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Dentro do Mar Tem Rio: Ao Vivo. Maria Bethânia. Biscoito Fino. Preço médio: 49,90.

Maria Bethânia não aprovou a primeira tentativa de registro do seu show Dentro do Mar Tem Rio. A gravação realizada pelo diretor Andrucha Waddington, em agosto de 2007, no Canecão, que deu origem a um CD duplo em 2008, não passou pelo seu padrão de qualidade e foi vetada.

Mas a cantora não abandonou o projeto e deu seu aval, enfim, para uma segunda série de tomadas, capturadas no show realizado no Citibank Hall, em São Paulo, e editadas pela gravadora Biscoito Fino no DVD que agora chega às lojas.

O espetáculo orbita um tema único, as canções inspiradas no universo das águas, como "Memória das Águas", de Roberto Mendes e Jorge Portugal; "Lágrima", de Roque Ferreira; "Sereia de Água Doce", de Vanessa da Mata; e "Canto de Nanã", "Temporal" e "Sargaço Mar", de Dorival Caimmi, incontornável quando se adentra em searas marítimas. Bebe do repertório dos discos Pirata e Mar de Sophia, entremeado por recitações de poemas como "O Rio", de João Cabral de Melo Neto.

Sem alcançar a mesma emoção e a força teatral das apresentações ao vivo de Bethânia, o DVD cumpre o intuito de eternizar a viagem pelas águas da qual a cantora se ocupou por um tempo (LR).

Entre os Muros da Escola. França, 2008. Direção de Laurent Cantet. Imovision. Classificação indicativa: 12 anos. Apenas para locação.

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes (2008) e indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o ótimo Entre os Muros da Escola é obrigatório para quem se interessa por educação. O diretor Laurent Cantet recorre a atores amadores para retratar o dia-a-dia em um colégio público parisiense, frequentado, principalmente, por filhos de imigrantes das mais diversas parte do mundo. Professores, funcionários, alunos e até os pais dos estudantes são vividos por eles mesmos, em situações muito parecidas com as do cotidiano da instituição onde têm aulas e trabalham.

Embora boa parte dos professores se empenhe na missão de ajudar os jovens a superar barreiras como idioma, preconceito racial e os inevitáveis choques culturais, a realidade é crítica. Muitos alunos não se dedicam aos estudos e encaram a obrigação como um fardo e não uma oportunidade. Além disso, o convívio num ambiente multiétnico é uma eterna fonte de conflito, prestes a eclodir. E o corpo docente, formado basicamente por franceses brancos, por vezes questionam sua capacidade de penetrar nesse microcosmo tão complexo. É o caso de François Marin (François Bégaudeau), professor que escreveu o livro no qual Cantet se inspirou. (PC)

For All I Care. The Bad Plus. Universal Music. Preço médio: R$ 29,90.

Famoso por incluir em seus discos covers de hits em versões jazzísticas entre as composições próprias, o trio norte-americano The Bad Plus resolveu fazer diferente em seu sexto trabalho, For All I Care, lançado em outubro do ano passado e agora disponível no mercado brasileiro.

O novo álbum é o primeiro composto inteiramente por covers e também o primeiro a contar com a participação de uma vocalista, Wendy Lewis, conterrânea de Reid Anderson (baixo), Ethan Iverson (piano) e David King (bateria), que formaram o trio há nove anos, em Minnesota.

Ao apostar em linhas vocais simples, bem semelhantes às das canções originais, Wendy, com sua encorpada voz, se integra com facilidade às paisagens sonoras dissonantes que marcam as releituras propostas pelo grupo. Destaques para "Comfortably Numb" (Pink Floyd), "Radio Cure" (Wilco), "How Deep Is Your Love" (Bee Gees), "Barracuda" (Heart) e "Feeling Yourself Disintegrate" (The Flaming Lips). (JG)

Portela Passado de Glória. Velha Guarda da Portela. Biscoito Fino. Preço médio: R$ 26,90

Produzido por Paulinho da Viola e lançado em LP em 1969 pela RGE, Portela, Passado de Glória chega novamente às lojas pela gravadora Biscoito Fino. Totalmente remasterizado, o disco é um importante marco da música brasileira, já que dá início à fase profissional das Velhas Guardas das escolas de samba cariocas.

Há 40 anos, Paulinho da Viola reuniu alguns dos melhores sambistas dos morros e criou o Conjunto Velha Guarda da Portela, que gravou pérolas como "Quantas Lágrimas" (Manacéia), "Se Tu Fores na Portela" (Ventura), "Levanta Cedo" (Rufino), "Tristeza" (Heitor dos Prazeres) e "Desengano "(Aniceto da Portela). A nova masterização não tirou o charme das vozes pequenas e do tom de improviso que marcam o álbum. É nostálgico ouvir o coro das tradicionais pastorinhas na maioria das faixas. Algumas das 14 músicas presentes no registro são ainda hoje referência em sambas-enredo. (CC)

Os Iniciantes. Raymond Carver. Companhia das Letras, 304 págs., R$ 49. Contos.

Dizia a lenda que o escritor Raymond Carver (1938-1988) foi uma invenção do editor Gordon Lish. Este teria cortado os textos a ponto de forjar o famoso estilo elíptico daquele – falam que ele tesourou 50% do original. Antes de se chamar Os Iniciantes, a compilação de contos foi publicado em 1981 com o título What We Talk About When We Talk About Love (Do que estamos falando quando falamos sobre o amor). O sucesso de crítica e de público não consolaram Carver, que teria brigado em vão com Lish para que o livro não fosse editado. Agora, a Companhia das Letras publica a seleção de contos exatamente como Carver a concebeu (e sem o dedo de Lish). É uma chance de verificar a lenda que cerca o episódio. O fato é que o escritor por trás de Short Cuts – Cenas da Vida, que virou filme pelas mãos de Robert Altman, tem fãs importantes. Na contracapa da edição brasileira, ganha destaque uma afirmação de Philip Roth, o romancista de Indignação, para quem "tudo na versão original do conto ‘Iniciantes’ é perfeitamente medido e executado".

A edição compila 17 narrativas sobre figuras da classe trabalhadora norte-americana. (IN)

O Livro do Foguete. Peter Newell. Cosac Naify, 48 págs., R$ 35. Infanto-juvenil.

No porão de um prédio, um garoto acende um foguete que dispara, arrebentando os pisos de 20 andares consecutivos, perfurando uma mesa de jantar, atrapalhando um homem que faz a barba, arrancando a peruca de um velhinho e criando vários outros transtornos. A história é simples, mas a execução, engenhosa. Peter Newell (1862-1924), de quem a Cosac Naify já publicou O Livro Inclinado, investiu no conceito de livro-objeto no início do século passado. Sua ideia era fazer o suporte interagir com a narrativa. É assim que, no Livro do Foguete, várias páginas estão perfuradas pelo foguete do garoto Phil, criando um efeito impressionante (e não só para crianças) porque os personagens criados por Newell parecem ter consciência do buraco que existe de fato – da mesma forma que as figuras do Livro Inclinado pareciam pender para a esquerda porque as páginas eram tortas.

A edição brasileira conta com a tradução do poeta Ivo Barroso. O resultado é genial. (IN)

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