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Segundo álbum do quinteto paulista está mais maduro e menos dançante | Marcelo Fontana/Divulgação
Segundo álbum do quinteto paulista está mais maduro e menos dançante| Foto: Marcelo Fontana/Divulgação
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Não é um desatino – embora funcione como exercício prático de globalização – afirmar que Garotas Suecas é a banda brasileira mais conhecida nos Estados Unidos e em boa parte da Europa, dividindo cada requebrada no quadril com Bonde do Rolê e Cansei de Ser Sexy. Os paulistas que abraçaram um soul sessentista irresistível no disco-baile Escaldante Banda (2010), continuam a viagem. Mas agora, com Feras Míticas, pisam no freio, acendem um cigarro e a abrem a janela para apreciar a paisagem.

Produzido pelo britânico Nick Graham-Smith, o segundo álbum do quinteto tem 12 músicas e está menos dançante. E isso não é ruim. "É um sinal de amadurecimento, sim. De que a gente está mais velho, com mais experiência de vida", diz o guitarrista Tomaz Paoliello, doutorando em Relações Internacionais. "Vários saíram da casa dos pais, casaram ou foram morar com amigos. É um período de passagem em vários sentidos", completa o músico, lembrando de seus comparsas Guilherme Saldanha (voz), Irina Bertolucci (teclados), Fernando Freire (baixo e voz) e Antonio Paoliello (bateria e voz).

E não se engane. A banda irreverente que um dia chamou Jacaré (aquele do É o Tchan) para estrelar o clipe da ótima "Banho de Bucha" se utiliza da maturidade para ampliar suas referências e criar, com mais zelo, músicas menos efêmeras – as variações climáticas do single "New Country" são um bom exemplo. "Uma das nossas preocupações para esse disco foi criar camadas, e fazer com que as composições dialoguem com sentimentos diferentes", conta Tomaz. Ao mesmo tempo, as músicas estão mais assertivas (não há um hit óbvio), revelando seu caráter retrô com elegância e sofisticação – ouça "Bucolismo" e tente não flutuar.

Feras Míticas traz participações especiais, como a rapper Lurdez da Luz ("A Nuvem") e o americano Kid Congo Powers ("L.A. Disco"), fundador de bandas como The Cramps e The Gun Club. Há também uma faixa histórica. O quinteto gravou "Charles Chacal" – música inédita dos Titãs escrita por Sérgio Britto censurada pela ditadura – e convidou Paulo Miklos para os vocais. "Vimos os Titãs tocando essa música em uma reprise do programa Fábrica do Som [da TV Cultura] e ficamos loucos porque não conhecíamos, diz Tomaz. "Tocamos para o Nick [produtor]. Ele pirou".

Em português

O primeiro disco da Garotas Suecas foi feito "sob encomenda" pelo selo americano American Dust. Houve boa recepção internacional e paparicos do jornal The New York Times. Nos meses seguintes, a banda conseguiu 30 datas nos EUA e outras na Europa, onde lançou o álbum por um selo espanhol. Um dos grandes trunfos, além da "jovemguardice" revisitada, eram as letras em português.

"Já consultei o pessoal lá fora, e eles sempre dizem para cantarmos em português porque é muito charmoso", conta Tomaz. Feras Míticas, entretanto, tem três canções em inglês – em Escaldante Banda há só uma. Os temas variam da insatisfação urbana ("Manchetes da Solidão") e chegam a uma inocência revigorante ("O Primeiro Dia").

Tomaz também diz que a banda passou a tocar em festivais de "world music" e de MPB, e não só em grandes encontros de rock, como o gigantesco South by Southwest, em Austin, que catapultou as Garotas. Sinal dos tempos. GGG1/2

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