O ator e diretor teatral Claudio Botelho pediu desculpas a Chico Buarque pelo comentário político que inseriu no espetáculo “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos”, baseado nas obras do escritor e compositor.
“Nada do que vier de mim, nenhuma palavra, gesto ou pensamento, poderá jamais servir para desagradá-lo. Ele é o autor, o compositor, e estou trabalhando com sua obra. Desta forma, reconheço sua soberania a respeito de tudo que envolva seu nome e sua criação”, escreveu o encenador em seu perfil no Facebook, nesta terça (22).
A assessoria de imprensa de Chico Buarque afirmou que ele “recebeu e aceitou o pedido de desculpas” de Botelho.
“O simples fato de mencionar qualquer assunto ligado a Chico (citei em entrevistas, equivocadamente, o histórico atentado à peça ‘Roda Viva’ nos anos 1960, que não têm qualquer semelhança com o fato do último sábado; citei episódios de repressão pelos quais ele passou, assuntos que não são de minha alçada e que não têm qualquer ligação com o incidente de sábado passado) é inaceitável. Tinha por obrigação preservar o autor e sua obra, não permitir que nada partindo de mim resvalasse nele.”
Durante a encenação do último domingo (20), em Belo Horizonte, o ator aludiu à presidente Dilma e ao ex-presidente Lula de maneira crítica. A apresentação foi interrompida após vaias de parte da plateia, que gritou “não vai ter golpe” e “Chico”. Os ingressos foram reembolsados.
O “caco” também desagradou a Chico Buarque, historicamente alinhado ao PT. No mesmo dia, o compositor suspendeu a autorização do uso de suas obras pelo ator e diretor para obras futuras.
O personagem de Botelho, dono de uma companhia teatral, critica a população de uma cidade pequena, que não havia ido à apresentação de sua trupe: “Era a noite do último capítulo da novela das oito. Era também a noite em que um ladrão ex-presidente talvez tenha sido preso. Ou uma presidente ladra recebeu o impeachment?”.
O encenador também se desculpou sobre sua fala após a confusão, no camarim, gravada e divulgada na internet.
Segundo o áudio, ele afirmou que aqueles que o vaiaram “são neofascistas, são escrotos, são petistas, são o que há de pior no Brasil”, “gente que peita um ator que está em cena. Um ator que está em cena é um rei, não pode ser peitado. Não pode ser peitado por um negro [ou nêgo, segundo o diretor], por um filho da puta que está na plateia. Eu estava fazendo uma ficção.”
No texto de ontem, desculpa-se com “todos que ouviram aquele Claudio Botelho sem compostura”. No entanto, “nada justifica que invadam minha privacidade, considero a gravação um ato criminoso e a divulgação dela pelas mídias sociais é uma agressão à minha intimidade”.
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