Gerlach relê o personagem Fantasma, de Lee Falk
Diego Gerlach, de 30 anos, elaborou Ano do Bumerangue em João Pessoa (PB), onde viveu por dois anos e meio. O gibi traz um enredo no qual o autor faz uma releitura livre de O Fanstama, de Lee Falk, clássico dos anos 1930.
Ano do Bumerangue é ambientado em um país fictício do continente africano, batizado pelo autor como Bangalla. Mais que isso ele não conta. "Até para despertar no público interessado o desejo de conhecer o meu gibi", diz Gerlach.
Durante a entrevista realizada por telefone, o desenhista ainda disse que Ano do Bumerangue é uma espécie de homenagem. "O clássico de Lee Falk é apenas ponto de partida, porque o meu trabalho inclui pesquisa, muito diálogo com diversos autores. Sou um artista imerso na contemporaneidade", afirma.
Faz apenas um mês e meio que Gerlach está de volta à sua cidade de origem, São Leopoldo (RS). Na Paraíba, ele ganhava a vida dando aulas de inglês. Agora, dedica toda a energia aos desenhos. Ele tem enredos finalizados, alguns já veiculados em revistas independentes e também algum material inédito.
O lançamento Ano do Bumerangue em Curitiba acontece depois de Gerlach ter passado por outras capitais, como Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na Itiban, ele pretende falar sobre o seu processo de pesquisa e criação, além de interagir com o público e com Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa, que vivem em Porto Alegre, "dois artistas que conheço e admiro já faz tempo."
Mitie Taketani, da Itiban, elogia o trabalho de Gerlach. "Ele é um dos destaques da cena independente atual. Entre os mais novos, digo, sem exagero, que o Diego Gerlach é um dos sujeitos que apresenta o desenho mais criativo e interessante", diz Mitie, que acompanha o cenário de quadrinhos e vem promovendo, em sua loja, encontros de quadrinistas com o público com regularidade. (MRS)
Serviço:
Diego Gerlach autografa O Ano do Bumerangue (Independente, R$ 10). Dia 9 às 19 horas. Mediação de Lielson Zeni. Entrada franca.
A Itiban Comic Shop abre espaço amanhã para três gaúchos que se comunicam artisticamente a partir de desenhos inventivos. A partir das 19 horas, Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa vão comentar como aconteceu a adaptação para os quadrinhos de "A Luta", último trecho do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha. Diego Gerlach também participa do evento, para lançar o gibi O Ano do Bumerangue leia mais na matéria abaixo.
Durante 2007, Carlos Ferreira, 40 anos, e Rodrigo Rosa, 38, receberam uma encomenda, do grupo Ediouro, para fazer uma adaptação do clássico de Euclides da Cunha com o objetivo de ser lançado em 2009, no centenário de morte do escritor. O projeto incluiu uma viagem a Nova Canudos, no sertão baiano, onde aconteceram os confrontos do exército brasileiro com os sertanejos que seguiam Antônio Conselheiro.
A viagem foi útil para a dupla. Ferreira, o roteirista, conta que eles conversaram com moradores da região e, em Salvador, tiveram a oportunidade de entrevistar historiadores e especialistas no tema. Rosa, o ilustrador, comenta que seria até possível fazer os desenhos sem viajar, mas o fato de estar em meio ao cenário onde aconteceu a guerra ajudou. "Fotografamos, para captar detalhes, escutamos a fala das pessoas que moram na região. Foi bom para dar textura ao projeto", diz Rosa.
Amanhã, na Itiban, os dois vão contar o que aconteceu antes de finalizarem o livro, produzido em sete meses, em 2008. Ferreira deve ressaltar que essa adaptação é quase uma outra obra, uma vez que o original, Os Sertões, é denso, de linguagem elaborada e inacessível para muitos leitores.
Os Sertões: a Luta acabou saindo apenas no final de 2010, portanto, mais de um ano depois da data prevista. Mas os autores dizem que essa graphic novel não depende de uma data comemorativa para ser lançada. "Afinal, fizemos uma adaptação livre, com uma outra linguagem", diz Ferreira.
Mitie Taketani, proprietária da Itiban, observa que, atualmente, há uma tendência no mercado editorial de viabilizar adaptações de obras literárias para o formato de quadrinhos. Mas, comenta Mitie, grande parte das adaptações não resulta em HQs de qualidade.
O encontro será mediado pelo escritor Lielson Zeni que, na opinião de Mitie, é uma das pessoas mais bem preparados para fazer esse meio de campo entre quadrinistas e o público. "O Lielson, inclusive, já leu Os Sertões. Isso fará toda a diferença", diz Mitie.
Serviço:
Bate-papo e autógrafo com três autores gaúchos. Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845), (41) 3232-5367. Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa autografam Os Sertões: a Luta (Desiderata, R$ 49,90).
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