DVDLive at Roseland Elements of 4
Beyoncé. Universal. Preço médio: R$ 49,90. Pop.
No mesmo dia em que Live at Roseland Elements of 4, de Beyoncé, chegava às prateleiras dos Estados Unidos, no fim do ano passado, Adele também lançava um show em DVD, o recente Live at the Royal Albert Hall. A princípio, um oceano parece separar o estilo musical da cantora norte-americana da obra de sua colega britânica. Mas essa impressão baseia-se mais no excesso de produção e da valorização da beleza física que permeiam a carreira da ex-Destinys Child do que em diferenças reais. É claro que a apresentação de Beyoncé é um espetáculo performático, com muita dança, coreografias e efeitos especiais. Mas não se engane: ela tem mais conteúdo do que outras megastars do pop, com quem geralmente é comparada. Por baixo de toda a parafernália estética, suas músicas como Adele, ela compõe boa parte do repertório têm excelentes melodias e alta carga emocional, sempre calcadas na era de ouro da soul music, entre as décadas de 1960 e 1970.
Por que assistir? Se quiser ver e ouvir os hits tanto da carreira solo da cantora como de seu antigo grupo, a exemplo de "Say My Name", "Single Ladies (Put a Ring on It)" e "Crazy in Love", eles estão todos neste DVD duplo, que, no entanto, reserva os melhores momentos para músicas novas (e mais orgânicas), como "Best Thing I Never Had" e "Countdown", ambas do seu CD mais recente, 4, bem como para a eletrizante cover de "I Wanna Be Where You Are", famosa na voz de Michael Jackson. Um disco extra contém os videoclipes de faixas do novo álbum. (JPP)
TevêO Fantástico Senhor Raposo
(Estados Unidos, 2009). Direção de Wes Anderson. 87 min. Telecine Cult, nos dias 12, às 22h, e 14, às 18h35.
Filmes inteligentes com animais no "elenco" costumam dar certo, ainda mais quando o diretor da animação em questão é o americano Wes Anderson (de Os Excêntricos Tenenbaums). A trama de O Fantástico Senhor Raposo, que o canal pago Telecine Cult leva ao ar na próxima quinta-feira, com reprise no sábado, é baseada no clássico infantil de Roald Dahl, que retrata uma comunidade de animais afetada pela crise existencial do personagem-título. Ele é bem-sucedido profissionalmente, mas não consegue abandonar o instinto de roubar galinhas. Quando um trio de fazendeiros resolve se vingar, não apenas o Senhor Raposo, sua esposa e seu filho, mas também um coelho, uma doninha e um texugo acabam sendo prejudicados. No centro do problema, a obtenção de alimentos na superfície. No fundo, a luta do líder Raposo com suas próprias limitações. Preste atenção nas lindas composições permitidas pela técnica de stop-motion (em que a animação é feita quadro a quadro com o uso de bonecos e maquetes), como quando o casal conversa em frente a uma cachoeira.
Por que assistir? Um destaque extra da animação está nas vozes de figurões do cinema que dublam os animais na versão original em inglês: George Clooney (Senhor Raposo), Meryl Streep (Senhora Raposa) e Bill Murray (o atrapalhado Badger) foram atraídos para o projeto pelo prestígio cult do diretor. (HC)
CD 1Rave On Buddy Holly
Vários artistas. Universal. Preço médio: R$ 29,90. Rock
A carreira de Buddy Holly foi breve demais. De "Thatll Be the Day", sua primeira música a emplacar nas paradas dos Estados Unidos, até a morte em um acidente aéreo, em fevereiro de 1959, passaram-se menos de dois anos. Mas a obra musical do texano exerceu uma tremenda influência nos rumos do rock-and-roll, principalmente entre os jovens britânicos que estourariam na década de 1960. John Lennon e Paul McCartney não se cansavam de dizer como tiraram de Holly a inspiração para trabalhar com composições próprias nos Beatles. Nesta coletânea, lançada no Brasil no ano passado, artistas de diversos gêneros reinterpretam canções do pioneiro do rock. O vocalista dos Strokes, Julian Casablancas, fica encarregado da faixa-título, enquanto Nick Lowe faz uma excelente versão de "Changing All Those Changes" e Lou Reed praticamente reinventa "Peggy Sue". Black Keys, Fiona Apple, She & Him, Florence and the Machine e o veterano Graham Nash são alguns dos outros nomes que oferecem boas contribuições.
Preste atenção nas duas melhores faixas da coletânea: "Words of Love", totalmente desconstruída por Patti Smith, e "Its So Easy", cover aos cuidados de Paul McCartney, que optou por deixá-la mais lenta do que na versão original. (JPP)
LivroAssim Falou Zaratustra
Friedrich Nietzsche. Tradução de Paulo César de Souza. Companhia das Letras, 360 págs., R$ 42. Filosofia.
No livro Ecce Homo, Friedrich Nietzsche reconheceu valor no pensamento do profeta persa Zaratustra (ou Zoroastro, em sua denominação grega), que viveu no território onde hoje é o Irã entre os séculos 12 e 5 a.C.. "Zaratustra foi o primeiro a ver na luta entre o bem e o mal a roda motriz na engrenagem das coisas a transposição da moral para o plano metafísico, como força, causa, fim em si, é obra sua", escreveu o filósofo alemão. Os discursos do profeta, que desce de sua montanha de meditação para distribuir seus conhecimentos, foram contados por Nietzsche, mesclando filosofia e narrativa em Assim Falou Zaratustra, e publicados no formato atual em 1892, quando o filósofo já estava louco, provavelmente acometido por um cancro sifilítico.
Por que ler? Assim falou Zaratustra é um dos trabalhos filosóficos mais lidos no mundo, tanto por sua riqueza temática quanto por seu estilo híbrido acessível que transita entre filosofia, literatura e religião. A nova tradução do livro é assinada pelo doutor em literatura alemã Paulo César de Souza, reconhecidamente um dos mais importantes comentaristas da obra do filósofo em língua portuguesa. (YA)
CD 2The Rip Tide
Beirut. Som Livre. R$ 29,90. Indie rock/world music.
Para o The Rip Tide, terceiro disco do Beirut lançado no Brasil pela Som Livre, vale o clichê futebolístico: para que mexer no time quando se está ganhando? São nove músicas e apenas 33 minutos de metais variados, um ukelele esperto e melodias doces, agradabilíssimas. Tudo aquilo que fez a banda de Zach Condon se tornar conhecida, enfim, e emplacar até música em novela.
"Santa Fé", a segunda faixa, inova um pouco ao apresentar sintetizadores e batidas eletrônicas. Mas logo os metais se sobressaem, criando uma linda melodia circular. "Goshen" , baseada no piano, se aproxima de trabalhos mais antigos, como "The Penalty" embora sem cativar de primeira. A faixa que dá nome ao disco é quase épica, apresenta instrumentos exóticos e lança o álbum um degrau acima. Mas nada que destoe do jeito Beirut de ser leia-se hipster e fofinho.
Por que escutar? Em The Rip Tide não há nenhuma "Nantes" ou "Elephant Gun", duas das melhores músicas dos norte-americanos. Entretanto, como conjunto, o coeso álbum merece atenção, ainda que por pouco mais de meia hora. (CC)
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