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Capa de What Happens Next: participações especiais – mas só isso. | /
Capa de What Happens Next: participações especiais – mas só isso.| Foto: /

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What Happens Next

Gang of Four. Disponível no iTunes por cerca de R$ 30. O CD importado sai por R$ 40, na Amazon.com (sem contar o valor do frete).

Há pouco mais de um ano, Annie Clark, com o nome de guerra de St. Vincent, lançava o disco intitulado, justamente, St. Vincent. No último Grammy, ela levou o prêmio de melhor álbum alternativo. Um dos guitarristas favoritos de St. Vincent é Andy Gill, um músico que “consegue fazer uma guitarra soar como se estivesse sendo estrangulada”, na curiosa descrição oferecida em entrevista à revista Guitar Player.

O comentário de Annie Clark mostra o quão influente é Gill, que, desde o fim da década de 70, inspirou uma quantidade exponencial de artistas com seu grupo Gang of Four.

E a notícia aqui é que o Gang of Four, reconhecido principalmente por Entertainment! (1979) e Solid Gold (1980), lançou um novo disco. Gill, no entanto, é o único remanescente do quarteto original, mantendo o grupo vivo como se fosse a banda de um homem só. What Happens Next, lançado oficialmente há poucos dias, sucede o Content, de 2011, que da formação consagrada ainda mantinha o vocalista Jon King.

Dave Allen e Hugo Bernham, respectivamente baixista e baterista, até tinham retornado para um reunião do grupo, 11 anos atrás, mas nele não permaneceram até essa nova fase de músicas inéditas. Diante da despedida de King, Andy Gill decidiu não só contar com um novo vocalista, John Sterry, como realizar um tanto de colaborações: em What Happens Next encontramos Alison Mosshart (The Kills); Robbie Furze (The Big Pink); o guitarrista japonês Tomoyasu Hotei e o cantor alemão Herbert Grönemeyer.

What Happens Next tem alguns méritos: a guitarra de Gill ainda é brilhante, ao passo que a incursão ao industrial, mesmo atípica ao som do Gang of Four, pareceu encaixar com a estética da banda. “Isle of dogs” é o exemplo perfeito de resultado reconhecível como obra do grupo e, ao mesmo tempo, algo claramente distinto.

Por outro lado, todas as faixas com participação externa parecem deslocadas, e, exceto por “England’s in My Bones”, acompanhada de Mosshart, dificilmente alguma delas seria definida como um trabalho do conjunto de Leeds. Para completar, as letras de um alarmismo batido não conseguem acrescentar nada.

A conclusão exprime uma obviedade tão canalha que soa preguiçosa: What Happens Next não parece Gang of Four, e poderia ter sido lançado como “Andy Gill & Friends”.

Entre seus tantos discípulos – desde o Red Hot Chili Peppers, passando por Franz Ferdinand e chegando à atual St. Vincent – há várias obras com mais cara de Gang of Four do que o disco lançado na semana passada. E, se é verdade que “o discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre”, o que sobrou do Gang of Four hoje se encontra humildemente abaixo de seus melhores “pupilos”.

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