra, às 20h30. "Abertura Egmont Op. 84" e Sinfonia Nº7 em Lá Maior Op. 92, de Beethoven, e Concerto para Dois Pianos e Orquestras em Ré Menor, FP 61, de Poulenc, com os solistas Olga Kiun e Piotr Banasik. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

Endereços: Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3304-7900. Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840.

Confira a programação completa do evento

CARREGANDO :)

Ainda é quase assustador o concerto do Fry Street Quartet. O quarteto de cordas norte-americano, que participa da Oficina de Música de Curitiba pela terceira vez e se apresentou na última segunda-feira no Canal da Música, faz com que os mais desavisados olhem para o palco com um ar catatônico. Isso por conta de sua técnica e destreza impecáveis, percebidos em cada staccato, e em cada olhar trocado entre Felicia Moye e Rebecca McFaul (violinos), Brant Bayless (viola) e Anne Francis (violoncelo). Os norte-americanos voltarão a se apresentar na próxima segunda-feira, dia 16, às 19 horas, no Teatro do Paiol – desta vez, com um "concerto de meditação evocativa".

Para quem acompanhou as duas primeiras apresentações, nas Oficinas de 2010 e 2011, entretanto, o concerto deste ano parece ter sido mais frio, calculado, embora tecnicamente perfeito. Um dos motivos foi a substituição de dois músicos. O carismático William Fedkenheuer deu lugar à Felicia Moye; e Brad Ottensen cedeu sua viola a Brant Bayless. O outro motivo foram as muitas cadeiras vazias no Canal da Música naquela segunda-feira chuvosa, justamente o oposto do que foi visto nas apresentações anteriores.

Publicidade

No repertório, um começo ousado para um final inquestionável. O concerto iniciou com uma obra do norte-americano Aaron Copland (1900-1990), prolífico músico que passeia por diversos estilos, da tradição da música francesa clássica ao jazz erudito. Em Duas Peças para Quarteto de Cordas, vimos um Fry

Street brincando com a tortuosidade de uma harmonia que alterna entre acordes maiores e menores. Nesses momentos mais imagéticos, percebemos a aura incrível que envolve os quatro músicos, que trocam olhares agudos e abusam de expressões ao atacar seus instrumentos.

Na sequência, Quarteto de Cordas n.° 7 Op. 108, de Dmitri Shostakovich (1906-1975). A obra, densa e longa – são quatro movimentos – chegou perto de cansar a plateia, o que era evitado, anteriormente, pelas intervenções sempre oportunas de Fedkenheuer. O violinista se comunicava, explicava trechos da peça e criava um dialogismo com o público – notadamente formado por músicos e interessados. Era didático, enfim, e não tão hermético quanto se mostrou o novo quarteto. Mas o clima mudou a partir do penúltimo movimento ("allegretto"), quando uma espécie de valsa deu novas cores à música. O Fry Street foi aplaudido com veemência.

O concerto se encerrou com Johannes Brahms (1833-1897). Um dos maiores compositores românticos da história foi relembrado com Quarteto de Cordas n.° 1 em Dó menor, Op. 51. Os quatro movimentos demonstram o rigor da obra do alemão, mas também sua estrutura polifônica, em que cabem tanto uma melodia doce quanto um tema mais exasperado. A plateia pediu bis. Mas não houve, apesar de os músicos retornarem ao palco por três vezes para receberem os aplausos efusivos.

Surgido em Chicago em 1997, o Fry Street Quartet – o nome é uma "homenagem" a uma rua conhecida por ter estado, na década de 1930, sob o domínio da máfia de Al Capone – novamente deu o seu recado. Sem catarse e sem tanta vibração, mas com a perfeição de sempre.

Publicidade

Destaques

Hoje, acontece pela segunda vez o Recital de Professores – Música de Câmara. Na programação, Heitor Villa-Lobos (Choro n.º2 e Bacchianas n.º 6). A Orquestra Sinfônica do Paraná, regida por Osvaldo Ferreira e com Olga Kiun e Piotr Banasik como solistas, também se apresenta. No programa, Beethoven (Abertura Egmont Op. 84 e Sinfonia n.º 7 e Lá maior Op. 92) e Francis Poulenc (Concerto para Dois Pianos e Orquestra em Ré Menor). Veja o quadro acima para saber mais sobre horários, locais e ingressos.