Para Omar Sharif, o futuro e o passado são inúteis. A única coisa que conta para o ator egípcio é o presente.
"Acho que pensar no futuro é algo que serve para os jovens, e pensar no passado é inútil quando se é velho," disse Sharif a jornalistas no festival de cinema de Veneza, onde seu trabalho mais recente, "The Traveler", faz parte da competição principal.
"Na vida eu já apaguei tudo o que se passou", disse ele com a ajuda de um intérprete, mudando de língua a cada pergunta. O tradutor deu a idade de Sharif como sendo 78 anos, embora as biografias online e sua página no MySpace digam que ele tem 77.
"Cada momento é assim para mim hoje, e é assim que deve ser. Para viver bem na minha idade é preciso concentrar sua atenção no momento que é o agora, o momento que você está vivendo, porque você não sabe por quanto tempo ainda poderá viver."
Omar Sharif representa Hassan quando velho no longa-metragem de estreia de Ahmed Maher, "The Traveler" ("El Mosafer"), que acompanha a história do personagem Hassan em três momentos cruciais de sua vida -- primeiro em 1948, depois em 1973 e em 2001.
A história explora o tempo e o passado, enquanto Hassan, já idoso, procura reconectar-se com sua própria história através do jovem Ali, que ele acredita ser seu neto.
Único árabe em Hollywood
Apesar de ter se tornado um grande astro em Hollywood, atuando em clássicos como "Lawrence da Arábia", em 1962, e "Doutor Jivago", três anos mais tarde, Sharif recordou que o início de sua carreira no cinema americano não foi fácil.
Por ser o "único árabe" que trabalhava em Hollywood, disse ele, "eu tinha que tomar muito cuidado com o que fazia."
"Quando fiz 'Lawrence da Arábia', a Columbia Pictures fechou um contrato de cinco anos comigo, mas não me pagou nada", disse.
"Quando fiz 'Doutor Jivago', eles me venderam à MGM por 15 mil dólares. Fiz aquele filme por 15 mil dólares. Meu advogado americano me disse 'processe-os', mas eu falei 'não, deixe para lá'. Eu não queria que me vissem como alguém que só queria dinheiro."
"Eu vivia muito humildemente, com medo, aceitava os filmes que queriam que eu fizesse e até filmes que não queria fazer e não gostava, porque eu tinha medo de dizer 'não'."
Sharif contou que seu casamento com a atriz egípcia Faten Hamama não resistiu às viagens constantes que seu trabalho exigia.
"Desde 1966 nunca vivi com uma mulher. Apenas vivi em hotéis e comi em restaurantes. Minha vida tem sido muito feliz; não estou me queixando."
"Tive algumas aventuras com mulheres, mas não o grande amor. Mas que seja dito que tive um grande amor uma vez, com minha esposa."
Também estreia em Veneza na quinta-feira a comédia "Soul Kitchen", do diretor alemão Fatih Akin, sobre um jovem dono de restaurante em Frankfurt que luta para equilibrar seu trabalho com um relacionamento à distância e um irmão que está preso.
Um problema doloroso nas costas complica seus esforços para salvar sua vida amorosa e afastar seus concorrentes profissionais implacáveis, até ele se submeter a um tratamento doloroso com Kemal, o Esmagador de Ossos.
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