O Galpão ousou sair de sua zona de equilíbrio e mostrou a consistência de tudo o que faz. Seu Tio Vânia (aos que vierem depois de nós), que estreou nacionalmente nesta sexta-feira no Teatro Bom Jesus, dentro do Festival de Curitiba, dá graça ao texto de Anton Chékhov (escrito entre 1896 e 1897), arranca risos da plateia e enche os olhos com um cenário primoroso.
O grupo de Belo Horizonte tem quase 30 anos de carreira, com espetáculos vistosos e populares. Agora, decidiu jogar os refletores para dentro e mostrar o drama da meia-idade, das decisões que se lamenta e da angústia pelo futuro. Não tem como não se identificar com algum dos personagens.
A peça tira a história do interior da Rússia e o leva para qualquer lugar. Uma família que mora no campo vê seus horários e corações atrapalhados com a chegada de um admirado professor, já aposentado, e sua jovem esposa. Aos poucos, a perturbação se torna insuportável e caminha-se para um clímax.
A idolatria pelo acadêmico torna a personagem de Teuda Bara (Maria) divertida mesmo num papel tão diferente de suas espalhafatosas matronas. "Tira o pé da cadeira", ela ordena lentamente ao filho Vânia (Antonio Edson), com timing perfeito. A bela Helena (Fernanda Vianna) é ainda mais indolente do que o texto faz imaginar.
O protagonista vivido por Antonio cresce ao longo do espetáculo, já que no início suas falas parecem ligeiramente sem vida. Ele e Teléguine (Paulo André) fazem a festa do público, tal como um show de stand-up não conseguiria.
Quem conhecia o texto não estranhou a condenação do desmatamento feita pelo personagem Ástrov (Eduardo Moreira), tão de vanguarda em Chékhov mas que soa panfletária hoje.
É bom ver textos clássicos adaptados por gente competente.
ServiçoTio Vânia (aos que vierem depois de nós)Teatro Bom Jesus (R.Vinte e quatro de Maio, 135), (41) 3310-3000. Drama com o Grupo Galpão. Direção: Yara de Novaes. Dia 10 de abril, às 21 horas. Ingressos esgotados.
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