Sting: sem dom para as rimas| Foto: REUTERS

Se o assunto é sua vida amorosa, o ator mexicano Gael García Bernal é reticente e se limita a desconversar, em português mesmo: "não se fala disso, gente". O sucesso entre as mulheres é a última das preocupações do maior galã latino-americano da atualidade - pelo menos na frente dos jornalistas. A única coisa que ele deixa escapar é a cidade que prefere para paquerar - "Rio, não São Paulo", brincou. Presente na capital carioca na segunda-feira (22) para lançar na cidade seu novo filme, "O Passado" (veja o trailer), do argentino-brasileiro Hector Babenco, Gael preferiu se concentrar em falar das emoções de seu personagem, Rímini, e de sua carreira como diretor iniciante com "Déficit", longa que passou pelo Festival do Rio e faz parte da programação da Mostra de São Paulo.

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- Ele é um um anti-herói, um personagem que acredito ser muito difícil de ser encontrado no cinema. Ele é um herói inativo, que parte da inocência, deixando-se levar pelo que tem que viver. E questiona pouco ou questiona de uma maneira muito, muito introspectiva. Ele não é um herói ativo, é um autista emocional - explica.

O ator falou, ainda, de sua experiência com os diretores brasileiros Water Salles, de "Diários de Motocicleta", e Fernando Meirelles, com quem acabou de rodar "Ensaio sobre a cegueira", além de sua parceria com Babenco - e que está ansioso para trabalhar no Brasil.

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- Os diretores, como em toda atividade, antes de terem uma nacionalidade, são diretores. Então os dois, em particular, e Hector são de pontos de vista muito pessoais e muito diferentes também, mas sem comprometer o que são. E essa é a magia do cinema. Gostaria de algum dia trabalhar no Brasil, mas ainda não tive oportunidade. Mas, por agora, estou feliz por vir visitar - conta.

Ao mesmo tempo em que lança "O passado" como ator, Gael está no Brasil também para promover "Déficit", seu primeiro trabalho também como diretor. Apesar de ter ficado satisfeito com a nova empreitada, ele confessa que ser ator é o que o deixa realizado.

- Sentia, quando estávamos fazendo "Déficit", que isso era para gente grande. A princípio, não quero ter uma carreira como diretor. Eu gostaria mais de ter histórias para contar e dirigi-las depois, é um processo mais orgânico. Eu me sinto muito orgulhoso de ser ator, essa é minha profissão. A verdade é que, como diretor, pode-se viver menos vidas do que como ator. Mas tenho vontade de fazer outros filmes, sim, tenho algumas idéias, mas é melhor não dizer porque senão não saem - brinca.