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DVDUm Sonho de Amor

Itália, 2009. Direção de Luca Guadagnino. Paris Filmes. Classificação indicativa: 16 anos. Drama. Apenas para locação.

Um Sonho de Amor, do diretor siciliano Luca Guadagnino, é um dos bons filmes lançados no Brasil em 2011. Embora seja um drama familiar na superfície, é um comentário e tanto sobre a globalização, o caráter predatório do capitalismo cego e a estratificação social. E, visualmente, é lindo, fazendo lembrar, em alguns momentos, a obra do mestre Luchino Visconti. A estupenda atriz inglesa Tilda Swinton, que sabe chegar ao ponto de ebulição sem exagerar, está fantástica como uma angustiada mulher russa, casada com um rico industrial de Milão e presa nas malhas sociais de uma família da alta burguesia que se comporta como se fosse da aristocracia. A vida da personagem começa a mudar quando ela se apaixona pelo melhor amigo do filho mais velho.

Preste atenção: As cenas de amor são lindas. Eróticas de verdade. A edição também é fantástica. Brinca com a imaginação do espectador. Outra coisa que chama a atenção é como o diretor se ocupa dos espaços físicos: os cômodos da casa da família, as ruas de Milão, a igreja ortodoxa em San Remo (que representa a ancestralidade da protagonista), a casa do amante, a natureza. (PC)

LivroA Forma Difícil – Ensaios sobre a Arte Brasileira

Rodrigo Naves. Companhia das Letras, 304 págs., R$ 48.

Publicado originalmente em 1996, a nova edição ampliada A Forma Difícil traz dois novos ensaios sobre os artistas Almeida Júnior e outro sobre Mira Schendel. É obra obrigatória para quem estuda e trabalha com artes, ou quer entender melhor sobre o assunto, já que o autor é um dos maiores críticos de arte do país, e se dedica, há mais de duas décadas, a ministrar cursos livres sobre história da arte. O livro faz uma interpretação da arte brasileira traçando um panorama sobre obras de artistas como Jean-Baptiste Debret, Alfredo Volpi, Lasar Segall e Amilcar de Castro, entre outros. Sem usar muitos termos técnicos, Naves fala sobretudo da precariedade da forma dentro da arte brasileira, que ocorre, de acordo com ele, até nos melhores quadros produzidos no país. O crítico também consegue discutir artes plásticas de uma maneira clara, sem ser simplista, algo difícil em um país com pouca tradição e acesso ao tema.

Preste atenção na análise sobre a pintora Anita Malfatti. Naves diz, por exemplo, que Anita usava os temas expressionistas de isolamento e alienação (como nos quadros A Estudante e A Boba, de 1915), mas sua representação ocorre de maneira apenas "mais ou menos" ligada àquele movimento artístico, por causa dos traços mais formais da pintora. (IR)

CDThe Hunter

Mastodon. Roadrunner. R$ 44,90. Metal.

O quinto disco da banda de metal americana Mastodon pode ser considerado um dos mais maduros da carreira do quarteto. Sem se prender a nenhum gênero específico do metal, o grupo deixa um pouco de lado a ideia de álbum conceitual que fez sua fama em 2004 com Leviathan – livremente inspirado no romance Moby Dick, de Herman Melville – para abranger músicas com temáticas mais distintas e soltas, além de explorar sonoridades menos pesadas. É assim, por exemplo, com a segunda faixa, "Curl of The Burl", com um refrão viciante e muitas vocalizações, que lembram um pouco bandas como Queens of the Stone Age e Foo Fighters.

Preste atenção na espetacular arte da capa, que traz uma escultura em madeira do artista AJ Fosik, cujo estilo se assemelha às populares carrancas. Apontada por muitos como uma das melhores capas do ano, sua concepção pode ser acompanhada no videoclipe oficial da primeira música de trabalho do grupo, "Black Tongue". (YA)

LivroE Foram Todos para Paris

Sérgio Augusto. Casa da Palavra. 120 págs. R$ 40.

A capa informa que se trata de um guia de viagem. De fato, para o viajante que ruma a Paris levando na bagagem a curiosidade de ver a cidade que abrigou a Geração Perdida (os intelectuais americanos que se instalaram lá nos anos 1920), este é um guia apropriado. Estão lá os endereços que Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald e o resto da turma frequentava. Mas se fosse só por isso não valeria a pena comprar o livro de Sérgio Augusto (não em tempos de Google...). O que vale a pena no livrinho são as informações extras sobre cada endereço e as pequenas curiosidades.

Por que ler? Paris oferece tanto para o visitante que é difícil imaginar que alguém vá seguir à risca um roteiro para refazer os passos de vários escritores, por mais importantes que eles sejam. Mas, pela mesma razão, sempre é possível encontrar uma informação nova sobre a cidade e seus moradores ilustres. E Foram Todos para Paris serve para provocar o comichão que faz as pessoas pegarem um avião e irem em busca da beleza e da riqueza histórica da Cidade-Luz. (MS)

RevistaDicta&Contradicta

Instituto de Formação e Educação e Editora Civilização Brasileira. 252 págs. R$ 30.

A Dicta&Contradicta tem formato e conteúdo de livro, mas se classifica como revista por trazer um conjunto de temas nem sempre conectados entre si e apresentados na forma de ensaios. No número que está agora nas livrarias, aparece uma novidade: uma seção de Teologia, que estreia com um texto de Marcelo Consentino sobre o teólogo católico Hans Urs von Balthasar. Há nesta edição espaço para a literatura (a preocupação de Dostoiévski com o ateísmo e um comentário sobre a obra póstuma de David Foster Wallace).

Por que ler? Os textos de Dicta&Contradicta são rigorosos sem serem herméticos. Vide o interessante ensaio do médico e pensador inglês Anthony Daniels sobre o vício em substâncias químicas, que ele classifica como um problema moral. (MS)

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