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Livro

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Diário de Luto

Roland Barthes. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. WMF Martins Fontes, 260 págs., R$ 44,60. Diário.

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No dia seguinte ao da morte da sua mãe, Henriette Binger, 84 anos, em 26 de outubro de 1977, o filósofo francês Roland Barthes (1915-1980) começou a escrever este diário, que mostra de forma dolorosa e angustiada a aflição com a condição do luto. Escrito à mão, à tinta e a lápis, o diário ocupou cerca de 300 fichas que ele próprio preparou, a partir de folhas de papel A4 cortadas em quatro, das quais o filósofo sempre mantinha uma reserva em cima da sua mesa de trabalho.

Enquanto redigiu este diário, Barthes preparava trabalhos importantes, como o seu curso para o Collège de France sobre "O Neutro" (apresentado entre fevereiro e junho de 1978). Os textos aqui reunidos "não são um livro acabado pelo autor, mas a hipótese de um livro por ele desejado, que contribui para a compreensão de sua obra e, como tal, a esclarece", aponta a organizadora da edição, Nathalie Léger.

Preste atenção: Os textos, lidos em sequência, compõem um dos retratos mais impressionantes sobre o pesadelo e a dor suprema do luto, da falta de alguém que se ama muito, e todas as graves questões religiosas, éticas e filosóficas que esta condição implica. (SM)

CD 1

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Nós

Maria Gadú. Som Livre. R$ 24,90. MPB.

Como o próprio nome do CD anuncia, Nós é um trabalho que mostra Maria Gadú e seus parceiros em cena. Em todas as faixas, a artista canta em dueto com diferentes cantores, dos mais variados estilos musicais.

Não há muita novidade, já que as músicas do recém-lançado trabalho haviam sido gravadas em outros DVDs ou integram o repertório dos shows da cantora. Ainda assim, o CD funciona, pois faz o registro de um pouco de tudo. Vai do forró de Dominguinhos, cantado ao lado de Gilberto Gil e Milton Nascimento, passando pela MPB – em que Gadú divide o microfone com Ivan Lins, Sandra de Sá e Tiago Iorc–, até desafios em que é possível ouvir a voz da artista em outros tons, como, por exemplo, quando canta "No Rancho Fundo", com participação de Chitãozinho & Xororó.

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Preste atenção: Outro que, obviamente, não ficaria de fora desta mistura é Caetano Veloso. "Nosso Estranho Amor", que integra o DVD ao vivo lançado por ele e Gadú em 2011, foi a faixa escolhida para o repertório de Nós. Outros destaques do CD são "Oh My Love, My Love", cantada por Gadú, Moska e o compositor Kevin Johansen, e a canção que abre o CD, "Mais Que a Mim", dividida com Ana Carolina. São baladinhas mais românticas, mas que caem bem à voz rouca e forte da artista. (LH)

CD 2

Imyra, Tayra, IpyTaiguara. Kuarup/Sony Music. R$ 25,90. MPB.

Lançado em 1976 e recolhido pela ditadura militar apenas 72 horas depois, Imyra, Tayra, Ipy, do cantor e compositor Taiguara (1945- 1996), volta às prateleiras em uma nova leva de relançamentos do cultuado catálogo da gravadora Kuarup. Título raro da discografia do artista brasileiro nascido no Uruguai, o álbum teve os direitos comprados por produtores do Japão e chegou a ser lançado no país em CD, em 1980, mas permanecia inédito no Brasil.

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Preste atenção: depois da tortuosa melodia da faixa instrumental "Pianice (Pecinha Sinfônica)", que abre o disco, e do recorte de gravações e ruídos de "Delírio Transatlântico e Chegada no Rio", Imyra, Tayra, Ipy já começa em tom inflamável com os versos de "Público", que trazem críticas ásperas – e à esquerda – do governo: "Eles querem lotar o Maracanã/ E precisam de mim – lá vou eu/ (...) O meu nome era povo – hoje é multidão/ Meu problema era o campo – hoje é nutrição". Os potentes arranjos de Taiguara e Hermeto Pascoal – que têm regência de Wagner Tiso e instrumentistas com Toninho Horta – são outro destaque do álbum, repleto de experimentações sonoras e rítmicas. (RRC)

CD 3

O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui

Emicida. Independente, R$ 19,90. Rap.

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Difícil classificar a sonoridade de Emicida apenas como rap após ouvir O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui. Em seu primeiro disco oficial, resultado de um processo que durou três anos, Emicida consegue compor com maestria canções de diversos estilos musicais, fazendo um panorama dos ritmos da música brasileira.

Preste atenção: A primeira faixa ("Milionário de Sonho") surpreende: é uma poesia social feita pela escritora Elisa Lucinda para o disco e recitada por ambos. Músicas pesadas como "Nóiz" e "Hoje Cedo" trazem referências do rock. Em "Crisântemo", faixa mais complexa e significativa do disco, Emicida fala sobre a morte de seu pai, logo na infância do cantor. A mãe, Dona Jacira, narra o caso e, de acordo com o rap­­­per, foi a primeira vez em que tocaram no assunto juntos. Em contraponto, "Sol de Giz de Cera", que vem em seguida, é uma doce MPB sobre a experiência de ser pai. "Trepadeira" é um samba-rap divertido, feito em parceria com Wilson Das Neves e "Gueto", um grandioso hino funk. (VM)

Teatro

Rei Lear

Barracão EnCena (R. Treze de Maio, 160), (41) 3223-5517. Hoje, às 19 horas. R$ 5. Classificação indicativa: 14 anos.

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Hoje é o último dia para conhecer a montagem de Sílvia Monteiro para o teatro Barracão EnCena de Rei Lear, de Shakespeare. A adaptação vem dois anos depois de Otelo, as Faces do Ciúme com os mesmos Danilo Avelleda, como Lear, e Mevelyn Gonçalves, como uma das filhas que exploram o soberano, seduzido pelas lisonjas e arrancado de seu poder.

A ideia é manter o texto, ainda que numa versão reduzida, numa ambientação que lembra a Renascença. Algumas soluções de palco surpreendem pela simplicidade e inventividade, com auxílio do numeroso coro presente.

O cenário também ajuda a compor a sensação de grandiosidade da tragédia e da vulnerável humanidade da realeza que a enfrenta.

Preste atenção: nas funções assumidas pelo coro, formado por alunos do curso de teatro da casa. Além de reagir às ações dos protagonistas, eles entram em algumas cenas com máscaras que reforçam a teatralidade. (HC)

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