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"Lala foi muito corajosa em tudo", afirma Regina Vogue | Arquivo - Gazeta do Povo
"Lala foi muito corajosa em tudo", afirma Regina Vogue| Foto: Arquivo - Gazeta do Povo

Para entender

• A escola de Ulm promovia a integração da arte na sociedade industrial por meio de parcerias com empresas, como a alemã Braun, fabricante de eletrodomésticos.

• Segundo Fernando Bini, o grupo da HfG desenvolveu a "estética da Boa Forma, que procurava eliminar todo o elemento decorativo em busca da forma pura, clássica e de um design contemporâneo".

• A Escola Superior de Design deu continuidade ao trabalho da Bauhaus, fechada durante o período da Guerra. Terminado o conflito, os professores e ex-alunos voltaram à Alemanha, onde o artista plástico, designer e arquiteto Max Bill funda a escola de Ulm, em 1953.

• A Bauhaus é uma das mais influentes escolas de design do mundo, fundada na Alemanha, em 1919. A instituição reformulou conceitos da arquitetura e do design, até ser fechada em 1933. Entre os artista mais importantes do movimento estão Wassily Kandinsky, Paul Klee e os arquitetos Walter Gropius e Ludwig Mies van der Rohe.

A cidade de Ulm, no sul da Alemanha, é conhecida por abrigar a maior torre de igreja do mundo, da catedral Ulmer Münster. A construção em estilo gótico, de 161 metros de altura, é o principal símbolo do lugar. "A segunda coisa mais importante da cidade é a Escola Superior de Design", ironiza Dagmar Rinker, curadora da exposição "Modelos de Ulm – Modelos pós-Ulm", que estréia turnê mundial por Curitiba, a partir de hoje, na Casa Andrade Muricy. São 38 trabalhos, entre painéis, maquetes, fotografias e vídeos, que explicam o que foi a Escola Superior de Design de Ulm (HfG), herdeira da Bauhaus (leia quadro) e pioneira na pesquisa e desenvolvimento do design profissional no século 20.

A louça empilhável é a mais representativa das obras criadas na instituição – um conjunto de peças utilitárias com design limpo, geométrico e sistemático, em que a funcionalidade é o valor máximo. "TC100", título das peças projetadas em 1959 pelo estudante Hans Roericht, ainda hoje é vendido em larga escala na Alemanha e inspira o design de produtos no mundo todo. Mais do que peças famosas, a escola alemã gerou conceitos. A exposição retrata o modelo de design concebido pelos seus integrantes, entre eles Max Bill, Tomás Maldonado e Otl Aicher. Na nova maneira de pensar a atividade, mais metodológica, o design deixou de ser considerado um trabalho artístico e passou a ser entendido como um processo diretamente relacionado à industrialização crescente, com necessidades comerciais que se sobressaem a valores estéticos. "Havia um aspecto sociopolítico, de ser funcional para a massa e não um design de luxo", enfatiza a curadora.

Durante os anos de atividade da HfG, de 1953 a 1968, período pós-guerra, a atenção se volta para a formação de profissionais capazes de planejar racionalmente a criação. Para isso, explica Rinker, a escola buscou "criar uma imagem nova do design, tornar claro o processo de desenvolvimento dos projetos e, pela primeira vez, a aproximação com as ciências – matemática, semiótica e ergonomia".O professor de História da Arte da UFPR e PUCPR, Fernando Bini, esclarece: "A intenção era formar arquitetos e designers alinhados com o momento histórico, de um design e uma arquitetura mais funcionalistas, ligados à idéia da arte moderna e à abstração geométrica". A mostra pretende representar todas as facetas do trabalho desenvolvido em Ulm, desde produtos a filmes, arquitetura e comunicação visual..

"Modelos de Ulm – Modelos pós -Ulm" é uma parceira do Instituto de Relações com o Exterior da Alemanha (IFA) com o Instituto Goethe de Curitiba e a Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. As peças fora emprestadas do arquivo da escola Superior de Design, em Ulm, onde atualmente é possível fazer pesquisa de textos e fotografias da época. Segundo a organizadora Ursula Zeller, "a razão para trazer esta mostra ao Brasil é que muitos dos que estudaram em Ulm eram da América Latina – ao todo 30 estudantes". Um dos alunos brasileiros mais notáveis é o designer gráfico Alexandre Wollner. De volta ao Brasil, Wollner participou da fundação da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, a primeira instituição de ensino superior de desenho industrial do país, criada sobre as bases ideológicas da HfG.

A exposição permanecerá por dois anos e meio na América Latina – Porto Alegre e mais duas cidades no México receberão as obras –, depois seguirá para a Índia. O país asiático também foi um relevante ponto de origem de alunos da escola. Curitiba tornou-se o primeiro lugar de parada do itinerário depois de Rio de Janeiro e São Paulo declinarem a proposta. Segundo a curadora, a capital carioca já tinha a programação cultural fechada e na paulista houve temor de que os textos em espanhol que acompanham as peças expostas não fossem compreendidos pelo público. "Em Curitiba parece que esse problema não existe", brinca Rinker.

Serviço: Modelos de Ulm – Modelos pós-Ulm - Casa Andrade Muricy (Alameda Dr. Muricy, 915), (41) 3321-4798. 3ª a 6ª das 10h às 19h, sáb. e dom. das 10h às 16h. Até 29 de abril.

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