O presidente americano Donald Trump está na lista de candidatos ao Prêmio Nobel da Paz de 2017, ao lado de outros 317 indicados, entre pessoas e instituições.
A lista é recorde segundo o instituto sueco que não revela, no entanto, quem são os proponentes. Sabe-se apenas que o rol dos candidatos vai do Papa Francisco ao presidente russo Vladimir Putin. Seria Trump um candidato viável?
O chefe de Estado americano ainda não declarou a guerra mundial pelo twitter como muitos esperam e temem. Porém, já colocou em ação aquilo que incautos acreditavam ser bravatas eleitorais (“pós-verdade”) como a construção do muro na fronteira com o México ou a publicação do decreto migratório que proíbe a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos em fevereiro.
Curiosamente, o anônimo que indicou o nome do presidente americano justificou que o fez por reconhecer em seu líder a busca pela paz através da “força de seu discurso ideológico”.
Olhando a lista do histórico de agraciados do prêmio, criado em 1901, pode-se afirmar contudo que, embora Trump não tenha nenhum motivo para ser indicado, talvez não os tenha para não sê-lo; não tanto quanto outros que levaram o galardão mesmo patrocinando atrocidades históricas.
Assim, não é de hoje que as decisões do comitê do Prêmio Nobel são alvo de críticas e repúdio. Em 1973, o então inimigo número 1 da esquerda, o chanceler Henry Kissinger, ganhou o prêmio ao lado do político vietnamita Le Duc Tho pelo cessar fogo que acabou com a guerra do Vietnã na decisão mais controversa do Nobel.
Isso porque , poucos meses antes, Kissinger e a administração de Nixon não desejavam o armistício e tinham sim intensificado, num último e malogrado esforço de guerra, os bombardeios na Indochina, Laos e Cambodja.
Do outro lado, Le Duc Tho seguiu tocando o terror mesmo após a saída dos EUA do conflito. Em 1975 as tropas do Vietnã do Norte entraram em Saigon, capital do Vietnã do Sul. Le Duc Tho, no entanto, ao contrário de Kissinger, recusou o prêmio.
Obama
Polêmica também foi a entrega do prêmio ao antecessor de Trump, Barack Obama, em 2009, quase ao mesmo tempo em que a imprensa internacional denunciava o bombardeio no Afeganistão de um hospital dos Médicos sem Fronteiras (entidade que ganhou o prêmio em 1999).
Contra o carismático ex-presidente americano pesa ainda o fato de ele tenha sido, a rigor, o líder que autorizou que se hackeasse sem pudor nações amigas e inimigas, no escândalo denunciado pelo ex- agente da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) Edward Snowden (alias, outro dos indicados ao prêmio em 2017).
Sem falar do prêmio dado ao líder palestino Yasser Arafat e ao primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, pelo “esforço em estabelecer a paz no Oriente Médio”. Em função de muitos protestos, um dos membros da comissão do Nobel acabou renunciando.
Em 2017, a academia sueca já surpreendeu ao conferir o Nobel de Literatura ao compositor Bob Dylan pelos mais de cinquenta anos de grande poesia em forma de música folk. A justificativa bem que poderia ser aquela do sujeito que indicou Trump: “a força do discurso” de Dylan.
Há chance de Trump também surpreender e ganhar? Parece que não. Os tempos estão mudando, mas nem tanto.
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