CD 1
Elo
Maria Rita. Warner Music. Preço médio: R$ 29,90. MPB
Lançado com tiragem inicial de 100 mil cópias, um número e tanto para o atual momento do mercado fonográfico brasileiro, Elo não era para ser o quarto álbum de Maria Rita, que planejava fazer disco novo apenas em 2012. Só que a Warner Music, gravadora da artista, impaciente com o hiato de quatro anos que se abriu em sua carreira desde Samba Meu (2007), cobrou um novo título. A saída acabou sendo reunir canções que a filha de Elis Regina havia cantado em shows ao longo dos últimos dez anos, mas não estavam registradas em CD.
Por que ouvir? Apesar de não ser exatamente resultado de um projeto elaborado, como conceito e unidade próprios, Elo é um bom disco, porque reúne canções de qualidade, na voz de uma cantora competente. À exceção de "Coração em Desalinho" (Monarco e Ratinho), música de abertura da novela Insensato Coração (2011), o resto do álbum é inédito em disco na voz de Maria Rita conta com várias regravações, como "Menino do Rio" (de Caetano Veloso), "A Outra" (de Marcelo Camelo), "A História de Lilly Braun" (de Chico Buarque e Edu Lobo), "Só de Você" (Rita Lee e Roberto de Carvalho) e "Nem um Dia" (de Djavan). Entre as "novas", que já figuram no repertório do atual show da cantora, está o belo samba intimista "Pra Matar Meu Coração", de Daniel Jobim e Pedro Baby. (PC)
Livro 1
Crash Uma Breve História da Economia, da Grécia Antiga ao Século XXI
Alexandre Versignassi. Leya, 320 págs. Preço médio: R$ 39,90. História
Na linha dos livros de "curiosidades históricas", que vêm se popularizando nos últimos anos, Crash não é uma obra de história da economia nem um manual do tema. Versignassi costura fatos do passado inflação em Roma, bolha das tulipas na Holanda com fenômenos econômicos recentes, como a hiperinflação brasileira e a crise de 2008. O argumento, correto, é o de que é possível perceber repetições nos erros que levam aos grandes desastres econômicos. As curiosidades, que ficam longe de ser um resumo da história econômica global, são pontuadas de descrições simples de conceitos que, algumas vezes, não podem ser levadas ao pé da letra pelo leitor (se fizer isso, pode entender que o Banco Central controla a emissão de títulos do governo e ignorar a âncora cambial na montagem do Plano Real, por exemplo).
Para quem? Com texto simples, o livro de Alexandre Versignassi pode agradar aqueles que querem entender melhor os mecanismos da economia, mas não têm a pretensão de entrar na Bolsa de Valores no dia seguinte. (GO)
Livro 2
O Bigode / A Colônia de Férias
Emmanuel Carrère. Objetiva. Tradução de André Telles. 264 págs. Preço médio: R$ 39,90. Ficção
Esta edição dos livros-contos que Carrère escreveu em 1985 e 1995, respectivamente, reapresenta ao leitor brasileiro duas pérolas da literatura francesa contemporânea. A Colônia de Férias tem um aparente realismo: conta o drama de Nicolas, garoto diferente dos demais que é conduzido pelo pai a um acampamento de esqui. O relacionamento atribulado com o grupo é agravado pelos terrores internos do menino. Alguns medos devem ser imaginários, mas outros se mostram cada vez mais justificáveis.
Já em O Bigode, a psicologia do personagem é que está no primeiro plano, e o leitor apenas vislumbra fachos da realidade aqui e ali. Um homem tem um gesto de inesperada ousadia e se barbeia totalmente, como há muito tempo não fazia. Em seguida, fica surpreso ao se deparar com um complô: ninguém, nem mesmo sua mulher, percebe a mudança no seu rosto. Estaria o problema com ele ou com os outros?
Prepare-se: A profundidade psicológica dos personagens, real ou ficcional, exige na leitura de ambas as histórias um exercício da imaginação. Não espere um relato previsível. (HC)
CD 2
Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo
Mariana Aydar. Universal. Preço médio: R$ 25. MPB.
A cantora paulista Mariana Aydar, que chegou a fazer parte de uma banda de forró e acabou conhecida como cantora de samba em seus dois primeiros discos, Kavita 1 (2006) e Peixes, Pássaros e Pessoas (2009), apresenta um trabalho com referências mais diluídas em Cavaleiro Selvagem Aqui Te Sigo. O disco tem 13 faixas, entre gravações inéditas, regravações e músicas de autoria da própria Mariana todas produzidas e arranjadas em parceria com o maestro Letieres Leite, da renomada Orkestra Rumpilezz, com quem ela tocou no palco secundário do Rock in Rio. É do megafestival, aliás, que muita gente pode ter visto a cantora pela primeira vez, em sua participação no show da banda Snow Patrol, embora suas músicas tenham integrado trilhas sonoras da Rede Globo. O novo álbum, com um repertório bem escolhido e uma sofisticada mistura de referências que vão de ritmos do Norte e Nordeste a afro-brasileiros tem qualidade para firmá-la artisticamente.
Preste atenção: em arranjos como os de "Não Foi em Vão" e "Cavaleiro Selvagem", que trazem naipes de sopros feitos por Leite, em composições como "Porto", de Rómulo Fróes e Nuno Ramos, e a ótima "Os Passionais", de Dante Ozetti e Luiz Tatit, além da participação de convidados como o sanfoneiro Dominguinhos. (RC)
Livro 3
O Melhor de Stanislaw Ponte Preta
Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti. Ilustrações de Jaguar. José Olympio, 367 págs. Preço médio: R$ 39. Crônicas.
O jornalista Sérgio Porto, vitimado aos 45 anos por um infarto fulminante em 1968, produziu material suficiente para três vidas. Entre publicações nas revistas Sombra e Manchete, nos jornais Última Hora, Diário Carioca e Tribuna da Imprensa, escreveu para a rádio e para a televisão, nos primórdios da TV Excelsior. Stanislaw Ponte Preta, seu alter-ego mais famoso, é responsável por alguns dos textos mais hilariantes da crônica nacional. Neste livro, organizado pelo crítico Valdemar Cavalcanti, são resgatados alguns dos melhores artigos do autor, ilustrados pelo cartunista Jaguar.
Por que ler? Em O Melhor de Stanislaw Ponte Preta estão os personagens mais representativos da carreira do escritor, como a sabe-tudo Tia Zulmira um protótipo do personagem Zelig, de Woody Allen o malandro e contraventor Primo Altamirando e o atrapalhado e confuso Rosamundo. Dividindo 20 contos por personagem, o conjunto do livro dá a noção da irreverência e da malícia do jornalismo carioca que fez a história do gênero no Brasil no século 20. (YA)