Sitewww.derekridgers.com
Fotógrafo com 30 anos de carreira, o inglês Derek Ridgers foi colega de classe de Freddie Mercury na Ealing Art College, em Londres, e estava presente em momentos cruciais do rock dos anos 1960: assistiu a shows do Pink Floyd com Syd Barrett na formação e à apresentação dos Rolling Stones no Hyde Park em 1968, um dia após a morte de Brian Jones. Também testemunhou importantes eventos da contracultura daquela década e sempre teve fascínio pelos chamados outsiders, grupo de pessoas que vivem à margem da sociedade.
O resultado foram três décadas de trabalho registrando a cena musical, noturna e urbana de seu país como nenhum outro fotógrafo havia feito. Integrou a equipe de veículos como NME, The Face, The Independent, The Sunday Telegraph, The Guardian e The Observer; já ganhou exposições na National Gallery, Tate Modern, Victoria & Albert e Selfridges; e publicou seis livros.
Seus arquivos agora estão disponíveis para visita e compra no site que leva seu nome e percorrer as galerias virtuais de suas fotografias é viajar na história do rock e do pop.
Preste atenção: De Nick Cave a Ayrton Senna, passando pelas origens do movimento punk inglês até os bastidores dos clubes fetichistas da capital britânica, a obra de Ridgers é de uma relevância impressionante e pouco conhecida no Brasil. Vale a pena gastar algumas horas em frente ao computador vasculhando as seções do site, dividido nas categorias Retratos, Bandas, Documentário (Punk, New Romantics, Skinheads, Retratos de Rua, Retratos em Clubes Noturnos), Ao Vivo, Festivais e Outros.
Para os mais afortunados, cópias autografadas das obras podem ser adquiridas por US$ 465 (12x16) e US$ 625 (20x16).
DVDO PalhaçoBrasil, 2011. Direção de Selton Mello. Imagem Filmes. Classificação indicativa: 10 anos. Apenas para locação. Drama.
O Palhaço, segundo longa-metragem dirigido pelo também ator Selton Mello, chegou perto de 1,5 milhão de espectadores no país. O que tornou sua performance ainda mais notável foi o fato de que, ao contrário de outros longas brasileiros que fizeram bonito nas bilheterias nos últimos tempos, não é uma comédia calcada na linguagem televisiva. Se em Feliz Natal, primeiro longa de Selton, o ator parecia muito preocupado em mostrar seu estilo como diretor, agora ele acertou em cheio. Tanto em frente quanto atrás das câmeras.
Por que ver? É muito tocante a história de Benjamin, o palhaço melancólico, algo deprimido, vivido com brilho por Selton. Filho de Valdemar (Paulo José), com quem ele contracena no picadeiro, ele também divide com o pai, dono do circo, responsabilidades práticas e administrativas da trupe, que se apresenta nos rincões mais profundos do país. Cabe a Benjamin desde conseguir arranjar um sutiã tamanho grande para a palhaça Zaira (a sensacional Teuda Bara, do Grupo Balcão, de Belo Horizonte) até tentar providenciar um ventilador que refresque um pouco a vida suada dos mambembes. Acontece que Benjamin já não dá mais conta de seus conflitos pessoais, da profunda solidão em que se sente mergulhado. Recorrendo a uma estética que, a exemplo do cinema de um Jean-Pierre Jeunet (o diretor francês de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), assume um tom retrô poético que beira o surrealismo, Selton constrói uma história simples, comovente, mas jamais superficial e apelativa.
LivroEstórias AbensonhadasMia Couto. Companhia das Letras, 160 págs., R$ 35. Contos.
Publicado originalmente em Portugal, em 1994, Estórias Abensonhadas é uma coletânea de contos que ilustra um momento crucial na história de Moçambique, terra natal do escritor e biólogo Mia Couto: o renascer do país após os anos da guerra civil de desestabilização, de 1976 a 1992. Tecendo uma série de fábulas que capturam a sensibilidade e as ideias de uma nação jovem, Mia Couto entrelaça fantasia e realidade, como por exemplo, em seu primeiro conto, no qual um cego, após anos guiados por um homem que lhe relata a realidade mágica, passa a ser conduzido pela irmã quando seu antigo ajudante é mandado para a guerra, e perde parte do encanto que tinha pelo mundo anteriormente.
Por que ler? Uma das vozes mais expressivas da literatura lusófona atual, Mia Couto é um dos responsáveis por criar uma identidade cultural moçambicana ímpar, em que se apropria de neologismos e do linguajar popular e confere a ele um lirismo fantasioso no estilo de Guimarães Rosa. Nesta segunda coletânea de contos de Couto publicada no Brasil, o leitor pode se deparar com uma escrita ao mesmo tempo poética e realista.
CDYamandu Costa & Rogério CaetanoDelira Música. R$ 18,90. Instrumental.
Mais uma parceria se soma à inquieta carreira de Yamandu Costa desta vez, com o goiano Rogério Caetano. Os músicos, dois dos maiores violonistas brasileiros, gravaram composições de seus "mestres" Marco Pereira, Hélio Delmiro e Raphael Rabello ("Flor das Águas", "Marceneiro Paulo" e "Choro em Mi Maior"), além de músicas de Lalão, violonista recifense descoberto por Yamandu, e de composições próprias. Os grandes precursores do choro também marcam presença. A valsa lenta "Fidalga", de Ernesto Nazareth e o choro "Vou Vivendo", de Pixinguinha e Benedito Lacerda, se tornam mais sóbrios nos timbres densos dos violões de Caetano e Yamandu.
Por que ouvir? Trata-se de um disco significativo para descobrir o violão, que revela primórdios e rumos da música brasileira em composições de seus antigos e novos compositores tudo com o virtuosismo técnico, a interpretação expressiva e a sintonia apurada dos dois violonistas.
Revistaserrote #10Paulo Roberto Pires (editor). Instituto Moreira Salles, 240 págs. R$ 37,50. Ensaios.
Com a elegância habitual, o Instituto Moreira Salles decidiu fazer da décima serrote (grafado assim mesmo, com letra minúscula) uma edição comemorativa. A revista quadrimestral de ensaios vem com um encarte dedicado à letra D, em uma versão especial da seção "Alfabeto serrote". Nela, vários colaboradores escrevem sobre tópicos como Deus, Diabo e Dry Martini. Outro destaque do número dez é a publicação do texto vencedor do concurso de ensaios promovido pela revista: "Os Duplos de Sebald", de Luciano Ferreira Gatti, que analisa a obra do escritor alemão autor de Austerlitz. De quebra, há uma série de textos de W.G. Sebald associada a fotografias de olhos feitas pelo artista Jan Peter Tripp.
Preste atenção: Vale mencionar ainda o trabalho da artista plástica e cineasta Miranda July, que perfilou pessoas estranhas encontradas em classificados populares nos EUA. "É Possível Definir o Ensaio?", de Jean Starobinski, e a defesa que Lee Siegel faz de John Updike, autor de Coelho Corre, são imperdíveis.
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