DVD
O Trovador Kerib
(Ashug-Karibi, Geórgia/Rússia, 1988). Direção de Sergei Paradjanov e Dodo Abashidze. Com Yuri Mgoyan, Sofiko Chiaureli e Ramaz Chkhikvadze. Lume Filmes. 77 min. Classificação indicativa: 12 anos. Locação e venda. Preço médio: R$ 41,90.
Tomando como base lendas populares do Oriente, transmitidas de geração para geração por contadores de histórias, muitos deles nômades, este belo filme do mestre Paradjanov é uma fábula sobre o amor e a amizade. O personagem-título (Yuri Mgoyan) é um rapaz de origem muito humilde, dono de um coração bondoso e que se torna conhecido por sua bela voz. Contratado para se apresentar em festas de casamento no que é hoje o território da Geórgia, ele um dia conhece a filha de um rico comerciante turco se apaixona.
Por que ver? Último longa-metragem de Paradjanov, expoente do cinema soviético, mas perseguido por sua postura nacionalista, em defesa dos valores culturais da Geórgia, O Trovador Kerib é um poema em forma de cinema, belíssimo dó primeiro ao último fotograma.
Livro 1
Caninos Brancos
Jack London. Tradução de Sonia Moreira. Penguin Companhia, 296 págs., R$ 28. Romance.
Jack London escreveu dois grandes livros sobre cães, lobos e homens. Em O Chamado Selvagem (Hedra, 2013), escrito em 1903, ele narra a saga de um cão domesticado obrigado a se adaptar à vida na natureza. Três anos depois, fez com Caninos Brancos a narrativa inversa.
O livro conta a história de um lobo nascido no território de Yukon, no norte congelado do Canadá, no tempo em que a corrida do ouro atraiu milhares de garimpeiros para a região.
Capturado antes de completar um ano de idade, é usado como puxador de trenó e obrigado a lutar pela sobrevivência em uma matilha hostil.
Passada a febre do ouro, o lobo é transferido a um inescrupuloso dono, que o transforma em cão de rinha. O animal então se obriga a suprimir seus instintos para sobreviver na civilização.
Preste atenção: O livro é um grande sucesso desde seu lançamento já foi traduzido para mais de oitenta idiomas e adaptado diversas vezes para o cinema, os quadrinhos e a tevê. Esta edição, com a qualidade do selo inglês Penguin, conta com apresentação do escritor Daniel Galera.
Teatro
Murro em Ponta de Faca
Sesi São José dos Pinhais (R. XV de Novembro, 1.800 São José dos Pinhais), (41) 3385-3095. Texto de Augusto Boal. Direção de Paulo José. Hoje às 19 horas. Entrada franca. Classificação indicativa não informada.
Um texto dos anos 1970 de Augusto Boal permite sentir-se em meio às angústias da ditadura. Em Murro em Ponta de Faca, com apresentação única neste domingo no Sesi São José dos Pinhais, um grupo de amigos precisa se exilar no Chile, na Argentina e na França para fugir dos calabouços uma trajetória semelhante à traçada pelo próprio Boal, preso, torturado e condenado ao exílio em 1971. É de sua experiência que ele se nutre para redigir a peça, em 1974. No exílio, ele cria as bases teóricas para seu teatro do oprimido.
No espetáculo, que teve direção de Paulo José a convite de Nena Inoue e foi montado para o Festival de Teatro de 2011, o isolamento forçado se mistura às particularidades do relacionamento entre os amigos. Para Nena, o texto continua atual, porque hoje há novos tipos de exílio, como pessoas obrigadas a morar longe do trabalho e sem acesso a direitos básicos, como boas condições sanitárias e fruição de cultura.
Preste atenção: O cenário aberto, próximo da plateia, e o ótimo figurino são destaques da montagem.
Livro 2
Onda Infinita
Ronaldo Bastos. Zahar, 144 págs., R$ 89,90. Design.
Em tempos de consumo de música no universo do formato mp3, as capas de disco são frequentemente reduzidas a pequenos ícones de baixa resolução um arquivo secundário em meio aos milhares de megabytes que hoje se costuma carregar no bolso. Mas elas já foram parte indissociável da apreciação de um disco, conforme lembra Arthur Dapieve no prefácio de Onda Infinita, que reúne capas produzidas pelo escritório 6D para a gravadora carioca Dubas Música, de Ronaldo Bastos.
O catálogo traz desde nomes como Marcos Valle e Fernando Brant até artistas mais recentes como Fino Coletivo e Momo.
Por que ler? Com as dimensões de um vinil de 10 polegadas, o livro reúne cerca de 70 capas de discos a partir de 2001 as principais acompanhadas por textos que explicam suas histórias e conceitos. É o caso da série Bossa Nova Lounge, de 2001, em que o designer Cesar G. Villela conta ter se baseado em um conceito do famoso teórico da comunicação Marshall McLuhan. A edição traz uma coletânea com faixas de discos lançados pela Dubas.
Livro 3
Um Teto Todo Seu
Virginia Woolf. Tradução de Bia Nunes de Sousa. Tordesilhas, 185 págs., R$ 34. Ensaio.
A dificuldade da mulher para expressar o seu livre pensamento e sua influência na produção literária é o mote do ensaio Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf. Baseado em palestras proferidas pela escritora nas faculdades inglesas de Newham e Girton, em 1928, o texto engloba a posição da mulher como um todo na sociedade e suas dificuldades. No decorrer da fala, ela cita como exemplo a situação de uma hipotética irmã de Shakespeare: provavelmente, se ele tivesse uma irmã tão talentosa quanto, ela provavelmente não conseguiria deslanchar. E essa dificuldade está ligada não somente ao dinheiro segundo ela, as mulheres sempre dispõem de menos recursos financeiros que as possibilitem se dedicar somente à literatura mas também ao reduzido prestígio intelectual da mulher. Há quem ache que as ideias de Virginia podem ser "exageradas" para o nosso tempo, mas muitas reflexões do ensaio ainda são atuais, e nos ajudam, sobretudo, a pensar sobre a produção literária feminina. O livro conta ainda com uma cronologia da vida e obra da autora, e uma seleção de trechos do diário de Virginia.
Não deixe de ler: o posfácio escrito pela crítica literária e colaboradora do jornal Folha de S.Paulo Noemi Jaffe.
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