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A sátira sempre foi um artifício literário brilhante. Mas, quando ela parece desprovida de humor, então não passa de outra boa e velha mentira.

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Que é a definição exata do que são as notícias inventadas. Em sites como Facebook, Twitter e Reddit, artigos escritos por propagandistas, grupos de pressão, encrenqueiros e viciados em novidade pipocam diariamente. Alguns até parecerem intrigantes. Seus amigos e familiares curtem e compartilham. Centenas de sites de notícias inventadas com nomes do tipo “NewsBuzzDaily” coexistem com notícias de verdade do “New York Times”, “Wall Street Journal”, do “Christian Science Monitor” (e desta Gazeta do Povo).

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Notícias falsas já existiam bem antes da internet. Há mais de um século, a fundadora do “Monitor”, Mary Baker Eddy, condenava “esses escribas que deixam a consciência em casa” e decidiu publicar um jornal que fosse, pelo menos em tese, um antídoto contra tal prática.

A artificialidade do jornalismo sensacionalista sobrevive em expositores de supermercado, onde revistas de fofoca alardeando escândalos envolvendo celebridades, conspirações políticas e alienígenas disputam espaço com publicações como a “Time” e a “Newsweek”. E porque a tevê a cabo está isenta dos regulamentos empregados pela Comissão de Comunicação Federal que governam as redes de tevê aberta [nos EUA], programas que vivem de traficar notícias inventadas estão a apenas um clique dos telejornais sérios.

“Notícias sérias são difíceis de apurar e de escrever. Quem trabalha com elas está disposto a ser corrigido caso esteja errado. Notícias inventadas até parecem reais quando na verdade são irresponsáveis e baratas.”

Assim como fez com todo o resto, a internet sobrecarregou o mercado de notícias inventadas. Segundo o Centro de Pesquisa Pew, atualmente mais de 60% dos adultos americanos se informam por meio de redes sociais. Estima-se que um internauta mediano passe pelo menos duas horas por dia nas redes.

Após se informar com os veículos de comunicação tradicionais, é tentador clicar naquele artigo ironizando algum segredo bem guardado ou dando notícias que supostamente ninguém quer que você saiba, ainda mais se elas confirmarem suas suspeitas ou defenderem suas inclinações políticas.

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Quando bem estruturadas, notícias sérias são crucias numa democracia. Contudo, são difíceis de apurar, especialmente com tanta mentira correndo solta. Os americanos acabaram de sair de uma eleição em que o jornalismo tradicional pareceu ultrapassado, a verificação de fatos quase não fez diferença alguma e sobraram declarações revoltantes.

Mas será que as notícias inventadas estão com os dias contados? Google, Facebook e Twitter prometem filtrá-las. Mas, se você realmente valoriza a busca pela verdade, dê seu apoio. Assine publicações que também valorizam a verdade. Clique em links de fontes jornalísticas em que você confia. Endosse notícias, não “notícias”.

Notícias sérias são difíceis de apurar e de escrever. Quem trabalha com elas está disposto a ser corrigido caso esteja errado. Notícias inventadas até parecem reais quando na verdade são irresponsáveis e baratas, produzidas por escritores apelativos e tão preocupados com o número de visualizações que acabam deixando sua consciência em casa. Não se deixe enganar, notícias inventadas não têm graça nenhuma.

Tradução de Miguel Nicolau.