O tema era a sociedade em movimento: educação, política, legislação e protesto. Natural que o debate entre o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) e o educador Candido Mendes na XIII Bienal do Livro, no fim da tarde de domingo (16), girasse em torno de um dos assuntos mais discutidos esta semana: a absolvição do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
Gabeira aproveitou para lançar um novo movimento político: em vez do "Cansei!", liderado por empresários de São Paulo, Gabeira propôs a criação do "Se entrega, Corisco!", pela derrubada de Calheiros. O nome é referência à frase dita pelo caçador de cangaceiros Antônio das Mortes no clássico filme "Deus e o diabo na terra do sol", de Glauber Rocha. O deputado criticou principalmente a falta de transparência na votação do Senado:
- Por que não conseguimos derrubar Renan Calheiros quando grande parte do país considera claramente que ele não pode ser presidente do Senado? Quando um político é objeto de acusações, deve se retirar, ou está assumindo que é culpado. Nossa tarefa é derrubá-lo. O povo quer acabar com a corrupção, ou pelo menos deixá-la num nível tolerável, como em outros países, mas isso nunca vai acontecer se uma votação com esta for feita em segredo. Ninguém pode permitir uma República sem transparência, que é a base da democracia. A luta continua. No próximo julgamento, vamos levar uma tese de que os brasileiros têm direito de assistir ao processo, que, além de aberto, deveria ser transmitido pela televisão.
Quando o mediador, o jornalista e pesquisador Adauto Novaes, sugeriu que o intelectual clássico e engajado desapareceu junto com Jean Paul Sartre, dando lugar ao intelectual anônimo e coletivo que retomava as discussões pela internet, Candido Mendes fez duras críticas à falta de mobilização social entre o povo brasileiro, dizendo que a manifestação de internet não resolve o problema.
- O Brasil é o país do "tudo bem", conformado e domesticado pela cultura das novelas e do futebol. A mudança nasce do protesto social. Nessa semana de vergonha nacional, em que Renan Calheiros foi absolvido, o povo manda e-mails de protesto e acha que está com a consciência tranquïla. Não. É preciso botar a cara a tapa, como nas Diretas Já ou na Marcha dos Cem Mil. A marcha é um ato heróico, o comício na praça é um ato de covardia cívica. Só há greves de barriga, quando o salário é pouco ou não sai. Não existe mais reivindicação política e social - queixou-se o educador.
Já Gabeira exaltou os recursos tecnológicos no auxílio dos protestos, citando a população da Espanha, que percebeu a manipulação de um partido querendo culpar a oposição por um recente atentado do ETA e se mobilzou por celulares para avisar aos próximos.
- Os meios tecnológicos permitem um trabalho reduzido. É possível puxar uma manifestação pela internet ou pelo celular. Não precisamos suar, e sim pensar mais. É a luta da boa inteligência contra as forças conservadoras - afirmou Gabeira.
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