Livro Paris: A Festa Continuou A Vida Cultural Durante a Ocupação Nazista, 1940-4 Alan Riding. Companhia das Letras. 464 págs., R$ 54. Não Ficção.
O título do livro que faz referência aos relatos de Ernest Hemingway em Paris É uma Festa, explica muito do que está na extensa pesquisa do jornalista Alan Riding, que nasceu no Brasil, mas é filho de britânicos. O momento complexo da ocupação de Paris pelos nazistas entre 1940 e 1944, quando os parisienses eram obrigados, em seu cotidiano, a conviver com a caça aos judeus e com a presença opressiva da Gestapo, surpreendentemente, não estacionou a vida cultural do país, sobretudo na capital.
Riding aborda também uma espécie de "instinto de sobrevivência" que pairou entre as mentes de artistas e intelectuais, que mantiveram silêncio diante do regime, e, em alguns casos, até colaboraram. Essas revelações fazem com que o leitor reflita se os artistas deveriam ter resistido ao regime, mesmo que lhes custasse a vida. No entanto, o texto do autor não tem, em nenhum momento, um tom de julgamento, nem faz "denúncias" sobre determinadas pessoas. A proposta não é falar de heróis ou traidores, mas sim, de descrever a atmosfera sombria e tensa que permeou o período.
Preste atenção: Nos relatos sobre o pintor Pablo Picasso. Naqueles anos, ele era considerado o maior artista vivo e gerava grande curiosidade entre os alemães. Ao contrário de muitos outros que saíram do país, preferiu permanecer em Paris e continuar pintando, mesmo vigiado. Foi um dos artistas que se manteve em silêncio até o fim da ocupação. (IR)
TeatroO Malefício da MariposaAve Lola (R. Portugal, 339 São Francisco), (41) 2112-9924. Direção de Ana Rosa Tezza. 6ª e sáb., às 21h, e dom., às 19h. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Até 17 de junho. Classificação indicativa: livre.
Se pensar em ir ao teatro no fim de semana, escolha O Malefício da Mariposa. Além de ser uma adaptação incrível da peça de mesmo nome do espanhol Federico García Lorca, as apresentações marcam a inauguração do pequeno palco da Ave Lola Espaço de Criação. Aproveite que a temporada foi prorrogada até o dia 17. Em linhas gerais, é isso que você irá ver: numa base que lembra um bucólico gramado, insetos ganham vida enquanto se comunicam em português e espanhol. Há um prólogo, que sugere o quanto a cena vivida por mariposas, besouros e um escorpião pode ser lida como metáfora da vida humana. Curianito, o protagonista, é assediado por uma rica donzela, mas não a ama e não se casará por outro motivo. Então, ele encontra uma encantadora mariposa, por quem se apaixona, e decide enfrentar a maldição que ela carrega.
Preste atenção: Nos figurinos de Cristine Conde, que transformam pessoas e bonecos em insetos muito críveis. Acima de tudo, deleite-se com a interpretação de Alessandra Flores, Janine de Campos e Val Salles, que deixam explícito o quanto a pesquisa de linguagem estendida e cuidadosa permite criar espetáculos completos. O único senão é o assento sem encosto, que pode incomodar alguns. Mas você leva de brinde, na cabeça, a sonora canção do escorpião, com suas "lindas patitas". (HC)
CD 1De Pés No ChãoMarcia Castro. Natura/Deckdisc (Distribuição). R$ 23,90. Pop.
Segundo disco da emergente cantora baiana Marcia Castro, De Pés no Chão traz um surpreendente repertório de releituras de pérolas da música brasileira setentista e contemporânea. Estão ali Rita Lee & Tutti Frutti ("De Pés no Chão", 1974), Jorge Mautner e Gilberto Gil ("Crazy Pop-Rock", 1971), Tom Zé e Hermes Aquino ("Você Gosta"), Cartola e Hermínio Bello de Carvalho ("Catedral do Inferno", 1974), Gonzaguinha ("Pois É, Seu Zé", 1974) e os Novos Baianos (com a famosa "Preta Pretinha", mas também com a obscura "29 Beijos"). Além de achados mais recentes, como "Logradouro", de Kleber Albuquerque e Rafael Altério.
Por que ouvir? A lógica particular da seleção de músicas ganha consistência com interpretações autênticas e bons arranjos. A bela voz de Marcia conduz ora com leveza, ironia e graça, ora com ímpeto uma sonoridade pop fresca e sofisticada que a coloca a par dos trabalhos mais interessantes lançados atualmente. (RRC)
InfantilMacacadaMauricio Veneza com ilustrações de Jean-Claude R. Alphen. Editora Positivo. 23 págs., R$ 28.
Este é um daqueles casos especiais em que texto e ilustração estão tão bem casados dentro do livro que é difícil acreditar que foram feitos por pessoas diferentes. O niteroiense Mauricio Veneza fez o texto, simples e curto, para falar dos macacos que, um a um, vão se agrupando no mesmo galho de árvore. O carioca Alphen ilustrou com muitas cores. Em cada página, aparece um macaco de espécie diferente. Pensado para fazer a criança se familiarizar com os números, o livro conta uma historinha simples, mas eficiente, usando versos bem curtos. As ilustrações são muito bonitas.
Para quem é recomendado? Macacada pode ser lido pelos pais para crianças pequenas ou em fase de alfabetização. Também atrai os maiorzinhos, que já aprenderam a ler, graças ao apelo das ilustrações e ao humor presente na história. (MS)
CD 2The Ballad of John HenryJoe Bonamassa. Som Livre. R$ 24,90. Blues.
O guitarrista Joe Bonamassa fez uma miniturnê no Brasil na semana passada, com passagens pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Os shows do músico norte-americano por terras brasileiras coincidem com o lançamento de três álbuns solos dele no país. Um dos discos é The Ballad of John Henry lançado no exterior em 2009 que reforça a fama de Bonamassa como o "Eric Clapton da renovação" do blues. Com uma guitarra marcante, solos fortes e uma base de apoio da melhor qualidade, o bluseiro de 35 anos faz parte de uma geração que sinaliza a volta com força do blues à vitrine da música mundial.
Preste atenção: Na faixa "The Great Flood", os solos de Bonamassa dialogam com o sax de David Woodford. Em "Lonesome Road Blues" é perceptível uma certa influência de B.B. King, para quem o guitarrista abriu um show quando tinha apenas 11 anos. A música de Bonamassa atualiza o ritmo negro sem deixar de lado a formação original do blues. Ela agrada a iniciados e a iniciantes. (RMM)
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