Morreu nesta segunda-feira (15), em Salvador, aos 78 anos, a poeta baiana Myriam Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado desde sua inauguração, há quase 30 anos.
Ela havia recebido recentemente um diagnóstico de leucemia, mas estava passando por um “tratamento brando” por não ter idade para um transplante, segundo sua filha, Angela Fraga Sá. Myriam estava internada desde o dia 20 de janeiro.
Uma das principais poetas baianas, a escritora foi escolhida por Jorge Amado nos anos 1980 para dirigir a fundação que levaria seu nome, responsável por cuidar de seu acervo.
Recentemente, Myriam foi uma das defensoras da ideia de transformar a Casa do Rio Vermelho, onde Jorge morou com Zélia Gattai, em um centro cultural. Depois de passar por obras, o espaço foi aberto em 2014.
“Myriam Fraga foi a grande poeta da Bahia do século 20. Jorge Amado dizia que não sabia se aquele cargo [de diretora da fundação] fez bem à poesia de Myriam, já que por fim ela acabou tendo responsabilidades administrativas e menos tempo para dedicar a seus versos”, diz a jornalista Josélia Aguiar, que conviveu com Myriam e está escrevendo a biografia do autor baiano.
De acordo com Josélia, Myriam trabalhava em um novo livro de poemas, que tinha o título provisório de “Azul”.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT-BA), lamentou a morte da poeta em seu perfil no Facebook. “A literatura brasileira perde hoje um grande talento”, escreveu.
Myriam Fraga nasceu em 9 de novembro de 1937, em Salvador. Começou sua carreira de escritora no fim da década de 1950, com poemas publicados em jornais e revistas.
Seu primeiro livro foi “Marinha” (1964), lançado pela editora Macunaíma, casa fundada por Glauber Rocha ao lado de José Júlio de Calasans Neto. Publicou ainda obras como “O Risco na Pele” (1979) e “As Purificações ou o Sinal do Talião” (1981), entre outras.