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Para o regente titular e diretor artístico da Filarmônica, Fabio Mechetti, o modelo de gestão permitiu que a orquestra tivesse bons resultados | Rafael Motta/Divulgação
Para o regente titular e diretor artístico da Filarmônica, Fabio Mechetti, o modelo de gestão permitiu que a orquestra tivesse bons resultados| Foto: Rafael Motta/Divulgação

Em meio a críticas à estabilidade do funcionalismo público na música erudita – um "conforto nocivo à busca constante de qualidade que caracteriza uma grande orquestra" – e elogios ao in­­vestimento feito pelo governo de Minas Gerais na Filarmônica, o maestro Fabio Mechetti e o pianista Arnaldo Cohen vêem nas turnês da orquestra uma chance para inspirar as comunidades e os dirigentes da política cultural dos locais por onde passam.

"Além do investimento financeiro e apoio político, criou-se [em MG] um modelo de parceria do governo com iniciativa privada. Criamos o Instituto Cultural Filarmônica [uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP], que é a as­­socia­­ção gestora da orquestra. Com isso, podemos estabelecer nossos próprios critérios e diretrizes artísticas, como o modelo de contratação dos músicos", diz Mechetti, para quem o ingresso dos instrumentistas por meio de audições tem se mostrado eficiente. "Continuamos com va­­gas, porque é um processo rigoroso. A qualidade de uma or­­questra começa com a qualidade de seus músicos", diz.

O contrato com o governo pre­­vê concertos educativos, apresentações em locais abertos e turnês estaduais em troca de uma parte do investimento ne­­cessário – a outra é captada por meio de patrocínios. Os documentos referentes a orçamentos, gastos e avaliações ficam disponíveis no site da orquestra (http://www.filarmonica.art.br/). Um próximo passo será a construção de uma sala própria para a orquestra.

Cohen, que é professor na Jacobs School of Music, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, cita o modelo norte-americano de doações da comunidade e da indústria como um parâmetro de comparação. "No Brasil, pode-se abater até 100% das doações [pelo mecanismo de incentivo fiscal da Lei Rouanet], mas as pessoas não doam", diz. "O grande problema no país não é a economia. É fazer com que a nossa sociedade tenha fundamentos para poder lidar com o nosso desenvolvimento. Caso contrário, vamos ser um país economicamente forte e culturalmente fraco, o que vai provocar o declínio do sistema econômico", diz.

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