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Música

Coleção Chico Buarque

20 livros-CDs. Editora Abril. Preço do volume 1: R$ 7,90. Preço dos demais volumes: R$ 14,90 cada. MPB

Qual a sua canção favorita de Chico Buarque? E o disco de que mais gosta? Perguntas difíceis de responder, especialmente para quem é fã do compositor e escritor. De olho nesses aficionados, a editora Abril lança, a partir deste fim de semana, uma coleção imperdível. O pacote traz 20 discos originais gravados pelo artista em diversos períodos da sua carreira, todos com as capas originais.

Cada CD vem acompanhado de um livreto que, além de informações biográficas, reconstituem o processo de criação do disco. O primeiro volume, álbum de 1978 que leva o nome do compositor, chega às bancas e li­­vrarias a (pasmem!) R$ 7,90. Inclui clássicos como "Cálice", "Apesar de Você" e "Pedaço de Mim". Os demais custarão R$ 14,90.

Por que comprar: Além, obviamente, das músicas fantásticas de Chico, nas 44 páginas do livreto o leitor fica sabendo dos bastidores de criação e gravação de cada faixa. Intérpretes, músicos e parceiros, como Caetano Veloso, Toquinho, Francis Hime e a "mana" Miúcha relatam, com exclusividade, episódios da convivência com o compositor. (PC)

CD 1

Perfil.

Seu Jorge. Som Livre. preço médio: R$ 24,90. MPB.

Jorge Mário da Silva, mais con­hecido como Seu Jorge, estreou no mercado fonográfico em 2001 como artista-solo, com Samba Esporte Fino. Desde então, escreveu seu nome na história da música popular brasileira. Autor de canções melódicas, fez muita gente dançar ao som de canções como "Carolina" e "Burguesinha", nas quais traça retratos contemporâneos do país.

Depois de menos de uma década, esta antologia dá conta de várias nuances, incluindo parcerias, como "É Isso Aí", versão para "The Blower’s Daughter", na qual divide os vocais com Ana Carolina.

Por que ouvir: Seu Jorge é autêntico, quando canta, quando atua e mesmo ao conceder entrevistas. Ex-sem teto, foi "descoberto" pelo genial Paulo Moura, que o convidou para uma audição que iria abrir muitas portas para esse artista incomum.

Perfil funciona para quem conhece a trajetória já consagrada do cantor e compositor carioca, mas o álbum também é porta de entrada para quem não o conhece. (MRS)

CD 2

Time Flies...

1994-2009. Oasis. Som Livre/ Sony. Preço médio: R$32,90. Rock.

zEles não eram arrogantes, só acreditavam ser a maior banda de rock do mundo. Mas o sonho dos irmãos Gallagher acabou neste ano, ao confirmarem o fim do Oasis. Com os shows que fizeram pelo Brasil em 2009 (São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro), pudemos ver a raspa do tacho de um grupo que fez história e levou a pose rock star quase ao limite, mesclando declarações históricas e picuinhas internas, regadas a muitos pints de cerveja inglesa.

Para relembrar o que sobrou de melhor, a Som Livre lança a coletânea Time Flies... 1994-2009, disco duplo que traz 26 singles e "Sunday Morning Call", faixa escondida ao final do segundo CD.

Por que ouvir: A história de 15 anos do Oasis está bem representada. Começa, claro, com as guitarras insinuantes de "Supersonic" (do álbum Definitely Maybe, de 1994), passa pela fossa com classe de Stop Crying Your Heart Out (que salvou o álbum Heathen Chemistry, de 2002) e chega a "I’m Outta Time", presente em Dig Out Your Soul (2008), último disco de estúdio dos Gallagher. (CC)

Site

Inspired by Iceland

www.inspiredbyiceland.com

Após a erupção do vulcão Eyjafjallajokull, em abril deste ano, uma nuvem de fumaça é a primeira imagem que vem à cabeça quando o assunto é a Islândia. As belas paisagens do país e a impressionante cena musical de lá acabam ficando em segundo plano, atrás da névoa vulcânica.

Para reverter essa situação e recuperar o setor turístico, bastante prejudicado pela erupção, o governo islandês criou a campanha Inspired by Iceland.

No site da campanha encontra-se de tudo sobre a Islândia: como chegar, o que ver, o que comer e, principalmente, o que ouvir. Isso porque estão lá, disponíveis e na íntegra, todos os shows do evento Inspired by Iceland, realizados no primeiro dia de julho, ao lado de um lago da capital Reykjavik e transmitidos ao vivo pela internet.

Por que navegar?O line-up é caprichado e traz uma boa mostra da música que vem sendo criada por aquelas bandas – nomes já conhecidos do grande público, como Glen Hansard (do filme Apenas uma Vez) e Damien Rice –, e outros ainda pouco divulgados, mas não por isso menos talentosos, como Amiina (instrumentistas colaboradoras do Sigur Rós), Seabear, For a Minor Reflection, Dikta, Pondus, entre outros. (JG)

Televisão

You Don’t Know Jack

Estados Unidos, 2010. Direção de Barry Levinson. Segunda-feira (30), às 22h05, no canal pago HBO; quinta-feira (2), às 18h20, e domingo (5), às 22h, na HBO 2.

As recentes escolhas de Al Pacino para o cinema – filmes fracos como As Duas Faces de Lei – pareciam indicar uma fase artística negligente, o epílogo chato de uma carreira brilhante. Mas o ator tem mirado na televisão para sair da zona de conforto. Em You Don’t Know Jack, uma produção da HBO, Pacino interpreta Jack Kevorkian, o médico norte-americano que causou polêmica nos anos 80 ao defender o suicídio assistido em doentes terminais. Em uma interpretação vigorosa, do mesmo nível daquelas empregadas na construção de Tony Montana e Michael Corleone, Pacino deixa evidente todas as contradições do "Doutor Morte" e escancara os graves escorregões éticos e morais de um médico que adota o direito à eutanásia como bandeira.

Por que assistir: Al Pacino surpreende. Em 2003, ele já havia estrelado outra grande produção da HBO, a minissérie Angels in America, que ganhou vários prêmios Emmy, mas merecia Oscar – não fosse o fato de a Academia excluir produções para a tevê. (JPP)

Livro

Em Trânsito

Alberto Martins. Companhia das Letras, 112 págs., R$ 33. Poesia.

Há uma simplicidade aparente na poesia de Alberto Martins. Mas, assim como é complexo fazer pratos simples na cozinha (coincidência, Café-com-leite e Feijão-com-arroz é o nome de outro livro do escritor e artista plástico), é difícil criar versos descomplicados capazes de lidar com a realidade que retratam. Os poemas do autor paulista dão a impressão de que não poderiam ter sido feitos de outro jeito: "um homem de casaco/ atravessa a rua/ com seu cão// faróis/ atrás das árvores/ arremessam sua sombra/ contra o muro alto/ da esquina// – um homem com seu cão –// o que permanece dele em mim/ que atravesso a rua/ para comprar pão?".

Por que ler: Poesia bem-feita tem um poder conversor. É capaz de transformar em leitor de versos quem nunca teve paciência para o gênero. Abra Em Trânsito na página 73, do poema "Uma Foto de Robert Capa (1913-1954)" e se converta: "cinco ou seis homens/ mergulhados na lama/ até a cintura/ Não posso sentir/ a água subindo/ dentro das botas/ nem os líquidos/ que vazam nos uniformes/ Mas vejo a foto e sei/ que numa fração de segundo/ estarão mortos/ Posso também abrir os olhos/ e aprender a morrer". (IBN)