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Artes VisuaisVictor ArrudaVários autores. Casa da Palavra, 300 págs., R$ 130. Pintura/Desenho.

Toda a trajetória em texto e imagens do artista plástico Victor Arruda pode ser conhecida no livro homônimo, que reúne mais de 400 obras, entre pinturas e desenhos. Nascido em Cuiabá, Arruda é um dos nomes de destaque na arte contemporânea brasileira. A edição percorre quatro décadas de produção, que são analisadas por curadores e críticos de arte como Adolfo Montejo Navas, Frederico Morais e Paulo Sérgio Duarte, além do psicanalista Chaim Samuel Katz e do poeta Eucanaã Ferraz. A leitura feita por profissionais diversos não poderia ser diferente, já que o trabalho do artista retrata circunstâncias ímpares. Quem gosta de obras de arte com temática mais realista também apreciará as pinturas de Arruda, sempre ligadas à sociedade e à hipocrisia. O artista costuma dizer que seus desenhos expressam, antes de mais nada, situações humanas "geradoras de angústia e confusão". O livro também traz uma cronologia da vida do artista, com os principais acontecimentos ano a ano.

Preste atenção: Nas obras inspiradas nos quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro, do final da década de 1970, cujas telas são praticamente sucintas HQs. Muito criticado pelo trabalho, que foi exposto em 1976 no 25.º Salão Nacional de Arte Moderna, Arruda decidiu ficar sem expor as suas pinturas em público até 1980.

CDBrasilianos 3Hamilton de Holanda Quinteto. Brasilianos/Microservice (Selo). Preço médio: R$ 21,90. Instrumental.

À disposição via internet desde 5 de novembro de 2011 – mesmo dia em que o quinteto Hamilton de Holanda apresentou a Sinfonia Monumental com a Orquestra Sinfônica do Paraná durante a Virada Cultural de Curitiba –, Brasilianos 3 chega agora às lojas físicas. Além da sinfonia em cinco movimentos alusivos aos 50 anos da capital federal, aqui gravada apenas com a formação do grupo – Hamilton de Holanda (bandolim), Daniel Santiago (violão), André Vasconcellos (contrabaixo), Gabriel Grossi (harmônica) e Marcio Bahia (bateria) –, o disco traz outras quatro músicas, incluindo a suíte "Guerra e Paz I", que tem participação magistral de Milton Nascimento, e "Guerra e Paz II", que fecha o disco.

Preste atenção nas belas melodias e nos temas populares que Hamilton, principal referência no bandolim hoje, desenvolve em suas sofisticadas composições. A Sinfonia Monumental, escrita com Santiago, mistura choro, jazz, samba e até moda de viola e rock em seus movimentos que formam uma interessante narrativa sobre a construção de Brasília. O lirismo e a singeleza de músicas como "Saudades de Brasília" se combinam a momentos de explosão e virtuosismo, fazendo de Brasilianos 3 um daqueles discos cheios de contrastes e interessantes do início ao fim.

DVDLevada da BrecaEstados Unidos, 1938. Direção de Howard Hawks. Classicline. Classificação indicativa: 12 anos. R$ 29,90.

Quem, por conta de O Artista, vencedor do Oscar de melhor filme deste ano, anda querendo descobrir clássicos em preto e branco do cinema norte-americano dos anos 1920 e 1930, já tem por onde começar. Levada da Breca é tudo menos silencioso, contudo. Clássico da chamada screwball comedy, gênero da comédia que floresceu com a chegada do som à sétima arte, o filme de Howard Hawks traz Cary Grant no papel de David Huxley, um paleontólogo atrapalhado sem muito talento para as coisas práticas, prestes a se casar com uma megera. Eis que surge em seu caminho uma herdeira amalucada (Katharine Hepburn), disposta a roubar-lhe o sossego e o coração.

Por que assistir? Situações absurdas, personagens tresloucados e diálogos que mais parecem duelos são alguns traços fundamentais dessa modalidade fundamental do cinema hollywoodiano que, em Levada da Breca, atinge um de seus ápices. Com direito até a uma onça brasileira "de estimação", chamada Baby.

TelevisãoDe Lá pra CáDomingos, às 18h, e sextas-feiras, às 20h30, na TV Brasil.

Televisão pode ser inteligente, sim. Prova disso é o programa De Lá pra Cá, da TV Brasil, apresentado por Ancelmo Góis e Vera Barroso. Os dois jornalistas falam de música e história do Brasil, muitas vezes de forma interligada. Os entrevistados são pesquisadores que se debruçam sobre episódios e personagens da vida brasileira. Como Tim Maia, tema do programa que será exibido neste domingo, às 18 horas, com reapresentação na próxima sexta-feira, às 20h30. Nas edições anteriores, os temas foram o Barão do Rio Branco e o primeiro desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro, em 1932. O clima do programa é descontraído, mas as entrevistas são densas e o conteúdo costuma trazer aspectos surpreendentes da história cultural do país. Em Curitiba, a TV Brasil pode ser sintonizada no canal 3 da Net, no canal 14 UHF e por parabólica.

Por que ver? Ancelmo Góis e Vera Barroso estão fazendo um programa inteligente e divertido. Oferecem uma oportunidade de se acompanhar relatos saborosos sobre assuntos que estão fora do radar da tevê brasileira.

LivroMiguel StreetV.S. Naipaul. Tradução de Rubens Figueiredo. Companhia das Letras, 224 págs., R$ 42. Contos.

Aos 23 anos, o hoje prêmio Nobel de literatura Vidiadhar Surajprasad Naipaul, decidiu compor histórias curtas baseadas em suas memórias de infância em Port of Spain, capital de Trindad e Tobago, onde nasceu e passou seus primeiros anos. Após duas tentativas frustradas de escrever um romance, Naipaul escreveu Miguel Street, que só foi publicado quatro anos mais tarde, em 1959, depois do sucesso de seu romance O Massagista Místico. No livro, o autor descreve a vida efervescente da referida rua, onde vivem personagens caricatos, como um homem que planeja sua própria crucificação, outro que joga paciência o dia inteiro e leva no nome a fama de Humphrey Bogart e uma mulher que tem oito filhos com sete homens diferentes.

Por que ler? Miguel Street é uma das primeiras ambientações do escritor em sua terra natal, para onde voltaria muitas outras vezes, em especial em seu romance mais emblemático, Uma Casa para o Sr. Biswas. Aqui há o início da memória afetiva que Naipaul tinha de Port of Spain e do estilo tragicômico e realista que o consagraria décadas depois.

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