DVDPinaAlemanha, 2011. Direção de Wim Wenders. Documentário. Classificação indicativa: 12 anos. Imovision. Apenas para locação.
Quem gosta de documentários biográficos em tom didático-pedagógico, que contam a vida do personagem do berço ao túmulo, vai ficar confuso, senão decepcionado, diante da experiência de assistir a Pina. O filme em 3D de Wim Wenders faz questão de não ser uma obra sobre a coreógrafa alemã, que morreu em 2009, aos 68 anos, de câncer. É dedicado a ela e ao seu legado, o abordando como organismo vivo, pulsante e em movimento, para além da existência da artista. É um espetáculo poderoso.
Preste atenção: "seja um pouco mais louco" ou "supreenda-me" são alguns dos conselhos que Pina costumava dar a seus bailarinos, que são ao mesmo tempo personagens e atores no comovente espetáculo audiovisual regido pelo diretor de Asas do Desejo (1997). Em alemão, russo, inglês, francês, português, espanhol ou japonês, entre outros idiomas, eles contam, muitas vezes em depoimentos sobrepostos a suas próprias imagens em silêncio, sobre o impacto transformador de terem convivido e compartilhado experiências criativas com Pina, para quem o trabalho era uma obsessão, um vício. Uma das fundadoras de uma vertente da dança que dialoga intensamente com outras manifestações das artes cênicas, Pina queria mais do que pensar o movimento: buscava conhecer as motivações que o desencadeiam, para talvez, em certa medida, compreendê-las. (PC)
CDCentipede HzAnimal Collective. Domino. Importado. Preço médio: US$ 7,99. Rock.
Depois do sucesso estrondoso de crítica e público do oitavo disco, Merriweather Post Pavilion (2009), o novo álbum do Animal Collective, Centipede Hz, chegou às lojas americanas no mês passado e deve ser lançado no Brasil em outubro pelo selo Vigilante, da Deck Records. O quarteto americano imprime novamente seu experimentalismo com elementos eletrônicos e o rock, que surge com mais contundência nas onze faixas inéditas do disco.
Por que ouvir? Embora a audição de Centipede Hz possa ser inicialmente desconfortável para quem gosta de sonoridades mais leves, ou de linguagens mais inteligíveis mesmo em gêneros mais pesados, o álbum é dos mais instigantes e positivamente desafiador em sua estranheza uma das virtudes do Animal Collective. Ao mesmo tempo que vibrante, pode ser perturbadora a psicodelia eletrônica que permeia o disco, já que a banda não é econômica e nem tampouco sutil ao preencher o espectro dos arranjos com ruídos, texturas, loops e sons penetrantes. Mas, por meio deste interessante excesso sonoro, surgem ritmos poderosos e ótimas melodias. (RRC)
Blog3 Filhos de Franciscohttp://tresfilhosdefrancisco.wordpress.com/
Em meio às indicações de discos e livros desta página, uma sugestão de leitura saída não de um artista, mas de uma mãe de três filhos que escreve bem. A comunicadora social Mariane Maciel postava no Facebook os fatos e falas engraçadas de seus três pimpolhos, Rebeca (5 anos), Bianca (2,5) e Felipe (1). A repercussão positiva entre amigos a levou a promover o desabafo coletivo ao patamar de blog. 3 Filhos de Francisco, em referência ao nome do marido, reúne relato de situaçõs prosaicas, como o dia em que Rebeca sumiu na piscina porque queria avisar uma moça de fio dental que a calcinha dela estava no bumbum. Outros posts são dicas da Mariane sobre como deixar a casa aparentemente organizada após as 18 horas, o que fazer quando os filhos aprendem palavrão etc. Entre as revelações, a experiência desta "trimãe" com a surpresa das pessoas ao conhecer a "gangue", que é como ela carinhosamente se refere à família. "Não dá para sair de casa sem ser notada. Nós lotamos as salas de espera, entupimos os corredores dos mercados e dominamos o parquinho. Às vezes em meio ao meu caos observo pais caminhando linda e calmamente com um ou dois filhos e penso: três não é para qualquer um."
Para quem é? Acesse o blog se você é pai ou mãe de crianças e deseja verificar que sua dificuldade em educar (limpar, organizar, carregar para um lado e para o outro) não é só sua. Ou se simplesmente quiser dar umas risadas. (HC)
CDNum Dia, no OutroSeis com Casca. Azul Music. R$ 20. Instrumental.
Grupo formado por piano (Bruno Monteiro), guitarra (Potiguara Menezes), clarinete (Diogo Maia), violino (Nikolay Iliev), contrabaixo (Mauricio Biazzi), vibrafone e bateria (Nath Calan), o Seis com Casca se propõe a combinar a sofisticação instrumental do erudito com elementos da cultura tradicional brasileira. Neste CD eles exploram um repertório variado e às vezes inusitado. "Adiós Nonino", de Piazolla ganhou arranjos que o aproximam de uma sonoridade brasileira sem chegar a agredir esta peça magistral do argentino. Em "Two Kites", de Tom Jobim, ao contrário, não se percebe muita inovação. Piazzolla volta em outras faixas ("Milonga del Angel" e "Concierto para Quinteto"). São os grandes momentos do disco. A experiência de brincar com um novo arranjo para o Hino Nacional Brasileiro não foi mal sucedida, mas não acrescenta nada ao CD.
Por que ouvir? O Seis com Casca faz música instrumental acessível, mas que passa longe da "música de elevador". São interpretações suaves, nas quais os instrumentos conversam entre si sem desaparecem individualmente. Os seis músicos conseguem ser deliciosamente virtuosos. (MS)
LivroAs Melhores Entrevistas do Rascunho, Vol. 2Vários autores. Organização de Luís Henrique Pellanda. Arquipélago Editorial, 288 págs., R$ 39. Entrevistas.
A segunda coletânea das melhores entrevistas do jornal literário Rascunho, fundado em 2000 pelo editor e diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira, segue os moldes do primeiro volume. Neste, as entrevistas com quinze autores foram selecionadas entre quase 200 já feitas nos 12 anos do jornal mensal, por um time variado de jornalistas, entre eles o próprio Rogério Pereira, o escritor curitibano Márcio Renato dos Santos e o editor da Gazeta do Povo, Irinêo Baptista Netto. Entre os entrevistados, nomes representativos da literatura nacional, como Affonso Romano de SantAnna, Ruy Castro, Marçal Aquino, Joca Reiners Terron, Ariano Suassuna e Miguel Sanches Neto.
Por que ler? Longas e abrangentes, as entrevistas oferecem ao leitor não apenas um panorama da produção literária do Brasil das últimas duas décadas, mas também permeiam grandes questões importantes acerca de temas como política, sociedade, história e, obviamente, literatura. (YA)