Futebol e movimento

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Não é de hoje a relação estreita da bailarina e coreógrafa Deborah Colker com o esporte. Dos 12 aos 17 anos Deborah jogou vôlei e chegou a ser convocada pela seleção carioca. E desde suas primeiras coreografias (ler quadro) o esporte nunca deixou de estar presente. Agora ele serve como pano de fundo para seu novo espetáculo, Dínamo, que estréia em Curitiba no próximo fim de semana.

Dínamo reúne duas coreografias: Velox, de 1995, e Maracanã, que estreou no início de 2006, na Alemanha, dentro do projeto cultural da Copa do Mundo. O espetáculo foi montado na Europa a convite da Fifa. "Juntar esses dois espetáculos é uma forma de fechar um ciclo que une esporte e dança, no que existe em comum entre eles: a energia, o desafio, a superação através do corpo. São, as duas, linguagens universais", explica Deborah.

Velox foi a segunda coreografia da companhia carioca. Consagrou-se pelo movimento final, onde os dançarinos assumem o papel de alpinistas, escalando uma parede vertical num harmonioso espetáculo gráfico. Os corpos são usados para criar desenhos na parede, desafiando a gravidade.

A dança espontânea e involuntária realizada pelo esportistas serve como inspiração para os movimentos de Dínamo. O universo é o dos jogos de futebol onde bailarinos – em total de 17 – se entrelaçam e a harmonia nasce a partir da relação entre eles. A ginga, as táticas, a paixão e o inevitável elemento surpresa do futebol tornam-se visíveis nas coreografias.

A importância dada a plasticidade visual do espetáculo é característica da companhia, que apresentou ano passado o espetáculo Nó, sucesso de público e que foi apresentado na Europa paralelamente à Dínamo.

Assim como em Velox, em Maracanã a parede de fundo também serve como suporte aos bailarinos, embora o elemento seja utilizado com outra função. As linhas e marcas assimétricas e em cores vivas remetem ao estádio de futebol e são reproduzidos os movimentos do esporte, utilizando para isso a técnica do rappel – com os bailarinos suspensos pela cintura através de um cabo. A bola cruza o palco, interagindo com a dança.

O figurino, assinado por Yamê Reis (Velox) e O Estúdio (Maracanã), é caracterizado por uniformes esportivos – sejam eles estilizados, antigos ou minimalistas. A sofisticação das formas do futebol, com suas bandeiras e flâmulas, contribuem para compor a cenografia.

A trilha sonora de Dínamo é assinada por Berna Ceppas e Sérgio Mekler, que reeditam a parceria de uma década atrás, realizada em Velox. O espírito volta a ser o mesmo: mescla de sonoridades e estilos, colagens, sobreposições. Se em Velox a dupla uniu toques de candomblé e guitarras elétricas, em Dínamo fazem casar em harmonia Villa-Lobos e um pot-pourri do funk carioca, contando com a participação, na criação da trilha, de Alexandre Kassin.

A criação, direção e coreografia está a cargo de Deborah Colker, com direção de arte e cenografia de Gringo Cardia e iluminação de Jorginho de Carvalho.

Serviço: Dínamo, espetáculo com a Companhia de Dança Deborah Colker. Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, s/n.º). Telefone (41) 3304-7900. Dias 13 e 14 de abril (sexta e sábado) , às 21 horas. Ingressos à venda na bilheteria do teatro. R$ 80 (platéia), R$ 60 (1º balcão) e R$ 40 (2º balcão). Desconto de 20% para cartões Teatro Guaíra e Petrobrás.