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DVD 1

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A Árvore da Vida

Estados Unidos, 2011. Direção de Terrence Malick. Imagem Filmes. Classificação indicativa: 10 anos. Apenas para locação. Drama

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Fotos: Reprodução

Há os que odeiam e os que amam A Árvore da Vida, mas muito poucos conseguem ficar indiferentes ao mais recente trabalho de Terrence Malick, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano. Ainda em cartaz em Curitiba – apesar ou por causa do choque de opiniões que acaba provocando –, o filme tem como foco central a vida íntima de uma família de classe média no interior do Texas, mesma região onde o diretor nasceu, em meados da década de 1950. Sob o controle rígido de uma figura paterna (Brad Pitt, em atuação memorável) ao mesmo tempo autoritária e terna, mas sobretudo em crise identitária, três meninos, todos muito próximos da mãe (a ótima Jessica Chastain), também oprimida pelo marido, atravessam uma infância aparentemente calma, mas repleta de sobressaltos emocionais. Na idade adulta, o mais velho (Sean Penn) vive angústia de tentar se reconciliar com o passado.

Preste atenção: Em uma escolha criticada por muitos, Malick insere no filme, que foge muito aos padrões do cinema narrativo convencional, uma discussão filosófica viajante sobre a origem do universo e a evolução das espécies. Traça um paralelo, nem sempre claro para alguns, entre a relação de amor e fúria do pai com seus filhos e o que seria o vínculo conturbado de um Deus com sua criação.

DVD 2

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Tristeza – Live 1970

Baden Powell Quartet. MPB. Coqueiro Verde. Preço médio: R$ 29,90. SAMBA

Há uma cena em Baden Powell Quartet – Tristeza – Live 1970 – que dá conta de confirmar a genialidade do compositor e violonista brasileiro. Na música "Tristeza e Solidão", o carioca dedilha seu violão freneticamente, parece estar em transe, e mesmo assim mantém, de maneira improvável, um cigarro na mão direita.

Este registro histórico, lançado pela Coqueiro Verde, foi feito durante a passagem do Baden Powell Quartet por Säarbrucken, na Alemanha, em novembro de 1970. Era a época áurea dos afrossambas brasileiros, que já ganhavam o mundo.

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No repertório, "apenas" nove músicas, que não são poucas quando se fala em Baden, justamente porque são intensas. A primeira é "Manhã de Carnaval" (Luis Bonfá/ Antônio Maria), seguida por uma extraordinária versão de Tristeza "Haroldo Lobo/ Niltinho). A parceria com Vinicius surge em "Tristeza e Solidão", e até "Garota de Ipanema" ganha uma versão instrumental incrível. Dulce Nunes aparece em uma faixa, com sua voz inconfundível.

Raridade: Apesar da qualidade não ser aquelas coisas, o DVD é um importante registro – e um dos poucos – das apresentações do quarteto, também formado por Helio Schiavo (bateria), Ernesto Gonçalves (baixo) e Alfredo Bessa (percussão). Durante todo o registro, Baden Powell parece estar em outro mundo, deixando seu violão surrado conduzir o concerto. É com essa mesma sensação que ficamos ao ver e ouvir o mestre.

Livro Eu Vi o Mundo

Cícero Dias. Cosac Naify, 256 págs. Preço médio: R$ 55. Memórias.

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O pernambucano Cícero Dias (1907-2003) foi um dos mais importantes pintores brasileiros do século 20. Perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas, deixou o Brasil e fixou-se em Paris, cidade que adotou e onde permaneceu até o fim da vida. Na França, foi amigo de artistas como Pablo Picasso, e acompanhou de perto todos os movimentos da arte moderna. Sua vida curiosa e intensa pode ser conhecida por meio de suas próprias palavras no livro Eu Vi o Mundo, lançado recentemente pela editora Cosac Naify. A narrativa do pintor, nem sempre linear, consegue dar ao leitor um bom panorama sobre suas experiências. Inacabado por conta de sua morte em 2003, a obra foi finalizada pela francesa Raymonde Dias, sua companheira por mais de 60 anos.

Por que ler? Pela leveza e humor dos relatos, quando conta, por exemplo, da reação dos pais ao revelar que gostaria de ser artista. "Meu pai se conformou e me ajudou materialmente. Porém, outros da família me julgavam louco. Essa auréola me adornou a cabeça de pintor: verdadeiro gênio do mal, um renegado, um marginal". Outro ponto interessante é a seleção de imagens, com fotografias raras e os desenhos de figurinos que Cícero Dias criou para um balé de Mário de Andrade.

Relançamento

Chatô – O Rei do Brasil

Fernando Morais. Companhia das Letras, 624 págs., Preço médio: R$ 46. Biografia.

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Publicada originalmente em 1994, a biografia do magnata da comunicação brasileira, Assis Chateaubriand, o Chatô, é relançada agora pela Companhia das Letras em edição econômica. O livro conta como o paraibano conquistou seu império de mais de cem jornais, revistas e estações de rádio, o famoso conglomerado dos Diários Associados, e como ele trouxe os primeiros televisores para o Brasil, para montar a TV Tupi, a primeira de muitas emissoras de televisão que seriam inauguradas a partir da década de 1950. Mais temido do que amado, Chatô também atuou como senador da República de 1952 a 1957.

Por que ler? Com uma narrativa acessível e fluente, Fernando Morais desvenda um pouco da personalidade controversa de Assis Chateau­briand, considerado por muitos visionário, empreendedor e pioneiro, e por outros um patife, chantagista, ladrão e tarado. Mais do que isso, mostra como o empresário esteve atrelado à vida política e cultural do país por quase meio século, sendo peça indissociável da história brasileira.

CDNew Blood

Peter Gabriel. EMI. R$ 34,90. Pop/Rock.

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No ano passado, o cantor e compositor inglês Peter Gabriel decidiu trocar a roupagem pop de suas músicas para dar lugar, exclusivamente, a arranjos orquestrais. Ao lado da gigante New Blood Orchestra – grupo com 46 músicos, que vem ao Brasil com Gabriel para uma apresentação hoje, no festival SWU – gravou Scratch My Back, em que fez releituras para suas canções favoritas de outros artistas (David Bowie, Bon Iver, Paul Simon e Elbow, entre eles).

Para sair em turnê com o grupo, Gabriel precisou encorpar o repertório do show com canções de sua autoria e optou por recriá-las em versões para orquestra. Para isso, convocou o arranjador John Metcalfe (The Bays and The Heritage Orchestra) e selecionou entre sua vasta obra as canções que poderiam render uma "jornada" mais interessante.

Ou seja, no recém-lançado New Blood, que reúne essa produção, você não vai ouvir releituras para os hits "Sledge Hammer" ou "Games without Frontiers". Mas sim, versões surpreendentes de canções menos familiares de Gabriel.

A começar pela ausência da percussão pop na ousada "The Rhythm of the Heat". Embalado por cordas, o músico faz dueto com a filha Melanie na comovente "Downside Up" e emociona na versão quase inalterada de "San Jacinto". "Mercy Street" mantém a suavidade da gravação original, enquanto que "Digging in the Dirt" funciona muito bem sem soar dançante. Diferente, curioso e bonito do início ao fim.

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