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Livro 1

Criação, a Origem da Vida e o Futuro da Vida

Adam Rutherford, tradução Maria Luíza de Borges. Zahar, 270 págs., R$ 49. Ensaio.

De onde viemos e para onde vamos? As duas grandes questões da existência estão de alguma forma respondidas neste livro do geneticista Adam Rutherford. Ele divide a obra em duas partes, que podem ser lidas juntas ou em separado. A primeira olha para o que aconteceu antes da origem das espécies da teoria darwinista, ou seja, coisa de 4 bilhões de anos atrás. A segunda projeta o que pode rolar daqui para frente devido à polêmica manipulação dos genes – tanto para fins industriais quanto terapêuticos – e à criação em laboratório do primeiro organismo vivo, que deu tanto pano científico e religioso para a manga.

Porque ler: Rutherford é um cientista pop. Editava a revista Nature, escreve colunas no jornal londrino The Guardian e apresenta documentários científicos na BBC. Ainda que parte da comunidade científica lhe torça o nariz, o texto e a abordagem que faz de temas como genética, evolução, biologia sintética e outros temas quase assustadores conseguem ser leves, rigorosos e interessantes. (SM)

CD

Our Love

Caribou. Merge Records. US$ 7,99, no iTunes. Eletrônica.

Sexto álbum do produtor e compositor canadense Dan Snaith com o nome Caribou, Our Love não falha ao se equilibrar entre a estranheza e a delicadeza que marcam a sonoridade do artista, cujo primeiro álbum remonta a 2001 (Start Breaking My Heart). Depois dos elogiados Andorra (2007) e Swim (2010), que foi lembrado como um dos melhores discos daquele ano, Our Love reedita a pegada dançante do Caribou em faixas como "All I Ever Need" , passeia por loops hipnóticos em canções como "Can’t Do Without You" (lançada como single em junho) e melodias açucaradas como em "Silver". Mesmo as mais "pop", no entanto, ganham um filtro de desconforto envoltas por uma produção que flerta com a psicodelia, lançando mão de efeitos e timbres obscuros.

Por que ouvir? Com uma boa dose de experimentalismo e potencial dançante, Our Love é uma boa medida do que pode ser uma música pop apelativa e ao mesmo tempo inteligente e emocionalmente intensa. (RRC)

Livro 2

Contando Azulejos

Maria Helena Macedo. Editora Máquina de Escrever. 218 págs.,R$ 40. Contos

A curitibana Maria Heleno Macedo se empenhou numa tarefa nada fácil: construir um bloco de micronarrativas sobre o cotidiano, sem abrir mão do tom ficcional e ainda incutindo poesia no percurso. De seu modo, ela conseguiu entregar, em Cortando Azulejos, um livro com bons momentos, repleto de cenas retiradas da banalidade, ressignificadas em agudeza. O conto "Sombras", que relata o cotidiano de um travesti, é um dos melhores momentos da coletânea de 71 textos: "Olha-se no espelho. Toca sua imagem. Apaga, num piscar, sua barba crescente". Destaque também para o arrojado projeto gráfico do artista plástico André Mendes, que conferiu um tom até arquitetônico ao título de conotações sexuais.

Preste atenção: Para um livro de estreante, que se propõe à conquista pela concisão e forma, Maria até transparece uma certa maturidade, se não completa em relação à fluência de sua escrita, bem interessante no que tange às suas propostas ideológicas, de conferir beleza aos pequenos momentos. Sem esquecer uma boa dose de lirismo: "Eu mergulho no universo e sinto-me satélite de um protagonista azul". (DZ)

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