LIVRORita e Treco (foto 1)Jean-Philippe Arrou-Vignod & Olivier Tallec. Editora Rocco. 29 páginas. R$ 19,50. InfantilO trabalho de Olivier Tallec guarda semelhanças com um conterrâneo dele, Sempé, o desenhista dos livros infantis do personagem Petit Nicolas: poucos traços sobre a folha branca, desenhos que parecem feitos por crianças, pequenos detalhes que nos dão a sensação de que estamos dentro da cena. Rita e Treco são personagens criados por outro francês, Jean-Philippe Arrou-Vignod. Eles se encontram e se tornam amigos. É só isso. Mas "isso" é contado de um jeito tão gracioso, tão encantador, que o leitor espera, curioso, cada nova página do livrinho. Indicado para crianças pequenas, que precisam da ajuda dos pais para ler, Rita e Treco também atrai a atenção de crianças maiores, graças ao traço de Tallec. (MS)HQNegrinha (foto 2)
Jean Christophe Camus e Olivier Tallec. Desiderata. R$44,90. Quadrinhos.
Tiras em cores fortes que remetem à telas em aquarela e diálogos simples embora por vezes propositalmente ambíguos, dão o tom de Negrinha, álbum de quadrinhos dos franceses Jean-Christophe Camus (texto) e Olivier Tallec (desenhos). O tema principal o preconceito racial e tratado com delicadeza e poesia, embora não fuja da realidade.
A história se passa no Rio de Janeiro dos 1950. As 104 páginas contam a história de Maria, uma menina morena, filha da negra Olinda, que trabalha como doméstica em um luxuoso apartamento com vista para a praia. O maior desejo da mãe é manter a filha afastada de suas origens da favela e do samba. Criada como se fizesse parte da elite Maria frequenta bons colégios e tem meninas brancas como amigas , o interesse pelas suas raizes aumentam quando se aproxima de um garoto vendedor de amendoins. Com ele e devido à morte de uma parente , consegue finalmente chegar à favela do Cantagalo (hoje Pavão-Pavãozinho). Lá, se encontra. Conhece um mundo "novo" e até samba ao som de Cartola, traçado afinando seu violão. O álbum, com prefácio de Gilberto Gil, é um tapa de luva no preconceito. (CC)
LIVRO
Hawthorne e Seus Musgos (foto 3)
Herman Melville. Hedra, 122 págs., R$ 17. Crítica literária.
A editora Hedra, de São Paulo, tem feito trabalho ótimo a partir de uma ideia simples. Ela pegou os livros de bolso e deu a eles um cuidado editorial sem igual no país. Em geral, o formato é campo para reedições de best sellers, ou reduto de edições simples e, em alguns casos, mal-acabadas. A Hedra investe em traduções criteriosas, com notas e prefácios de pesquisadores, e a identidade gráfica da editora usa imagens de obras de arte. Da fonte (Courier) ao colofão (onde vão informações como a data de impressão), dá para ver o zelo dos editores. Atualmente com 88 títulos entre textos clássicos, inusitados ou inéditos em português , a série reúne nomes graúdos da filosofia e da literatura, de Goethe a Voltaire, de Nietzsche a Shakespeare. Hawthorne e Seus Musgos se enquadra entre os inéditos e inusitados. Trata-se de um ensaio escrito por Herman Melville (1819-1891) sobre um livro de contos de Nathaniel Hawthorne (1804-1864), Os Musgos de um Velho Presbitério. Com tradução de Luiz Roberto Takayama, o volume inclui ainda as cartas que Melville enviou a Hawthorne. Vizinhos na região de Berkshire, a correspondência entre os dois mestres fundadores da literatura americana teria levado Melville a ampliar o escopo de Moby Dick até transformá-lo numa obra-prima. (IBN)
CD
Samba e Amor (foto 4)
Sanny Alves.Fina Flor). Preço médio: não-informado. mpbA sambista Sanny Alves é filha de músico, o contrabaixista Luiz Alves, e cresceu entre os cantores com quem seu pai tocava, como Chico Buarque e Milton Nascimento, fazendo coro para eles. Participou de vários trabalhos de outros artistas, entre eles Nei Lopes (no CD Chutando o Balde), e até gravou um disco-solo em 2003, Da Cor do Pecado, mas que só foi lançado no Japão.
Samba e Amor, editado pela gravadora Fina Flor, é seu álbum de estreia no mercado fonográfico brasileiro. Sanny regrava o samba-título com a mesma segurança (por mais que não supere o registro suave de Bebel Gilberto) que revisita o "Tema de Amor de Gabriela", de Tom Jobim. Seu canto de belos graves e agudos afinados se amolda com graça, também, à manhosa "Linda Flor" (Henrique Vogeler), e à suingada "Samba do Tamborim" (Rodrigo Penna Firme).
A voz de Sanny faz lembrar à de Teresa Cristina, com quem a cantora também partilha o jeito brejeiro sem falar que a estreante deve agradar em cheio o mesmo público da musa da retomada da Lapa, cenário em comum entre elas. (LR)
LIVRO
1001 Dias Que Abalaram o Mundo (foto 5)
Peter Furtado (org.). Sextante, 960 págs., R$ 59,90. História.
A série de livros "1001..." transformou as listas em um filão editorial viciante. Depois de abordar livros, filmes e vinhos, a ideia aqui é falar de eventos marcantes na história da humanidade do Big Bang à eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos. O editor Peter Furtado, formado em História pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, tem a seu favor dez anos de experiência da direção da revista History Today. Entre os 1001 Dias Que Abalaram o Mundo, existem vários eventos culturais, como a publicação de Os Sofrimentos do Jovem Werther, que transformou Goethe em uma celebridade e levou ao suicídio milhares de jovens inspirados pelo protagonista do romance. Isso foi em 1775. Sem dúvida, nesse tipo de lista, é inevitável ser leviano e, ao contrário do que se pode imaginar, não parece ter sido fácil encontrar 1001 fatos relevantes ao menos não tão relevantes como o Big Bang. O editor incluiu, por exemplo, a publicação de um romance em capítulos feita por Charles Dickes a partir de março de 1836, mudando os hábitos de leitura da época. Mas não cita o Kindle, o leitor eletrônico de livros criado pela Amazon (talvez porque ele ainda não tenha mudado hábito nenhum). De qualquer forma, o trabalho de ver o que entrou e o que ficou de fora é parte da diversão nesse tipo de livro. (IBN)
DVD
The Mentalist (foto 6)
EUA, 2008. Primeira temporada. 5 discos. R$ 99,90. policial.
O gênero policial, ao lado de histórias sobre advogados e dramas médicos, é um dos mais recorrentes nas séries televisivas norte-americanas. As franquias CSI e Law and Order, que já deram várias "crias", estão aí para comprovar.
Entre os títulos lançados nos últimos dois anos, um dos mais bem-sucedidos em termos de audiência tem sido The Mentalist, exibido no Brasil pelo canal pago da Warner e cuja primeira temporada já está nas lojas e locadoras brasileiras. A premissa se assemelha a de outro seriado de sucesso, Medium: a polícia recorre a um indivíduo com dons e talentos especiais para desvendar mistérios, em geral assassinatos cometidos com requintes de bizarrice.
No caso de The Mentalist, não se trata de um sensitivo. Pelo contrário. O protagonista Patrick Jane, vivido pelo supercarismático Simon Baker, é um ex-médium televisivo de araque, que depois de perder a mulher e a filha, assassinadas por um serial killer, decide usar sua inteligência e perspicácia incomuns para atuar como consultor do California Bureau of Investigation.Se não chega a ser uma obra-prima, a produção marca pontos ao aliar mistério e humor, que se unem na figura de Jane, um dos bons personagens surgidos na tevê nos últimos tempos. (PC)