• Carregando...
 |
| Foto:

DVDCantos e Contos (foto 1)Zizi Possi e convidados. Biscoito Fino. Dois volumes. Preço médio: R$ 49,90 (cada DVD). Musical.Não chega a ser uma novidade afirmar que Zizi Possi é uma das melhores cantoras brasileiras, dona de uma linda voz e de uma técnica singular. Porém, a artista tem uma carreira até certo ponto irregular. Depois de um início promissor, no fim dos anos 70, fez uma série de discos mais comerciais, alguns de grande sucesso, na década seguinte, mas não confirmou o potencial que anunciara em seus primeiros registros.Graças aos irretocáveis álbuns Sobre Todas as Coisas e Valsa Brasileira, ambos independentes, Zizi se posicionou entre as grandes intérpretes, para depois voltar a sucumbir ao canto das grandes gravadoras e vender centenas de milhares de cópias com seus CDs de canções em língua italiana, idioma ancestral de sua família.Agora, em comemoração a seus 30 anos de música, Zizi lança dois DVDs nos quais compartilha o microfine com nomes importantes da MPB, como Edu Lobo, Roberto Menescal, João Bosco, Ivan Lins e Alceu Valença. Abre exceção à nova geração, cantando com Ana Carolina e com a filha, Luísa Possi. O resultado é intimista e muito bonito. Sobretudo porque Zizi continua cantando com perfeição (PC)

CD 1

Live at the Royal Albert Hall (foto 2)

Echo & the Bunnymen. Noble Records. Importado. US$25. Rock.

É arrepiante ouvir Ian McCuloch cantar em uma gravação limpíssima de 1983. A banda inglesa Echo & the Bunnymen estava em plena forma, gravando o clássico álbum Ocean Rain (lançado em 1984), mas deu uma parada providencial para fazer um show magistral no Royal Albert Hall, em Londres. O registro chega em nova edição pelo selo Noble.

O que se ouve é um Echo roqueiro, veloz e em sintonia. Grande responsável pelas características audíveis daquela banda – que saiu da penumbra ao lançar o bom The Fountain, em 2009 – estava nas mãos do baterista Pete de Freitas, morto em um acidente de moto em 1989. Pete é vigoroso, e os bunnymen se viram para correr atrás dele.

Isso proporciona momentos únicos, como ouvir uma versão brusca de "Going Up" e de "All that Jazz" – na qual Ian canta com fúria nada contida. Ou versões "peladas" de "Silver" e "Rescue", músicas que ganharam originalidade justamente quando da inserção das cordas, na gravação de Ocean Rain.

O "hit" "The Killing Moon" é virado do avesso. Começa de maneira nada delicada, com a cadência musical do refrão, e prossegue para os versos, cantados também de maneira diferente. Para os fãs, as 17 faixas são um puro deleite. (CC)

Livro 1

O Dia em Que James Brown Salvou a Pátria (foto 3)

James Sullivan. Zahar. 208 págs., R$ 39. Biografia.

Na noite de 5 de abril de 1968, vinte e quatro horas após o assassinato de Martin Luther King, os Estados Unidos presenciaram uma das piores revoltas populares de sua história. Indignada com a cruel morte do líder negro da luta pelos direitos civis, a população afro-americana saiu às ruas das grandes cidades em violentos protestos, que resultaram em 40 mortos, centenas de feridos e 20 mil presos.

Cenário de históricas disputas raciais, a cidade de Boston se preparava para um intenso confronto, que acabou não acontecendo graças ao Pai do Soul, James Brown. Por insistência de Tom Atkins (recém-eleito vereador e primeiro negro da história de Boston a ser eleito para um mandato municipal), Kevin White (prefeito irlandês e católico) e do próprio cantor, a apresentação no Boston Garden foi mantida e transmitida na mesma noite pela emissora de tevê local.

Narrada com ricos detalhes biográficos pelo crítico musical norte-americano James Sullivan, a antológica apresentação de James Brown – também tema do documentário A Noite em Que James Brown Salvou Boston (2008), de David Leaf – revela muito mais que um episódio crucial na história americana. O livro reconstrói a vida e a carreira do polêmico músico, destacando sua relação com o movimento pelos direitos humanos e as lideranças negras da época. (JG)

CD 2

I Speak Because I Can (foto 4)

Laura Marling. Virgin. Importado. Preço Médio: US33,99.Laura Marling despontou aos 17 anos com cara e timidez de adolescente, tateando no seu violão sentimentos obscuros sobre deuses que nunca falharam em assombrá-la ("My Manic and I"), no bom disco Alas Cannot Swin (Virgin), autoral. Seu folk melancólico nunca foi pueril, mas era previsível que alguns anos a mais só lhe fariam bem.

I Speak Because I Can, seu segundo disco, estreou em quarto lugar na parada britânica há duas semanas. Mais madura e confiante, a inglesa reaparece aos 20 anos, demarcando sua personalidade musical. Reafirma a qualidade de criar canções desprotegidas, tempestades emocionais, que soam singelas como não se ouve de suas conterrâneas mais, digamos, espevitadas Kate Nash ou Lilly Allen. Como Nash em "Mariella", canta sobre um personagem que se calou irremediavelmente em "Hope in the Air", mas seu drama é existencial, espiritual. "Por que temer a morte, ter medo de viver?/ Nossos corações são pequenos e sempre diminuindo."

O álbum foi gravado com Ethan Johns, produtor que trabalhou com Ryan Adams e Kings of Leon, respeitando o gosto dela por texturas retrô e sem acabamentos excessivos, para dar às canções como "Goodbye England" ou "What He Wrote" uma beleza sombreada e franca. (LR)

Livro 2

Platero e Eu (foto 5)

Juan Ramón Jiménez. WMF Martins Fontes, 296 págs., R$ 48. Poesia.

Prêmio Nobel de Literatura em 1956, o espanhol Juan Ramón Jiménez (1881-1958) abandonou o curso de Direito para se dedicar à poesia e à pintura. Liberal e progressista, deixou seu país em 1936, ano do golpe militar do general Franco, para se exilar nos Estados Unidos. Mais tarde, passaria uma temporada em Cuba e o fim de seus dias em Porto Rico. Considerado uma das obras-primas das letras espanholas no século 20, Platero e Eu é também sua obra mais conhecida. Embora não seja a primeira tradução do poeta para o português – há até uma versão dos poemas para o público infanto-juvenil –, a edição da WMF Martins Fontes parece ser a mais caprichada. Em capa dura e bilíngue, o volume traz belas ilustrações de Javier Zabala, artista gráfico premiado por trabalhos em livros infantis. A narrativa, construída em primeira pessoa por Jiménez, é toda em prosa poética e segue os passos do poeta Moguer entre duas primaveras, sempre acompanhado do burrinho Platero. A obra costuma ser encaixada no gênero infanto-juvenil, mas isso não faz diferença. Trata-se de boa literatura. O lançamento marca os 50 anos da editora WMF Martins Fontes. (IBN)

Livro 3

Três Contos Ilustrados (foto 6)

Jorge Amado. Companhia das Letras. três volumes. R$ 48. Contos.

Jorge Amado era acima de tudo romancista, mas vez por outra escrevia contos, que passaram despercebidos enquanto o escritor baiano era vivo. Não que os contos não fossem bons, mas foram eclipsados pelo sucesso dos romances. A Companhia das Letras reuniu três contos e publicou-os separadamente, acompanhados por um comentário e por ilustrações. Cada um funciona como uma amostragem do mundo de Jorge Amado. Um condensado dos elementos que formam seus romances. Estão lá o sexo cercado por um misto de sordidez e alegria, os ho­­mens que se guiam por uma moral própria, as autoridades cuja honradez não convence ninguém. De certa forma, os contos têm méritos que os romances não têm: o humor é mais evidente; a ironia, mais refinada. Um bom exemplo disso tudo é o conto, publicado inicialmente em 1965, As Mortes e o Triunfo de Rosalinda, no qual um machão brasileiro conta como matou a amante que ele amava. Escrito na primeira pessoa, é um relato rápido e divertido das aventuras de um homem que amava o sexo, o que o torna um típico personagem de Jorge Amado. (MS)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]