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La Oración en el Huerto de Getsemaní, de Tintoretto, considerado o último grande pintor da Renascença italiana | Reprodução
La Oración en el Huerto de Getsemaní, de Tintoretto, considerado o último grande pintor da Renascença italiana| Foto: Reprodução

Exposição

Paisagem Entorno e Retorno

72 paisagens da coleção do Museo Soumaya do México. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 (adultos), R$ 2 (estudantes), livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas). Até 12 de julho.

Com todo o respeito, até parece uma feira livre. Se a comparação é infeliz, a exposição Paisagem Entorno e Retorno, desde 14 de março em cartaz no Museu Oscar Neimeyer (MON), oferece ao público uma variedade incrível de manifestações humanas a partir de traços e desenhos. Entre as 72 obras de arte, há de Lucas Van Gassel a Van Gogh, o último quadro (da exposição) desta seleta originária do Museo Soumaya, do México.O texto oficial explica que se trata de "um diálogo entre a paisagem europeia e mexicana (...), do século 16 ao século 20." Mas é até imprescindível não se prender a dados, nem mesmo a informações históricas, e se deixar levar sobretudo pelos sentidos para fruir o que há de transcendental em quadros de Monet, Renoir e Degas, em especial, um de Claude-Joseph Vernet, que apresenta um luar tão ou mais intenso que o real, que aconteceu em Curitiba na noite em que foi aberta a exposição.

É importante deixar as teorias e todo conhecimento no lado de fora e entrar no MON, em especial na sala Guido Viaro, com vontade de mergulhar no desconhecido. Com "olhos de primeira vez": epifanias poderão acontecer. (MRS)

DVD 1

O Mistério do Samba

Brasil, 2008. Direção de Carolina Jabor e Lula Buarque de Holanda. Classificação indicativa: livre. Preço médio: R$ 62.

Saudades de um samba que não volta mais. Esta é a sensação que domina quem assiste ao documentário O Mistério do Samba, em que a cantora Marisa Monte se encontra com os "bambas do samba", os integrantes da Velha Guarda da Portela, com a finalidade de resgatar canções praticamente esquecidas – já que esses sambistas não costumam registrar todas as letras e melodias criadas nas rodas de samba, guardando-as apenas na memória.

Os diretores transformam o que poderia soar melancólico – os sambistas entrevistados estão morrendo e, com eles, suas músicas – em um encontro festivo. Enquanto, com muito respeito, Marisa Monte faz reviver as velhas canções, o espectador canta e, se puder, samba junto com os músicos. Entre os "bambas" em cena estão os compositores Monarco, Argemiro, Jair do Cavaquinho, Aniceto e Casquinha. (AV)

DVD 2

1984

Reino Unido, 1984. Direção de Michael Radford. Classificação indicativa: 18 anos. Preço médio: R$ 49,90.

Antes de a produtora holandesa Endemol sonhar em se apropriar da ideia de George Orwell para criar o reality show Big Brother, o diretor britânico (nascido na Índia) Michael Radford (de O Carteiro e o Poeta) ousou realizar o que muitos acreditavam ser impossível: adaptar o romance 1984 para o cinema. Sombrio e perturbador, o filme vence o desafio de transpor para a tela grande a fábula distópica e futurista sobre Winston Smith, um homem que se rebela, em nome do direito de amar, contra um Estado totalitário que o obriga a reescrever a história de seu país como ofício. O excelente John Hurt (de O Homem Elefante) vive o protagonista com toda angústia e tensão exigidas pelo personagem.

Outros pontos altos de 1984 são a presença no elenco, como O’Brian, de Richard Burton, em sua derradeira atuação no cinema; e a canção-tema, do duo pop britânico Eurythmics, formado por Annie Lennox e Dave Stewart. (PC)

Livro 1

O Resto É Ruído

Alex Ross. Companhia das Letras, 654 págs. R$ 64. História.

O primeiro livro do crítico de música norte-americano venceu o National Book Critics Circle Award no ano passado, um dos prêmios mais importantes dos EUA. Formado em Harvard, Alex Ross é um talento precoce. Nasceu em 1968 e, aos 25 anos, publicou pela primeira vez na New Yorker. Três anos depois, já fazia parte da redação fixa da revista, onde trabalha até hoje escrevendo sobre quase tudo que é ligado ao meio musical. Capaz de transitar entre a música popular e a erudita sem pestanejar, ele resolveu contar a história do século 20 por meio de suas manifestações musicais. O resultado é visto em O Resto É Ruído, livro de 2007 que a Companhia das Letras lança na próxima quinta-feira. O seu blog leva o mesmo nome do livro, www.therestisnoise.com, e tem comentários que vão de Bob Dylan ao compositor clássico estoniano Arvo Pärt. Em suas pesquisas, além de se dedicar a aspectos históricos, ele analisa as relações da música com a política. (IN)

Disco 1

Bossa Trash

Paquito. Independente. Preço médio: R$15

"Artérias por remendar." A expressão que aparece na faixa "Sonhei Que Era Feliz" bem que poderia resumir o segundo disco-solo do compositor baiano Paquito. Apoiado somente em acordes esguios de um violão, o músico – que já compôs para Maria Bethânia e Jussara Silveira – coloca no mesmo patamar música e poesia, romantismo e sarcasmo, amor e derrotismo. São 11 faixas que parecem frágeis e soam humanas. Há certa dose de minimalismo (ou simplicidade) para, ora retratar a vida com ironia crítica ("Cê pensa que tem tudo / você só tem três poodles"), ora com arrebatadora paixão ("Não percebes, dama tonta / que te tenho em alta conta?").

Bossa Trash louva a solidão com otimismo. Caberia tanto na prateleira onde estão os discos dos Smiths quanto ao lado de álbuns de Cartola.

O músico que já produziu dois premiados discos – Diplomacia, de Batatinha (Prêmio Sharp de melhor disco de samba de 1999), e Humanenochum, de Riachão (indicado ao Grammy latino de 2001), agora mostra seu estranho dom de composição. Para se ouvir sozinho. (CC)

Disco 2

Easy Come, Easy Go

Marianne Faithfull. Decca. Disco Duplo. Importado. Preço médio: US$ 26.

A inglesa Marianne Faithfull, hoje uma senhora de 62 anos, foi a Amy Winehouse de seu tempo: ex-mulher de Mick Jagger, perseguida pela imprensa britânica, viciada em drogas e álcool e dona de uma voz grave e impressionante.

Não à toa, sua carreira é marcada por discos sombrios, repletos de interpretações fortes e sofridas. Exatamente por isso, as 18 canções escolhidas para formar o repertório de Easy Come, Easy Go, seu mais recente álbum, parecem ter sido originalmente criadas sob medida para a rouca voz de Marianne.

Produzido por Hal Willner, o disco reúne releituras de canções escolhidas a dedo pela cantora, que também selecionou um time de artistas para acompanhá-la nos vocais (entre eles, Cat Power, Antony Hegarty, Nick Cave, Jarvis Cocker, Rufus Wainwright e Keith Richards). Há blues ("Easy Come, Easy Go", de Bessie Smith e "Black Coffee", de Sarah Vaughan), folk ("Kimbie", de Jackson C. Frank), country ("Down from Dover", de Dolly Parton) e rock ("Dear God, Please Help Me", de Morrissey e "Salvation", da banda Black Rebel Motorcycle Club). (JG)

Livro 2

Fotografia de Palco

Lenise Pinheiro. Editora Senac, 456 págs., R$ 148. Fotografia

Lenise Pinheiro é a mais reconhecida das fotógrafas de teatro em atividade. Tem trânsito livre entre os palcos e a admiração daqueles a quem fotografa. Pudera. Sua lente capta instantes efêmeros do teatro como se tentasse capturar a alma do artista em cena (ou nos bastidores), suas intenções mais profundas e emoções. O primeiro apanhado de imagens presente em seu livro revela esse gosto da fotógrafa pelos detalhes intensos da expressão de atores e atrizes. São registros de olhares, recortes de rostos e corpos. Bárbara Paz, na peça A Importância de Ser Fiel, é perpetuada pelo retrato de um olho verde refletido no pequeno espelho de mão: a essência do ciúmes, como foi imaginado por Shakespeare para Otelo. Figurinos, cenário e iluminação inspiram outros capítulos, em uma sucessão de páginas que retêm um pouco da história do teatro brasileiro nos últimos 25 anos. Lá estão espetáculos marcantes como Cacilda!, O Livro de Jó, Melodrama etc. A obra será lançada hoje, às 11 horas, no Solar do Rosário (R. Duque de Caxias, 4). E as fotos feitas em solo curitibano estão em exposição no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem, até 29 de março. (LR)

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