G indica

Livro

Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998)

Imagens: Divulgação

Vários autores. Vários tradutores. Organização de Barretto Gomide. Editora 34, 648 págs., R$ 74.

Parte da Coleção Leste da Editora 34, que se destina a divulgar escritores do Leste Europeu, Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998) reúne contos de 40 autores expressivos da prosa russa. Organizados pelo professor de literatura Bruno Barretto Gomide, a compilação vai do século 18, com "Pobre Liza", de Nilolai Karamzin, até o fim do século 20, com "Um Mês em Dachau", de Vladímir Sorókin, passando por nomes expressivos das letras daquele país, como Dostoiévski, Turguêniev, Tolstói, Nabókov, Boris Pasternak, Bábel, Púchkin e Gógol, entre outros.

Por que ler? Nova Antologia do Conto Russo (1792-1998) é composta quase que exclusivamente por obras inéditas no Brasil e é a primeira coletânea do gênero traduzida diretamente do russo. Passando por dois séculos de escrita de um dos países que mais contribuiu para a literatura mundial, o livro dá a dimensão da variedade temática e estilística da genial prosa russa, comentando cada autor e cada conto com uma breve apresentação. (YA)

Internet

Site Cronópioswww.cronopios.com.br

O portal que promete apresentar a "vivíssima literatura contemporânea brasileira" traz uma explosão de letras e interatividade. No menu de destaque, novos textos de colaboradores, entre escritores, jornalistas e estudantes. À esquerda, comentários de leitores e agenda de eventos literários. No meio, videocasts, mais textos e colunas – como a série "7 Perguntas", que propõe questões abertas a literatos, as quais podem suscitar respostas simples e inspiradoras, como a do poeta Nicolas Behr explicando que amor são "ondas que atravessam o espaço-tempo", e com revelações que aproximam o escritor dos fãs. Nesse menu principal, a profusão de posts antigos em canais como "poesia" e "resenhas" poderia indicar um desleixo na atualização e falta de assunto – pelo menos de acordo com a cultura blogueira. Por outro lado, esse retorno ao passado lembra a entrada numa biblioteca, onde textos mais velhos dividem prateleiras com novidades, anunciando sua relevância eterna.

Por que acessar? O site é mais uma ferramenta de comunicação entre os amantes da literatura, paixão que, apesar de individual, cada vez mais é compartilhada nas redes sociais. Aliás, o próprio Cronópios promete para breve uma revitalização que enviará os leitores para uma "estação hiperespacial". (HC)

DVD

Spartacus – 1ª temporada

Nova Zelândia/Austrália, 2010. Criada por Steven S. DeKnight. 20th Century Fox/Starz. Classificação indicativa: 16 anos. Preço médio: R$ 99,90.

Apesar de ter sido cancelada depois de apenas duas temporadas, em decorrência dos altos custos de produção, a série Roma, da HBO, gerou frutos. Com pitadas de épico histórico e generosas doses de sexo e violência, mas legitimada por bons roteiros e elenco competente, Spartacus é um sucesso internacional. Mesmo tendo perdido o seu protagonista, o britânico Andy Whitfield, que morreu de câncer linfático no início das gravações da segunda temporada e foi substituído pelo australiano Liam McIntyre.

Por que assistir? Com uma estética expressionista ultraviolenta que faz lembrar os quadrinhos de Frank Miller, sobretudo a adaptação para o cinema de 300, a saga de Spartacus, um gladiador trácio que, entre 73 e 71 a.C., liderou um levante de escravos contra os romanos, é menos política do que o filme clássico de Stanley Kubrick (1960), feito ainda sob os ecos da Guerra Fria e do macarthismo. Nesta primeira leva de episódios, o foco da produção é na trajetória heroica do protagonista e seu enfrentamento com o universo dos senhores da poderosa Roma da época na tentativa de resgatar sua mulher, também vendida como escrava. (PC)

CD

Passo Torto

Romulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral YB Music/Phonobase. Preço médio: R$ 19,90. MPB.

O álbum Passo Torto, lançado em novembro, tinha tudo para ser bem recebido, já que reúne músicos que lançaram alguns dos melhores trabalhos do ano no Brasil. O baixista Marcelo Cabral coproduziu Nó na Orelha, do rapper Criolo. O cantor e compositor Rômulo Fróes lançou Um Labirinto em Cada Pé. E o violonista e compositor Kiko Dinucci participou de outro trabalho colaborativo, o ótimo Metá Metá. A aposta foi acertada nesta excelente colaboração – que materializa o modus operandi destes que estão na linha de frente da atual cena paulistana. O álbum está também disponível para download gratuito no site http://passotorto.com.br.

Preste atenção: A coesão nas participações de cada instrumentista reforça a impressão de se tratar de um trabalho coletivo realmente autoral. As canções, todas parcerias muito bem sucedidas, ganham um acompanhamento que salta aos ouvidos em melodias e conversas que são temas à parte – como em "Da Vila Guilherme Até o Imirim" ou "É Mesmo Assim" – e reforçam a qualidade de fácil assimilação do disco. (RC)

Exposição

Zeitsprung – Salto no Tempo

Fotos de Erich Salomon e Barbara Klemm. Casa Andrade Muricy (Alameda Dr. Muricy, 915 - Centro). Até 11 de março de 2012.

Trabalhando em épocas e contextos diferentes, os fotojornalistas Erich Salomon (1886-1944) e Barbara Klemm estiveram presentes em momentos decisivos da história da Alemanha. Ver a exposição que une 100 trabalhos da dupla possibilita entender o país e ver registrado momentos como a separação em Alemanha Oriental e Ocidental e a queda do Muro de Berlim. Além disso, Curitiba é a única capital brasileira a receber a mostra, que segue depois para La Paz, na Bolívia. Salomon, que começou como fotógrafo profissional em 1926, comprou uma câmera sem flash – uma novidade para a época, que o permitiu fotografar uma série de famosos. Ele também foi o primeiro profissional a retratar reuniões políticas de alto escalão na Alemanha, nos Estados Unidos e na França. Já Barbara tem um trabalho essencialmente político e social, com fotografias de imigrantes turcos e retratos de políticos, como um da chanceler alemã Angela Merkel.

Preste atenção na composição das imagens. O fato de ambos serem discretos e ficarem mais na margem de eventos gera na fotografia um efeito menos instantâneo, mesmo no registro de momentos factuais. (IR)