Premiado em cinco categorias no Festival de Gramado 2005, "Gaijin Ama-me Como Sou", de Tizuka Yamasaki, estréia nacionalmente nos cinemas, nesta sexta-feira (2). Longa-metragem mostra a epopéia de Titoe, uma japonesa que imigra ao Brasil no início do século 20.
"Gaijin Ama-me Como Sou" narra os principais momentos da vida de Titoe, passando por quatro gerações de seus descendentes. Em 1908, a pobreza e a fome assolam o Japão. A jovem Titoe, aos 16 anos, decide ir para o Brasil em busca de trabalho e prosperidade. Após casar-se e ter uma filha, ela parte para Londrina, no interior do Paraná, atrás de uma vida melhor. E é lá, na cidade paranaense, que a maior parte da trama se desenrola.
Em meio a acontecimentos globais, a família da protagonista é sempre vítima dos acontecimentos da História. Da quebra da bolsa de 29, passa pela Segunda Guerra Mundial e culmina no Plano Collor. Tudo é motivo para uma grande tragédia na vida de Titoe.
Apesar de todos os obstáculos vividos pela família, o amor de Maria, neta de Titoe, por Gabriel, um Gaijin (estrangeiro para os japoneses), parece ser o maior. Shinobu, mãe de Maria, não o aceita. Após alguns anos, Shinobu viaja para o Japão para ajudar a família que passa por um aperto financeiro. Gabriel parte em busca da sogra a fim de resolver seus problemas familiares. A família perde contato com Gabriel. Maria, junto de sua filha Yoko, vai em busca de seu marido.
Cataratas de Londrina
Com um investimento de R$ 10 milhões de reais, bem acima da média nacional, "Gaijin 2" se destaca pela qualidade técnica. Bem filmado e com iluminação impecável, o filme pôde contar até com cidades cenográficas. Além de Londrina, a cidade japonesa de Kobe também serviu de locação. A direção sóbria de Tizuka Yamasaki traz movimentos de câmeras leves e cortes de cenas bem trabalhados.
Porém, o refinamento técnico não consegue esconder os defeitos do filme. A narrativa se torna repetitiva ao casar imagem com texto durante toda a exibição. A insistência do reforço provoca momentos constrangedores. Em diversas ocasiões, a diretora apela para técnicas televisas clássicas para explicar o óbvio. Se um personagem aparece perdido na tela, ao mesmo tempo é inserido um áudio com seu pensamento: "estou perdido". É certo que a falta de qualidade na maior parte do elenco não permite que apenas a interpretação conduza a narrativa. Porém, a preocupação em digerir a história para o telespectador torna o longa mais lento e menos denso.
Em meio a tantos personagens principais, Aya Ono, com 77 anos, se destaca na interpretação de Titoe nos tempos atuais. Contida, Aya Ono conquista pela simplicidade e carisma. A atriz, escalada inicialmente para ser figurante, ganhou o Kikito como melhor atriz coadjuvante no último Festival de Gramado.
Vale ressaltar ainda um momento pitoresco no longa-metragem. Durante uma briga do casal Maria e Gabriel, em sua casa em Londrina, o marido sai de casa e aparece, na cena seguinte, à beira das Cataratas de Foz do Iguaçu. Logo depois, ainda de roupa de dormir, Maria entra na mesma cena. Pode ser que esta cena funcione para os japoneses, onde o filme deve ser exibido, ou para outros espectadores estrangeiros. Mas para brasileiros, principalmente para paranaenses, a seqüência causa muito estranhamento.
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