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Livro 1

Orgulho e Preconceito e Zumbis

Jane Austen e Seth Grahame-Smith. Intrínseca, 320 págs., R$ 29,90. Romance.

Uma ideia bizarra essa de Seth Grahame-Smith. Pegar um clássico de Jane Austen (1775-1817) – no caso, Orgulho e Preconceito – e reescrevê-lo da maneira que bem entende – no caso, incluindo zumbis na história. A comédia de costumes manteve os personagens do romance original, mas transformou a heroína Elizabeth Bennet numa exímia espadachim, capaz de decepar cabeças com precisão. Passado o estranhamento inicial e perdoando a "heresia" do autor americano, a paródia de Grahame-Smith é daquelas ideias que se pode invejar. O escritor produziu uma narrativa de leitura rápida, tomada de diálogos e com algumas ilustrações. Os capítulos são curtos e os parágrafos, idem. Essas são características de best-sellers e, de fato, o livro vendeu bem nos Estados Unidos. Tanto que os diretos de adaptação para o cinema já foram adquiridos e boatos dão conta de que Natalie Portman (Closer) deve estrelar o filme e David O. Russell (Três Reis) será o diretor. É, enfim, uma brincadeira bem-sucedida que procura divertir e fazer rir. Qualquer outra expectativa será frustrada. Se a moda pegar, logo haverá um "Dom Quixote contra os Mortos-vivos", ou "Romeu, Julieta e a Múmia". (IBN)

Livro 2

501 Grandes Escritores

Julian Patrick (ed.). Sextante, 640 págs., R$ 39,90. Biografia.

Leitura viciante, o compêndio segue a linha de outros títulos do gênero, também editados pela Sextante, que falam sobre os 1001 discos, filmes e vinhos que você tem que ouvir, ver e beber antes de morrer. O volume dedicado a livros deve sair em breve, apesar de a edição portuguesa já circular no Brasil. 501 Grandes Escritores é organizado cronologicamente, respeitando a data de nascimento de cada autor. Começa com Homero (Odisseia), no século 8 a.C., e termina com J.K. Rowling (criadora de Harry Potter), nascida em 31 de julho de 1965. Faz parte do passeio tentar entender sua lógica e perceber o peso que foi dado a cada um dos nomes incluídos nele. Por exemplo. Nenhum escritor ganha mais do que quatro páginas – regalia de Cervantes, Dante, Shakespeare, Dickens e poucos mais. Os menos expressivos (esse "menos" é relativo) ficam com apenas meia página – e são muitos. A seleção de Julian Patrick é capaz de incluir o britânico Will Self, autor de Grandes Símios, e esquecer o americano David Foster Wallace, de Infinite Jest. Os perfis incluem lista de obras e, em poucos casos, foram mantidos títulos em inglês de livros já traduzidos no Brasil – como na bibliografia de Martin Amis. Há problemas de atualização, como a morte J.D. Salinger, ocorrida em janeiro. O editor inclui uns filósofos (Platão, Santo Agostinho, Rousseau, Montaigne) e ignora outros (Nietzsche é uma ausência notável). Ainda assim, é um livro difícil de largar. (IBN)

Livro 3

O Prazer de Ler os Clássicos

Michael Dirda. WMF Martins Fontes, 360 págs., R$ 65. Crítica literária.

"O prazer de ler os clássicos?", pergunta o ensaísta norte-americano Michael Dirda, conhecido e respeitado pelas resenhas que publica no jornal The Washington Post. Dirda faz o questionamento logo no início do livro cujo título transforma a pergunta numa afirmação, desenvolvida ao longo das 360 páginas.

Mais do que meramente explicar por que vale a pena ler obras consideradas importantes, ele cita livros relevantes pela academia, mas, além disso, aponta para obras que proporcionaram a ele momentos inesquecíveis. Exemplos? As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino, Drácula, de Bram Stoker, Os Maias, de Eça de Queirós.

"Acima de tudo, os grandes livros nos falam de nossos próprios sentimentos e nossas falhas, de nossos devaneios e perturbações tão demasiado humanos", escreve Dirda.

Ler o depoimento apaixonado, derramado e, sobretudo, anti-acadêmico desse pensador é algo emocionante.

Dirda confessa que gosta de ler pelo prazer, porque é bom, faz bem. Ele cita diversos livros que o arrebataram, obras de H.G. Wells, Agatha Christie, Ovídio, Ezra Pound e André Malraux entre outros.

Dirda quer compartilhar com os leitores o que ele considera boa leitura e fazer de seu livro um guia, com muitas sugestões. (MRS)

DVD

A Conversação

Estados Unidos, 1974. Direção de Francis Ford Coppola. Classificação indicativa: 14 anos. Preço médio: R$ 39,90. Suspense.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de melhor filme, A Conversação é um dos títulos menos conhecidos na filmografia do cineasta Francis Ford Coppola, sempre lembrado pela trilogia O Poderoso Chefão e pelo drama bélico Apocalypse Now. Parte desse esquecimento se dá pelo fato de o longa-metragem estar fora de catálogo há vários anos. Isso acabou. A Lume acaba de lançá-lo no mercado nacional em cópia remasterizada, reapresentando esse clássico do suspense a uma nova geração de cinéfilos.

O filme conta a história de Harry Caul (Gene Hackman, em desempenho antológico), um especialista em escutas que tem como objetivo roubar segredos industriais. Harry se vê envolvido em uma trama insólita após gravar, sem querer, um assassinato em seus aparelhos, que hoje ganham um charme extra. O que antes parecia tecnologia de ponta hoje ressurge retrô, senão tosco.

Dirigido com precisão cirúrgica por Coppola, logo após o estrondo e a consagração do primeiro O Poderoso Chefão (1972), A Conversação é uma obra que demonstra amplo domínio do vocabulário de um cinema que mexe com a ansiedade do espectador, o engana e o conduz em um jogo de erros e acertos, à la Hitchcock. Vale a pena ver ou rever com atenção. (PC)

CD

Délibáb

Vitor Ramil. Núcleo Contemporâneo, preço médio: R$ 22,90. Música regional.

"Délibáb é um fenômeno ótico que ocorre nas planícies da Hungria e que poderia ser traduzido como ‘miragem’. A palavra se origina da junção das sílabas ‘deli’ (do sul) e ‘bab’ (de bába, ilusão)", lê-se no encarte do novo disco de Vitor Ramil.

O gaúcho, em parceria com o músico argentino Carlos Moscardini, lança Délibáb, composto de 12 canções e milongas que exaltam a vida no sul e os pampas gaúchos.

O novo álbum reúne músicas compostas por Vitor inspiradas em poemas do argentino Jorge Luis Borges, publicados no livro Para las Seis Cuerdas, e dos versos do brasileiro João da Cunha Vargas, registradas na voz do poeta em fitas cassetes posteriormente publicadas em Deixando o Pago.

As canções não fogem das características intrínsecas à sua obra, que dialogam com a música medieval, com as marchas carnavalescas e ritmos gaúchos. Tudo sob um texto que exalta o ufanismo regional e a poesia provençal.

As gravações do disco aconteceram em Buenos Aires e foram documentadas em vídeo pelo argentino César Custodio. O resultado é o DVD dlb – Délibáb Documen­tal, encartado junto com o disco. O documentário de uma hora mostra ensaios, sessões de gravação e mixagem, além de depoimentos e visitas aos lugares em que os poetas viveram. (CC)

Livro

O Livro da Arte

Vários autores. Publifolha, 512 págs., R$ 66. Arte.

Um passeio pela história da arte da era medieval aos tempos atuais. Esta é a proposta de O Livro da Arte, que ganha nova edição no Brasil pela Publifolha, ao expor em um formato de catálogo obras de 500 pintores e escultores significativos da arte mundial sem a preocupação de se ater às classificações da história da arte.

Logo nas primeiras páginas, o espanto: o que "A Girafa Núbia", de 1827, de Jacques-Laurent, faz ao lado de "Home­na­gem ao Quadra­do", de 1964, do pintor abstrato Joseph Albers? Faça suas relações. Cada artista, de Rodin a Rod­chenko, de Ar­­cim­boldo a Ta­­piès, de Jan Brue­­gel a Pollock, é apresentado com a reprodução de uma obra que reúne suas características mais marcantes, acompanhadas de um pequeno texto com breves orientações sobre a imagem.

Os verbetes se comunicam uns com os outros e são melhor compreendidos com a ajuda de glossários que traduzem os movimentos artísticos e os termos técnicos empregados. O livro traz ainda uma relação dos museus e galerias onde estão as obras com endereços e telefones. (AV)

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